O adeus de um amável persistente, Phil ‘Flip’ Saunders

The GOAT
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6 min readOct 25, 2015
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Neste dia 25 de outubro de 2015, a organização do Minnesota Timberwolves soltou uma bomba em um pronunciamento oficial via redes sociais: Flip Saunders não resistiu a um câncer no linfoma e faleceu, aos 60 anos. Mesmo com suas raízes também instaladas em Detroit e em Washington, onde liderou duas franquias da NBA, será realmente em Minnesota em que toda a comunidade sentirá ainda mais a perda de Flip. Ele era presidente de operações de basquete dos Wolves, além de ter assumido o cargo de treinador após a saída de Rick Aldeman em Junho de 2014.

Flip é uma das figuras mais conhecidas e admiradas de toda a liga. Respeitado por jogadores e executivos e amado por fãs, ele construiu grandes laços em todos os locais onde trabalhou, seja no início de sua carreira, no basquete universitário, quanto em suas 17 temporadas como treinador da NBA. Durante toda sua carreira, somou mais de 1000 vitórias em suas 35 anos de trabalho. Na NBA, foram 654 triunfos, principalmente sob o comando de brilhantes esquadrões dos Timberwolves e dos Pistons.

A construção do nome

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Saunders começou a sua carreira em 1977 no Golden Valley Lutheran College, uma instituição estabelecida em Golden Valley, Minnesota. Lá, conquistou um incrível recorde de 92 vitórias em 105 jogos ao longo de quatro temporadas, incluindo triunfos em todos os 56 jogos em casa. Em 1981, virou assistente na University of Minnesota e cinco temporadas depois virou assistente na University of Tulsa.

Em 88, virou técnico do Rapid City Thrillers, da CBA, onde Eric Musselman, ex-técnico do Sacramento Kings e do Golden State Warriors, era o GM. Seu pai, Bill Musselman, foi a figura que o levou Flip para ser seu assistente na University of Minnesota, em que era técnico. Uma temporada depois, Flip foi para o La Crosse Catbirds, em que passou 5 temporadas e conquistou dois campeonatos da CBA. Neste meio tempo, também atuou como GM e presidente do time dos Catbirds. Na temporada de 1994–95 foi para o Sioux Falls Skyforce, seu último trabalho na liga.

Seu desempenho na CBA foi definitivo para sua entrada na NBA. Com dois títulos, mais de 30 vitórias em todas as temporadas, duas vezes vencedor do prêmio de Técnico do Ano (1989 e 1992) e 23 comandados que foram para a NBA, o caminho estava traçado. Atualmente, ele está em segundo no ranking de vitórias da CBA, com 253 em sua carreira.

Tutelando Kevin Garnett

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Em Maio de 1995 o Minnesota Timberwolves contratou Flip Saunders para auxiliar Kevin McHale no cargo de GM. Meses depois, em dezembro, ele foi nomeado técnico, após um desastroso começo de 6 vitórias e 14 derrotas de Bill Blair. No restante da temporada, sob o comando de Flip, os Wolves não melhoraram muito em seu recorde, conquistando apenas 20 vitórias e 46 derrotas. No entanto, era notável o crescimento de um rapaz alto, magro e que veio direto do High School: Kevin Garnett.

Foi tutelando Garnett que Flip começou a ganhar destaque e respeito na NBA. Com dificuldades, a dupla conseguiu levar os Wolves para sua primeira participação nos playoffs na temporada seguinte. Um ano depois, os Wolves conseguiram terminar o ano pela primeira vez com mais vitórias do que derrotas. Na temporada de 1999–00, assim como em 2001–02, tiveram campanhas de 50 vitórias.

Em 2003–04, os Wolves conseguiram a sua melhora participação nos playoffs na sua história, indo até as Finais da Conferência Oeste, mas acabaram eliminados pelo Los Angeles Lakers. Na temporada seguinte, nada funcionou e o time falhou em ir para os playoffs após nove anos segundos. Flip Saunders foi demitido.

