NBA reage à eleição de Donald Trump

The GOAT
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3 min readNov 12, 2016
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Eu acho estranho demais alguém racista, xenófobo, enfim, preconceituoso ser fã da NBA. Não, não, não acho estranho ser fã de basquetebol, mas da NBA, especificamente, é. Ora, a liga de basquetebol é a mais progressista dos Estados Unidos quando se fala em problemas sociais. Seja a NBA ou seus jogadores, ela sempre lidera as grandes ligas americanas na hora de lutar por direitos sociais.

Não está sendo diferente agora que Donald Trump foi eleito como novo presidente do país. Antes de mais nada, precisa ficar claro que Trump não faz parte de uma luta entre a esquerda e direita. A luta contra o Laranjão é entre pessoas decentes contra pessoas que apoiam alguém que foi eleito com uma plataforma altamente preconceituosa. Trump não é Democrata nem Republicano, ele é time Trump, somente.

Trump chamou negros de preguiçosos e assassinos, muçulmanos de terroristas, latinos de traficantes e estupradores. Ele não acredita no aquecimento global, cara! Sabe como isso é um absurdo em 2016? Desde que Trump foi eleito, minorias sofrem ataques constantes. Ele deu coragem para que os preconceituosos saíssem do armário e tomassem as ruas. Olha o absurdo, cada palavra na frase anterior é um link individual contando uma história de alguém que sofreu com um eleitor de Trump. E é só a ponta do iceberg.

Logo após Trump ser eleito, Jalen Rose usou Tom Brady, que apoiou Trump, como exemplo e afirmou que devemos ver jogadores da NBA se recusando a ir na Casa Branca após títulos. “Ao contrário de Tom Brady, que quando seu time venceu o campeonato, se recusou ir até a Casa Branca, alegando conflito de agendas quando Barack Obama estava no poder. O que veremos nos esportes profissionais serão jogadores , marque minhas palavras, declinando a oportunidade de ir até a Casa Branca durante sua presidência”.

LeBron James já avisou que não sabe se vai ou não, caso vença mais um título. O ala do Cleveland Cavaliers, no entanto, falou em tom de quem deve escolher ficar em casa em vez de conhecer Trump. “Não sei”, disse. “Vamos cruzar a ponte quando ela chegar. Adoraria ter a chance de ter que cruzar essa ponte”.

Carmelo Anthony, que liderou jogadores da NBA na hora de usar suas vozes para defender minorias, também sentiu o baque. Além de falar que sentiu o medo de seu filho quando conversou sobre como um homem preconceituoso chegou na presidência, ele disse não estar surpreso. “Honestamente, não estou surpreso”, disse à Ian Begley. “Da maneira que as coisas estão hoje em dia no país, as pessoas votando, educadas ou não. Não me surpreendeu nem um pouco”.

Os treinadores também comentaram. Gregg Popovich afirmou estar enojado que todo o país ignorou o discurso xenófobo, racista, homofóbico e misoginista de Trump para elegê-lo. Stan Van Gundy teve um discurso de 6 minutos onde falou que “não podemos negar que esse cara é abertamente racista e misoginista”. Steve Kerr também não ficou quieto.

Mas, o que me levou a escrever tudo isso, foi o que li no SBNation. Joel Embiid, o fenômeno do Philadelphia 76ers, comentou como os EUA pareciam um paraíso quando ele crescia nos Camarões. Mas, vendo a eleição de Trump e como ele agiu e falou sobre racismo e mulheres, Embiid sentiu como o racismo ainda existe. E, o primeiro comentário é literalmente alguém mandando ele voltar para a África.

Isso não é sobre esquerda contra direita. Isso é sobre ver o mundo pulando fundo no mar do preconceito, intolerância e cada um por si e não conseguir ficar quieto com tudo isso. Sim, Trump está nos EUA, mas o sentimento de quem elegeu alguém preconceituoso como ele está bem vivo ao seu lado. E, cada vez que ficamos quietos quando vemos alguém falando “volta pra África”, ou “tem que matar esses viados todos”, ou “lugar de mulher é na cozinha”, entre outros, damos força para o preconceito.

Hora das pessoas decentes lutarem contra o que o mundo está se tornando.

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