[NBA Playoffs 2015] A guerra de MVPs entre Warriors e Rockets

The GOAT
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7 min readMay 19, 2015
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Ao final da temporada regular, uma grande discussão tomou conta dos fãs da NBA. Quem foi o Jogador Mais Valioso (MVP)? Stephen Curry, do Golden State Warriors, ou James Harden, do Houston Rockets? Ambos foram brilhantes, decisivos e levaram seus times ao sucesso em mais uma temporada complicada na Conferência Oeste. Curry conduziu os Warriors à melhor temporada da história franquia. Harden liderou os Rockets à segunda colocação da conferência na reta final da temporada. O prêmio, no fim das contas, ficou com Curry. Mas o tira-teima de verdade acontecerá agora, nos playoffs, na final da Conferência Oeste.

As equipes se encontraram quatro vezes na temporada regular, e foram 4 vitórias do Golden State Warriors. Além disso, a diferença entre as duas equipes foi de 15,3 pontos por jogo. Stephen Curry gostou dos jogos, com um aproveitamento de 58% dos seus arremessos de quadra e 62% dos seus arremessos de três. Em dois desses duelos, incluindo o terceiro deles que os Warriors esmagaram os Rockets por 131 a 106, Houston contou com Patrick Beverley, armador e bom defensor, que deverá fazer ainda mais falta nesta série.

Golden State Warriors

Stephen Curry, Klay Thompson, Draymond Green, Harrison Barnes e Andrew Bogut. Técnico: Steve Kerr

Os Warriors encontraram alguma dificuldade durante a série de semi-final contra o Memphis Grizzlies. Nos jogos 2 e 3, a equipe foi engolida por Mike Conley e o plano de jogo adversário, que envolvia diminuir o ritmo de jogo e buscar situações com Zach Randolph e Marc Gasol. Com ambos os casos funcionando, todo o resto falava por si. Os Grizzlies criavam e achavam espaços, além de travar o jogo de perímetro com eficácia. O abatimento não foi o suficiente para derrubar os comandados de Steve Kerr, que aplicou alguns ajustes decisivos e apresentou uma equipe com uma mentalidade completamente diferente do jogo 4 em diante. Principalmente Curry, que superou diversas dificuldades que encontrara. A equipe atropelou Memphis nos últimos três jogos e fechou a série em 4 a 2.

No últimos três jogos da série, Stephen Curry converteu 18 de 35 bolas de três tentadas. Bateu um recorde da NBA, com maior número de cestas de trás da linha em uma série melhor de 7 (26). Ele ainda se tornou o mais rápido a converter 100 bolas de três na história dos playoffs. Deixando o MVP de lado um pouco, vale também lembrar a imensa reação de todo o restante da equipe. Defensivamente, o time atuou com maestria e cumpriu todos os ajustes de Kerr. Lembrou a todos os motivos pelos quais foi a melhor defesa da liga durante a temporada regular. Teve velocidade para cobrir bloqueios, lançou mão de ajudas rápidas e espertas e dobras que realmente deixam o adversário perdido. Fundamentos básicos, mas que, quando feitos corretamente, ampliam fortemente a conexão entre os defensores. Com isso, o time começou a criar mais em transição. E, assim, teve mais espaços, forçando os adversários a correr mais, gerando uma movimentação de bola menos difícil de aplicar e arremessos livres com mais frequência.

Os Warriors chegam às finais da Conferência Oeste pela primeira vez desde 1976. Isso não apaga o imenso favoritismo que carregam desde o início da competição. As expectativas criadas em cima desse time estão se justificando. Os Warriors já atravessaram uma adversidade em conjunto e deram a volta por cima ao seu estilo: destruindo.

Houston Rockets

Jason Terry, James Harden, Trevor Ariza, Josh Smith, Dwight Howard. Técnico: Kevin McHale

Dwight-Howard

O Houston Rockets viveu um turbilhão de sentimentos díspares na série contra o Los Angeles Clippers. O time foi de desespero, tristeza e conformidade para felicidade, superação e um oceano de “EU ACREDITO”. A equipe foi apenas a nona da história da NBA a virar uma série após perder por 3 a 1. E a chave de tudo isso foi a virada espetacular no quarto período do jogo 6, em que perdia por 19 pontos. Houston fez 40 a 15 no quarto e roubou o jogo em Los Angeles. Depois, fechou a série com tranquilidade no Texas, contra um Clippers completamente abalado emocionalmente e com fraca produção de vários de seus jogadores.

Dwight Howard, Josh Smith e Kevin McHale foram brilhantes no Jogo 6. McHale teve audácia de sentar James Harden no momento de crescimento da equipe. Josh Smith fez chover e Howard travou praticamente todas as ameaças que se aproximavam do garrafão. Corey Brewer continua indispensável para a equipe, trazendo uma energia absurda do banco e uma qualidade boa em seus arremessos. Terrence Jones cresceu bastante na reta final da série, criando oportunidades em qualquer lugar da quadra. Harden fez um jogo sólido na partida que fechou a série, mas ainda deve uma exibição realmente de gala. As apostas são para que ela aconteça agora.