Com um estilo de jogo ofensivo e que casava perfeitamente com sua estrela, Flip conseguiu alcançar coisas que poucos fãs dos Wolves sonhavam conquistar. Em suas 10 temporadas de parceria com Garnett, deu liberdade para que ele fosse ofensivo, transformando o ala numa máquina de produzir pontos e rebotes. Foram 7 temporadas com médias acima de 20 pontos e 10 rebotes por jogo. Flip apareceu na hora perfeita na vida de Garnett e o ajudou a se tornar em um dos jogadores mais importantes e intrigantes da liga.

Solidez em Detroit e reconstruções em Washington

Em julho de 2005, Saunders chegou ao Detroit Pistons com a grande responsabilidade de cuidar de um time que era comandado por Larry Brown e vinha de duas jornadas seguidas às Finais da NBA, com um título. Sob suas rédeas, os Pistons conquistaram um novo recorde da franquia, com 64 vitórias e 18 derrotas. Em 2006, Flip foi selecionado para ser o técnico da equipe do Leste no All-Star Game em Houston. Em suas três temporadas em Detroit, Flip levou a talentosa equipe a três finais de conferência. Após a derrota contra os Celtics na Final de Conferência de 2008, ele foi demitido.

Antes da temporada 2009–10, Saunders chegou ao Washington Wizards para auxiliar no processo de reconstrução da franquia. Foi ele quem John Wall em seu começo de carreira e, embora não tenha feito uma dupla tão brilhante como foi a sua com Garnett, conseguiu já colocar Wall nos holofotes de forma positiva em três temporadas.

O bom filho a casa torna

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Como o casamento com os Wizards não durou muito, Flip retornou aos Timberwolves no começo da temporada 2013–2014, assumindo o cargo de presidente do time e dono minoritário. Ele tentou segurar o técnico Rick Adelman em seu cargo até onde pôde, mas o experiente técnico nunca conseguiu corresponder às expectativas. Restou ao próprio Saunders, em junho de 2014, assumir o cargo de técnico da equipe.

Sua segunda passagem marcou também a volta de Kevin Garnett à franquia. Assim como nos velhos tempos, para passar experiência a uma equipe em reconstrução. Foi Saunders também quem esteve ligado no processo da saída de Kevin Love, trazendo Andrew Wiggins na troca. Saunders ainda foi responsável pela construção de uma nova estrutura de treinos da franquia e da renovação do Target Center.

Infelizmente, em agosto de 2015, Flip declarou que estava se afastando temporariamente de seus cargos devido ao tratamento do Linfoma de Hodgkin, um câncer que ataca a produção das células responsáveis pela imunidade e pro vasos que conduzem estas células pelo corpo todo. O diagnóstico dos médicos era que seria “muito tratável e curável”. Infelizmente, não foi.

O legado e as condolências

Não foram poucos os que dirigiram palavras de carinho sobre Flip Saunders após a confirmação de seu falecimento. Diversos jogadores, técnicos, funcionários e pessoas que trabalharam com Flip mostraram seus sentimentos via redes sociais ou entrevistas.

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Outro que falou com muito carinho sobre Flip foi o agora técnico do Chicago Bulls, Fred Hoiberg, que jogou sob o comando de Saunders nos Timberwolves de 2003 a 2005. “Flip teve um grande papel em minha vida. De todos os pontos, desde me trazer para liga e me dar a chance de entender muito da filosofia que ele tinha. Ele era um grande mentor, um grande líder… uma pessoa muito especial.”

“Você estava voltando para casa em um avião, ganhando ou perdendo, Flip estava sempre otimista. Conversava com você, voltava para ver como você estava se sentindo, principalmente nos momentos difíceis. Ele era uma figura paterna, um indivíduo que se importava bastante. É simplesmente horrível como tudo isso aconteceu com as complicações de seus câncer. É um dia muito, muito triste. Ele fará muita falta.”, continuou Hoiberg.

Respeitado e amado por todo o meio do basquete, nota-se a importância de Flip no esporte. Uma figura de grande importância na comunidade esportiva de Minnesota e um habitante carismático no coração de diversos fãs da NBA. Flip fará falta. Descanse em paz.

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