[NBA Finals 2015] Talentos postos à prova em Cavs x Warriors

The GOAT
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8 min readMay 30, 2015
lebron dray

As Finais da NBA reúnem os dois melhores times da NBA. De um lado, o melhor jogador do mundo há anos, LeBron James. Do outro, uma das equipes mais eficientes da história, recheada de talento e uma defesa sufocante, que conta com o Jogador Mais Valioso (MVP) da temporada, Stephen Curry. Não faltam ingredientes para a decisão, que começa na próxima quinta-feira (4), e será disputada por Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers.

O duelo é inédito para a decisão da NBA. Os Warriors retornam às Finais depois de 40 anos de ausência. Ao todo, foram quatro decisões da franquia na associação, com dois títulos conquistados, o último em 1975. Já os Cavs, que nunca foram campeões, retornam às Finais pela primeira vez desde 2007, quando, conduzidos por LeBron, foram varridos pelo San Antonio Spurs. Os dois técnicos são novatos na NBA. Steve Kerr comandou os Warriors em seu primeiro ano na profissão, enquanto David Blatt abandonou a Europa para assumir o cargo vago nos Cavs.

De conferência distintas, as equipes estiveram frente a frente apenas duas vezes na temporada regular. Cada uma venceu a partida que disputou em casa. LeBron James não jogou na derrota dos Warriors e, na partida dentro de casa, anotou 42 pontos para comandar sua equipe rumo a uma vitória por 110 a 99. Ambos os jogos fora feitos após as alterações de meio de temporada dos Cavs, que acabaram com JR Smith, Iman Shumpert e Timofey Mozgov.

Golden State Warriors

Stephen Curry, Klay Thompson, Harrison Barnes, Draymond Green e Andrew Bogut. Técnico: Steve Kerr

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Se pudéssemos apontar um favorito para a grande decisão, este seria o Golden State Warriors. Com a melhor campanha da temporada regular (67 vitórias e 15 derrotas), os Warriors não tiveram piedade de seus adversários nos playoffs. Apesar de placares apertados, os Warriors não tiveram muita dificuldade para eliminar New Orleans Pelicans (4 a 0), Memphis Grizzlies (4 a 2) e Houston Rockets (4 a 1). A equipe sabe fazer valer seu mando de quadra, e só perdeu três vezes na Oracle Arena na temporada, para Chicago Bulls, San Antonio Spurs e Grizzlies (o último foi durante os playoffs).

O grande maestro do Golden State Warriors é o MVP Stephen Curry. O armador teve médias de 29,2 pontos, 6,4 assistências e 4,9 rebotes por jogo na pós-temporada e é o líder da equipe nos momentos mais decisivos. Capaz de engatar em uma sequência de pontuação a qualquer momento do jogo, Curry ajuda a incendiar a Oracle Arena com seus altos aproveitamentos em arremessos de quadra (46,1%, e 43,7% da linha de 3). Ainda assim, Steph sabe o tamanho do desafio que é ter LeBron pela frente. “Ele esteve aqui várias vezes antes, é a quinta final seguida dele. Então temos que trazer nosso melhor jogo, para poder bater um grande time e um grande jogador como ele quatro vezes”, declarou.

Apesar do brilho ficar quase todo com Curry, boa parte do jogo dos Warriors passa pela versatilidade de Draymond Green. O trabalho do ala-pivô dos dois lados da quadra é a diferença entre essa e as outras equipes da NBA. Green tem capacidade de defender desde pivôs enormes como Dwight Howard, até pressionar armadores e alas como James Harden após trocas. Seu esforço é um pilar para a melhor defesa da NBA, que começa tudo para Golden State. Afinal, quanto melhor à defesa, mais rebotes (geralmente longos) gerados, que levam a contra-ataques e ao ritmo frenético com o qual Golden State está acostumado. No ataque, Green tem boa presença no garrafão, mas também pode espaçar o setor com suas bolas de 3. A presença de Green é tão fundamental que com o ala-pivô em quadra os Warriors pontuaram, nesses playoffs, 13,7 pontos a mais que seu adversário a cada 100 posses. Sem Draymond, os Warriors anotaram 11,7 pontos a menos que os oponentes por 100 posses.

