Nenê, ode ao quase-herói

The GOAT
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2 min readAug 14, 2016
NENE ARGENTINA

É das coisas mais óbvias, depois de uma disputada partida de basquete, falar que ela foi decidida em detalhes. Após um Brasil e Argentina definido com duas prorrogações e quatro pontos de diferença, então, o chavão está mais do que liberado.

Essa foto acima, por exemplo, por detalhes, não se tornou a imagem de uma redenção. Nenê, principal alvo de críticas dessa geração do basquete brasileiro, enterrando na cara de Scola, o fantasma que nos assombrou nos últimos 10, 15 anos. Mais do que isso, ela representaria a vitória responsável por trazer de volta o orgulho ao nosso basquete. Em uma das mais memoráveis partidas da história do basquete olímpico, o Brasil teve a chance de derrubar a Argentina. De ganhar força na competição, criar um elo fundado na vitória com seu povo. Agora, estaríamos nos debulhando em clichês, com vídeos motivacionais, efeitos de câmera lenta e música emocionante. Mas nossa Seleção jogou fora.

Por detalhes, Nenê e o Brasil não conseguiram sua consagração. 24 pontos, 11 rebotes, duas assistências, duas roubadas, a marcação em Scola, a enterrada icônica, a conexão com a torcida. Seria um marco importante na história de um jogador injustiçado. Em quatro anos, ele foi de vaiado a ovacionado de pé dentro de casa. Hoje, Nenê teve a chance de se eternizar na história da nossa Seleção como o personagem de uma redenção.

Não só pessoal, como de toda uma comunidade esportiva, que ansiava por um momento olímpico do tamanho da nossa paixão. Depois de ausências na competição, derrotas doídas e outros vexames. Mas por detalhes, todo esse esforço pode ter se tornado uma sombra. No país em que o campeão é motivo de orgulho e o resto vira chacota, tudo isso pode se transformar na história de uma quase-glória de um quase-herói. Afinal, Nenê carrega em sua história de vida toda a superação que marca os últimos e terá de marcar os próximos anos da Seleção Brasileira, mas não saiu de quadra com a vitória.

Ainda assim, perdoem quem, um dia, ousou duvidar do quanto Nenê pertence a esse país. Perdoem quem jamais acreditou e agora aparece para apontar dedos para cada atleta da Seleção. Que se danem os detalhes, não vamos jogar Nenê fora por uma bola que ficou no aro. Ele é mais um de nossos heróis. Sempre foi. E não há placar final que mude isso.

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