[NBA Playoffs 2015] Hawks x Cavs, um duelo sem favoritos

The GOAT
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6 min readMay 19, 2015
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Não é como se algum dos times das finais da Conferência Leste tenham cara de imbatíveis. Muito pelo contrário, o Atlanta Hawks e o Cleveland Cavaliers parecem muito vulneráveis. Mas essa é a série esperada desde que os Hawks venceram 33 de 35 partidas após o Dia de Ação de Graças e os Cavs contrataram LeBron James e Kevin Love.

Atlanta encontrou o Brooklyn Nets e o Washington Wizards em seu caminho. Quando os Hawks acharam seu jogo, tiveram facilidade nos playoffs, mas esses momentos foram escassos. Na maior parte do tempo, o time lutou contra suas tendências, e o ataque precisa voltar ao estilo da temporada regular. Os Cavs, por outro lado, dependem muito das jogadas individuais, com um estilo completamente diferente dos Hawks. O time, que deveria ser construído lentamente, foi jogado na figueira com as novas adições. E David Blatt ainda não encontrou a melhor maneira de jogar.

Foram quatro partidas entre Hawks e Cavs na temporada regular. Os Hawks venceram três delas, duas em Atlanta e uma em Cleveland. Atlanta, aliás, foi o único time a bater os Cavs três vezes no ano. O time titular dos Hawks não atuou junto apenas na quarta partida, enquanto o quinteto titular atual dos Cavs não jogou nenhuma vez contra os Hawks.

Atlanta teve um eFG* de 57,6%, o melhor de qualquer equipe contra Cleveland. Se o ataque dos Hawks for bem, os Cavs devolveram na mesma moeda. O time de Cleveland teve o melhor eFG de qualquer equipe do Leste contra os Hawks, 54,9%.

*estatística que mede eficiência em arremessos de quadra de acordo com valor das cestas

Atlanta Hawks

Jeff Teague, Kyle Korver, DeMarre Carroll, Paul Millsap, Al Horford. Técnico: Mike Budenholzer

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A regressão dos Hawks da linha dos 3 pontos é claro. Mas, uma hora, a bola deve começar a cair. E, com ela, a movimentação de bola da equipe voltará a ter mais impacto na defesa adversária. Correr atrás para cobrir espaços na linha de 3 deixará o garrafão vulnerável. E, como vimos contra os Wizards, não são apenas Al Horford e Paul Millsap que preocupam na área pintada.

DeMarre Carroll, responsável por duas bandejas que garantiram a série para os Hawks, mostrou que a pontuação no garrafão se estende além da dupla. Carroll apareceu como a arma estável dos Hawks nestes playoffs. Enquanto Kyle Korver luta contra seus arremessos e Millsap acabou resfriado, prejudicando seu desempenho, Carroll foi uma constante na defesa e no ataque.

Defendendo, os Hawks foram até melhores do que durante a temporada regular. Incrível ver uma série, como a contra os Wizards, em que Korver é mais eficiente defensivamente do que ofensivamente. Apesar da segunda melhor defesa dos playoffs, os Hawks têm dificuldades em defender as ISOs e Cleveland foi o time que mais isolou seus jogadores na pós-temporada.

Para vencer, Atlante deverá recuperar os arremessos de 3 pontos, principalmente de Korver. Para ser justo, Korver ainda tem um bom aproveitamento, em torno de 35%, e, fosse qualquer outro jogador, não se falaria nisso. Mas ele tem errado arremessos livres. Arremessos que, na temporada regular, eram 3 pontos automáticos para sua equipe. Caso encontre seu chute, Korver abre todo o ataque dos Hawks e evita que os Cavs escondam o lesionado Kyrie Irving nele.

Um ponto forte dos Hawks poderá ser o arremesso de meia distância de Horford e Millsap. Com isso, os jogadores de garrafão de Atlanta têm a capacidade de tirar Timofey Mozgov e Tristan Thompson de perto do aro. Caso Irving marque Jeff Teague, o armador terá carta branca para atacar a cesta.