Cleveland Cavaliers

Kyrie Irving, JR Smith, LeBron James, Tristan Thompson e Timofey Mozgov. Técnico: David Blatt

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O Cleveland Cavaliers teve uma temporada de altos, baixos e ascensão. Depois da euforia pelos anúncios das contratações de LeBron James e Kevin Love, os Cavs começaram a temporada cambaleantes. Não demorou, porém, para que o time e o técnico David Blatt tomassem jeito. Após um descanso de alguns dias de James, a equipe começou a render aquilo que se esperava dela e, com trocas no meio da temporada, tornou-se o bicho papão que atropelou a conferência Leste. Foram 53 vitórias e 29 derrotas para Cleveland, que voltou aos playoffs desde 2010, último ano de James na franquia antes de seu retorno. Na pós-temporada, passou por cima do Boston Celtics, eliminou um Chicago Bulls prejudicado pela lesão de Pau Gasol e varreu um Atlanta Hawks remendado por contusões.

Terceiro colocado na votação para MVP esta temporada, LeBron James deu sinais de que ainda é o maior craque da liga. O ala parece ter guardado uma boa parte do combustível no tanque para os playoffs e pisou fundo nos últimos jogos, principalmente depois da contusão do ala-pivô Kevin Love. O ala tem acumulado médias de quase um triplo-duplo por partida. Foram 27,6 pontos, 10,4 rebotes e 8,3 assistências, além de 1,8 roubada e 1,3 toco a cada jogo. O único porém de James nos playoffs é o seu pífio aproveitamento da linha de 3. Ele converteu somente 12 de seus 68 arremessos (17,6%) na pós-temporada. James quer passar por cima disso para, ainda assim, dar aos Cavs seu primeiro título na história. “Eu sou um cara que acredita em negócios não terminados. Eu entendi pelo que essas pessoas estavam passando, não só em Cleveland, mas no nordeste de Ohio e ao redor do mundo, que amam e sangram vinho e dourado”, disse, referindo-se aos fãs da franquia.

Sem Love, a responsabilidade de dividir o poder de decisão do Cleveland Cavaliers com LeBron caiu no colo de Kyrie Irving. O armador, que tem um potencial ofensivo absurdo, enfrenta uma lesão e perdeu duas partidas na série contra o Atlanta Hawks. Os Cavs conseguiram vencer as partidas mesmo assim e, quando retornou, Irving mostrou que a lesão no joelho não afetou muito seu desempenho. Pelo menos no ataque. Em seus primeiros playoffs na NBA, Irving tem médias de 18,7 pontos, 3,7 assistências e 3,3 rebotes. A tarefa será bem pior dessa vez. Com um desempenho defensivo questionável, Kyrie terá de marcar um dos melhores armadores da NBA. A esperança dos Cavs é de que, mesmo que não consiga parar Curry, Irving se pague ofensivamente. O tempo dirá.

Os duelos da série

kyrie curry 2

Em um confronto de times recheados de jogadores talentosos, são muitos os duelos que chamam a atenção. A disputa óbvia entre Curry e Irving definirá boa parte da decisão. Apesar de não comprometer muito, Steph terá de se esforçar para que Irving não pague sua fraca defesa com pontos e mais pontos.Curry deve infernizar a vida de Irving, que provavelmente não terá como parar o armador dos Warriors. Os Cavs não têm muita saída. Com Klay Thompson como a segunda maior ameaça dos Warriors, Cleveland não poderá esconder Kyrie na defesa. O cenário só muda se Golden State usar muito Andre Iguodala, que, sem muito jogo de costas para a cesta e tanto chute de fora, pode ser a saída.