Todos em Houston estão confiantes. Após uma grande dificuldade ser superada de maneira improvável, um adversário ainda mais complicado vem aí. Para vencer, precisará que Harden seja agressivo em todos os momentos da série, sem direito a apagões. Howard terá de ficar em quadra o máximo possível. A execução do time precisa ser quase perfeita. Afinal, vão lidar com a equipe mais forte da liga.

Os duelos da série

klay_harden

Um dos confrontos mais importantes dessa série será o embate entre Klay Thompson e James Harden. Na série contra os Grizzlies, a produtividade de Mike Conley despencou quando passou a ser marcado por Klay. O ala-armador á um defensor muito sólido, tem altura, alcance e velocidade para bater de frente com Harden, o ala-armador mais talentoso da liga. Klay tem as armas necessárias para marcar muito bem Harden e não se envolver em muitas faltas. Thompson segurou Harden para 40,5% de aproveitamento nos arremessos de quadra e 24,1% de aproveitamento nos arremessos de 3 durante a temporada regular. Fora o seu potencial na defesa, Klay é uma máquina ofensiva e pode fazer Harden sofrer bastante. O barbudo ainda demonstra alguns lapsos quando marca sem a bola, e com o uso intenso de bloqueios dos Warriors, o barbudo pode acabar cansando mais do que deveria ao perseguir Thompson, que pode se aproveitar bastante dessa situação.

Os Rockets, por sua vez, apostam suas fichas em Trevor Ariza na defesa do perímetro. Contra os Clippers, Ariza foi o responsável por defender Chris Paul. Em determinados momentos, também teve que defender Blake Griffin e não se rendeu. O mesmo deve acontecer nessa série. Trevor provavelmente marcará Stephen Curry e usará o alcance de seu corpo ao seu favor. Seus atributos físicos fazem com o que o ala se livre de bloqueios e chegue bem mais inteiro na marcação. Além da defesa, Ariza precisa ser letal no ataque. Quando surgir a chance, ele tem que converter o arremesso. Os Rockets não podem viver com o risco de ter um jogador que está ali puramente para defender em uma série em que as pontuações serão provavelmente altas. Tony Allen mostrou c porquê. Com uma opção a menos ofensivamente, o jogo fica mais congestionado no seu interior e a transição pode abrir para os Warriors.

Uma das preocupações é Jason Terry. O jogador atua como armador principal da equipe, apesar de jogar pouco com a bola na mão (na prática, quem segura a bola para a criação de jogadas é James Harden). O veterano tem funcionado na posição, mas o grande porém nesta série contra os Warriors é como escondê-lo defensivamente. Terry não conseguiria segurar Draymond Green quando sobrasse na marcação do ala-pivô, que tem a capacidade de levar a bola para o garrafão ou ferir no perímetro. Para continuar em quadra, terá que se pagar bastante ofensivamente. Uma alternativa é usar Josh Smith na posição 3, semelhante a como ele atuava em Detroit. Uma aposta arriscada, já que Josh pode ir da água pro vinho e do vinho pra lama rapidamente em seus arremessos.

Fator chave

Os Rockets podem tentar reduzir a velocidade de jogo dos Warriors, já que eles devem vir para essa série na esperança de correr bem mais livremente depois de uma série truncada contra os Grizzlies. Se Houston quebrar um pouco essa expectativa, pode causar um pouco de ansiedade nos Warriors e agir antes dos ajustes. Os Warriors lideram os Playoffs com 21,8% dos seus pontos advindos de contra-ataques. O ritmo de jogo puxado e a defesa veloz, com mãos atrapalhando passes para todos os lados, geram essas oportunidades, principalmente com uma equipe que domina tão bem o passe.

Os Warriors, quando atacam, têm um espaçamento de quadra ímpar. Apenas Bogut funciona realmente como um pivô, já que Harrison Barnes também abre para o canto da quadra, graças ao seu bom arremesso. Porém, a equipe pode ferir com infiltrações. É um ataque veloz, que consegue se adaptar as situações que surgem com qualidade. Dwight Howard e Josh precisam fazer um trabalho poderoso para criar temor nos alas de Golden State e fazer com que eles evitem as infiltrações. Dwight, porém, precisa ter cuidado com seus problemas constantes de faltas.

Essa talvez seja a primeira boa defesa que Houston enfrenta nos playoffs. Os Mavs não conseguiam defender. Os Clippers não tinham a profundidade de elenco necessária para ser uma defesa constante, forçando seus titulares a ficar mais tempo em quadra e, consequentemente, cansar mais cedo. Os Warriors têm essa profundidade no elenco, além de um esquema defensivo forte. Há muito talento no ataque dos Rockets e quase todos podem entrar numa sequência e pegar fogo. Ver os Warriors lidando com isso será interessante.

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