Cleveland Cavaliers

Kyrie Irving, Iman Shumpert, LeBron James, Tristan Thompson, Timofey Mozgov. Técnico: David Blatt

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Apesar de toda a qualidade coletiva dos Hawks, os Cavs apresentam a maior arma do basquetebol atual: LeBron James. O melhor jogador da série (sim, ele também é o melhor jogador do mundo, mas não discutiremos isso no momento) ainda tem muito peso nos playoffs. Muitas vezes, o time com o melhor jogador é o favorito. No caso das Finais do Leste, James, no mínimo, equilibra as coisas.

Sem Kevin Love e com Irving lesionado, o treinador David Blatt deve jogar mais responsabilidade ainda no colo de James. O ataque dos Cavs já é pesado nas jogadas indivudais. Não é a toa que LeBron lidera a pós-temporada com 102 posses em isolamento e Irving é o sexto. Um contraste imenso quando comparados ao coletivo dos Hawks.

Se a defesa de Atlanta sofre com ISOs, a dos Cavs se dá bem contra jogadores vindos de corta-luzes. Mas se Atlanta conseguir penetrar e encontrar Korver, Millsap ou Carroll livres para o spot up, as coisas mudam. Cleveland tem extremas dificuldades quando a defesa tem que correr atrás de um jogador que já está esperando o passe para o arremesso.

E é exatamente aí que entra esconder Irving. Com dores no joelho e tornozelo, Irving deve seguir sem explosão — pelo menos não toda a que esperamos dele. Uma opção de Blatt é escondê-lo em Korver. O grande problema é que, mais alto, Korver pode não ter dificuldades para arremessar por cima de Kyrie. E o armador dos Cavs correrá por entre Horford e Millsap, que fazem os bloqueios para Korver.

Mozgov pode não ser tão eficiente como foi nas outras séries, mas ainda terá importância, caso consiga ficar em quadra. Sua altura pode ser uma arma nos rebotes ofensivos. Defensivamente, ele não ficará tão parado perto da cesta, já que Horford não é um pivô tradicional.

Os duelos da série

As Finais do Leste serão um confronto de filosofias. O coletivo contra o individual. A bola sendo movida por toda a quadra contra o 1 x 1. Um treinador que aprendeu com os melhores contra um que chegou da Europa para um projeto diferente e foi jogado em um time que tem a obrigação de disputar o título.

Atlanta tentará recuperar seus chutes de 3 pontos. Enquanto Korver fica com essa responsabilidade, o resto do time ataca de todas as maneiras. Teague, se marcado por Irving, vai ter que atacar o aro constantemente. Irving já não é um grande defensor e, lesionado, não deve ser páreo para Teague. Cabe à dupla de garrafão tirar a proteção de aro para abrir caminho para Teague.

Caso Mozgov ou Thompson resolvam proteger o aro, Horford e Millsap são mais do que capazes de machucar os Cavs de longa e média distância. Millsap tem qualidade suficiente para preocupar os Cavs de fora, e Horford é um exímio arremessador de média distância.

Carroll deverá marcar James, o que vai diminuir seu impacto ofensivo. Mas ele mostrou que tem qualidade de dentro e de fora. Quando Teague infiltra e chama a marcação, Carroll corre sem medo para a cesta, aparecendo como opção de passe.

JR Smith e Iman Shumpert serão importantes para os Cavs. A dupla precisa encontrar a consistência para ajudar sua equipe. Infelizmente, eles não são conhecidos por isso. Shumpert, pelo menos, poderá providenciar algum descanso para Irving na defesa. Smith é Smith, dono de uma irregularidade só dele.

Fator chave

Korver

Os arremessos de fora dos Hawks definirão boa parte da série. Caso Atlanta volte a converter de 3 com consistência, a coisa ficará feia para a defesa dos Cavs. O time não terá opção para esconder Irving, a proteção do aro sairá do garrafão, a bola vai ser movimentada com mais vigor e segurança, e adeus.

Se o arremesso seguir inconsistente, as coisas mudam. Talvez Atlanta resolva atacar o aro mais. Aí Mozgov e Thompson serão mais efetivos na defesa, o perímetro não correrá tanto para fechar espaços e a energia que não for gasta correndo atrás de Korver pode ser aplicada no ataque.

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