[NBA Finals 2015] Ajustes dos Warriors decidem jogo 4

The GOAT
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5 min readJun 12, 2015
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O Golden State Warriors estava em uma posição complicada antes do jogo 4 das Finais da NBA. A franquia se encontrava sob muita pressão por todos os lados após três partidas em que muitas coisas não funcionaram bem, além do risco de ficar perdendo por a série , revés que nunca foi revertido na história da decisão. Graças a diversos ajustes feitos pelo técnico Steve Kerr e os Warriors conseguiram jogar no seu estilo contra o Cleveland Cavaliers, conseguindo uma vitória elástica por 103 a 82 para empatar a série em 2 a 2.

Quando um time está mal na pós-temporada, mudanças são necessárias. Mesmo que mude até o seu quinteto titular. Kerr não fez cerimônias quanto a isto e resolveu colocar em quadra um quinteto mais baixo, sem Andrew Bogut e com Andre Iguodala. Desta forma, Draymond Green passou a atuar como pivô. A aposta era fazer a equipe correr mais, encontrar mais espaços e conseguir que o ataque funcionasse com maior fluidez. Nos três primeiros minutos de jogo, porém, a estratégia não deu certo. Os Cavs fizeram 7 a 0, dominando os rebotes, e Kerr pediu um tempo. Muitos imaginavam que a estratégia iria mudar nesse ponto. Não aconteceu.

Dali para frente, o jogo baixo dos Warriors começou a clicar. Os cinco jogadores conseguiam movimentar a bola com mais facilidade, já que Bogut, sacado da equipe, é um atleta muito mais focado em defesa e, no ataque, pode se resumir a um criador de screens (bloqueios na movimentação sem bola). Com todo o quinteto capaz de arremessar de qualquer ponto da quadra e com uma movimentação rápida, Golden State passou a confundir os Cavs, que contavam com Timofey Mozgov e Tristan Thompson, mais lentos, para cobrir algumas rotas adversárias. Assim, os espaços começaram a aparecer. Bolas de 3 livres, uma tendência maior de duelos um-a-um entre atacante e defensor, contra-ataques, além de trocas de marcação que geravam duelos vantajosos para o ataque, se multiplicaram no ataque dos Warriors.

Outro ajuste interessante da partida foi a forma como o time lidou com as dobras no armador Stephen Curry. Constantemente, durante a série jogos, os Cavs partem para uma dobra contra Steph em pick n’ rolls. Ele, então, tem que se livrar da bola para um companheiro próximo. Nos três primeiros jogos, raramente algo de bom era criado pelo jogador que recebia essa bola, mesmo que, teoricamente, mais espaços surgissem. Nesta partida, isso mudou. Os que mais receberam esses passes foram Green e Iguodala. Ambos tiveram sucesso nas sequências, devido a rapidez em decidir o que fazer, jogando com confiança. Isso foi uma das mudanças mais significativas feitas por Kerr, tornando até jogadas de manutenção de ataque em potenciais momentos de aceleração ofensiva.

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Draymond fez o seu melhor jogo nas Finais até aqui. Com jogadas espertas no ataque, conseguiu forçar Mozgov a correr pelo garrafão e marcar com mais dificuldade, além de perder o medo em arremessar bolas de 3. Terminou com 17 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 2 roubos de bola. Harrison Barnes foi para partida mais forte após um desastroso jogo 3, se aplicou bastante na defesa (conseguiu até um toco em um fadeaway de LeBron James) e desafogou o time no ataque, sempre bem posicionado, concluindo o jogo com 14 pontos e 8 rebotes.

Stephen Curry teve um jogo discreto em relação aos seus padrões, mas foi muito mais inteligente que nos passados. Rápido em passar as bolas ao sofrer dobras e ajudando na movimentação, inclusive nos contra-ataques, o MVP encerrou a noite com 22 pontos (4–7 nas bolas de 3) e 6 assistências. Mas o grande destaque da partida foi mesmo Iguodala. O jogador mais regular dos Warriors na série seguiu atuando como um monstro defensivo, limitando LeBron a um aproveitamento de 4–14 na partida de hoje. Além disso, foi um dos que mais aproveitou os espaços na defesa dos Cavs, terminando com 22 pontos e 8 rebotes, em sua primeira aparição no quinteto titular na temporada.

Mantendo a conversa no setor que Iggy mais se destaca, ajustes vieram também na defesa. O maior deles foi em como o time lidou com LeBron James, que estava destruindo o universo até então. Kerr resolveu dobrar em cima da estrela sempre que possível, principalmente quando este se aproximava da cesta. Com aproximação não só do ajudante, mas de toda a defesa, o espaço de fuga do adversário estava curto. Os Warriors decidiram viver com o garrafão dos Cavs os ferindo. Mozgov foi o cestinha da partida, com 28 pontos e 10 rebotes. Tristan fez 12 pontos e capturou 13 rebotes. Foram 12 rebotes ofensivos dos dois jogadores somados. LeBron concluiu com 20 pontos em 22 arremessos, 12 rebotes e 8 assistências. Uma grande diferença para a média de 40 pontos que vinha tendo. Matthew Dellavedova, novo queridinho das redes sociais, encerrou com 10 pontos e 3–14 de aproveitamento, além de não conseguir complicar a vida de Curry como antes.

Agora quem tem que fazer ajustes é David Blatt. Não há dúvidas que ele tenha ideias, mas será que possui material humano o suficiente para tal? Um dia a mais de descanso ajudará um pouco na questão de cansaço do núcleo utilizado, com o Jogo 5 ocorrendo no domingo. Porém, os Cavs não conseguem lidar muito bem com times baixos e velozes. JR Smith e Iman Shumpert se fazem cada vez mais necessários, mas continuam a não entregar minutos de qualidade para o treinador. Kerr deve seguir assim, aproveitando o bom momento de Iguodala e David Lee. A única certeza do Jogo 5 é que a Oracle Arena estará pulsante, e LeBron James fará de tudo para retomar o mando de quadra para si.

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