E aí entra outra disputa interessantíssima em quadra. LeBron James provavelmente será marcado por Harrison Barnes. O ala talvez não seja a melhor opção para anular James defensivamente, uma vez que seu reserva, Iguodala, é um especialista em defesa de perímetro. Mas as armas que o Falcão Negro traz para o ataque dos Warriors compensam sua defesa menos potente. Com Barnes em quadra, Golden State evita que Kyrie Irving possa ser escondido na marcação e, consequentemente, dá mais liberdade para Curry. Não há muito o que fazer para parar LeBron James, mas o ala deve encontrar mais dificuldades do que contra o Atlanta Hawks. Não somente por conta da lesão de DeMarre Carrol, mas Barnes possui braços mais longos, é mais atlético e James não contará com o tapete vermelho para entrar no garrafão dos Warriors. Mesmo que bata Barnes na velocidade, o ala terá uma pedreira em volta do aro e pode acabar forçado a arremessar de média e longa distância, que é o ideal para marcar LeBron, ainda mais com um aproveitamento tão ruim em chutes de 3.

Ambas as equipes contam com alas-pivôs versáteis e importantes na defesa. Se Draymond Green se tornou a engrenagem essencial para a evolução dos Warriors nesse lado da quadra, Tristan Thompson apresentou grande crescimento durante os playoffs e, ao substituir Kevin Love, aumentou o nível defensivo dos Cavaliers. A agilidade de Thompson e sua movimentação lateral fazem com que o ala-pivô não fique tão prejudicado em trocas e possa marcar alas que espaçam mais a quadra com desenvoltura. O jogador é uma máquina de pegar rebotes, com 10,4 a cada 36 minutos, com cerca de 4,2 deles ofensivos. Green é um incansável marcador, com força e inteligência suficiente para marcar qualquer atleta, como já mencionado. O duelo será crucial para definir quem irá vencer a batalha pelo garrafão, que pode definir a série.

O fator chave

tristan dray

Os principais destaques de Cavs e Warriors estão no perímetro. O duelo que atrai olhares, afinal, é entre o armador Curry e o ala LeBron James. Mas o caminho para as vitórias será construído a partir de quem conseguir se impor mais sobre o garrafão adversário. Todo o jogo de Golden State se inicia a partir da defesa na área pintada, que se transforma rapidamente em ataque nas mãos de Curry e Klay Thompson. É por conta do sistema defensivo que rebotes viram contra-ataques e os Warriors se permitem atuar no ritmo que desejam. Muito por isso, a equipe teve mais dificuldades contra o Memphis Grizzlies, dono de um garrafão pesado e um ritmo lento, pautado pelos ataques em meia quadra. Os Cavs podem até ter material humano para correr (à exceção de Mozgov, todos seus jogadores são bem ágeis), mas preferiu exercer um ritmo mais lento ao longo da temporada, provavelmente por conta da herança europeia de seu técnico. Quem tiver o controle sobre o garrafão e sobre os rebotes, controlará o ritmo da partida, e poderá ditar as regras do jogo. Os Warriors devem buscar acelerar o jogo desde o início. Os Cavs podem optar por continuar em seu esquema mais lento, ou fazer como o Houston Rockets e tentar ser ainda mais rápidos do que Golden State. Mas, precisando jogar no nível mais alto possível, sair de uma situação já conhecida pode ser perigoso demais.

Calendário — (1) Golden State Warriors vs. (2) Cleveland Cavaliers

Jogo 1–04/06, Warriors vs Cavs, às 22h
Jogo 2–07/06, Warriors vs Cavs, às 21h
Jogo 3–09/06, Cavs vs Warriors, às 22h
Jogo 4–11/06, Cavs vs Warriors, às 22h
Jogo 5–14/06, Warriors vs Cavs, às 21h*
Jogo 6–16/06, Cavs vs Warriors, às 22h*
Jogo 7–19/06, Warriors vs Cavs, às 22h*

*se necessário

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