[NBA Finals 2015] Varejão, o coração de uma franquia

Anderson Varejão dificilmente disputará uma partida sequer nas Finais da NBA de 2015 pelo Cleveland Cavaliers. Fora da temporada por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles, o brasileiro provavelmente assistirá o título ser definido entre Cavs e Golden State Warriors da lateral da quadra, vestido em roupas de rua. Sua participação deve se restringir a discursos no vestiário e apoio aos companheiros.

Grande amigo de LeBron James, Varejão é, assim como o ala, um dos dois únicos jogadores que fazem parte desse elenco a estarem presentes na derrota de 2007 para o San Antonio Spurs. A diferença? Varejão acompanhou todo o tortuoso processo de reconstrução dos Cavs, forçado a acontecer quando LeBron deixou Cleveland para correr atrás de anéis em Miami. Depois da derrota em 2007, Anderson se estabeleceu como um dos importantes jogadores de rotação dos Cavaliers. Foi após a saída de James, porém, que Varejão conseguiu um lugar de titular em Cleveland.

Os desolados e praticamente órfãos fãs dos Cavaliers passaram a admirar ainda mais Varejão. O pivô foi uma das figuras mais importantes para segurar a onda da franquia nos momentos mais difíceis após a saída de LeBron. Mesmo impedido por lesões de fazer temporadas regulares em alto nível, Anderson sempre foi a conexão necessária entre os Cavs dos anos de vacas magras e o time que quase chegou à maior glória possível.

Foi ao lado dele que jogadores como Kyrie Irving e Tristan Thompson puderam crescer dentro da fraquia. Sua força de vontade dentro de quadra, a boa relação com os fãs e a maneira como é visto pelo grupo são características extremamente valiosas dentro da NBA. Recentemente, o próprio Thompson creditou seu sucesso nos rebotes ofensivos a conselhos do companheiro. “Eu aprendi com Andy. Ele disse que, para pegar rebotes ofensivos, você precisa bloquear o seu marcador e empurrá-lo para baixo do aro. Isso te dá uma grande chance de acabar com a bola”, declarou.

Citado por LeBron James em sua carta de retorno como “um de meus companheiros de time favorito”, com o qual o ala não poderia esperar para se reencontrar, Varejão tem sido uma força vocal nos playoffs para os Cavaliers. Ativo nas reuniões do elenco, ele passa a experiência necessária para um elenco recheado de talentos que jamais estiveram tão longe na pós-temporada.

A idolatria pelo pivô é tamanha que, na temporada 2012–2013, quando o brasileiro começou acumulando praticamente 15 rebotes por partida, iniciou-se uma campanha para votá-lo entre os titulares do Jogo das Estrelas. Uma nova lesão infelizmente interrompeu sua temporada fantástica e o movimento dos torcedores.

Mesmo contundido há meses, o pivô não foi esquecido nem mesmo dos banners dos Cavs para as finais, figurando ao lado de LeBron e Kevin Love. Apesar de não jogar nos playoffs, há poucos jogadores que representem tanto o tamanho da luta recente dos torcedores do Cleveland Cavaliers. Em sua 11ª temporada, Varejão tem a chance de se imortalizar definitivamente na história da franquia. Ele é o coração dos Cavaliers. A força de vontade de quem não abandonou o clube quando ninguém mais parecia apostar nos Cavs. A coragem de quem sempre acreditou que dias melhores viriam.