O calcanhar de Aquiles do Golden State Warriors
Química é algo frágil e subvalorizado no mundo esportivo. Um time com uma boa química costuma jogar como um só organismo. E em um time de basquete, ela pode desaparecer rapidamente. Uma briga que foi longe demais, lesões ou uma troca. Para um campeão, os cinco dedos precisam formar um punho devastador — sim, estou vendo muitos filmes de kung-fu. Talvez isso explique porque na derrota para o San Antonio Spurs, e até na vitória sobre o New Orleans Pelicans, a defesa do Golden State Warriors tenha mostrado tantos problemas sem Andrew Bogut, pivô que foi trocado para a chegada de Kevin Durant.
O time melhorou com KD. Isso é inegável. Certamente, com a qualidade do elenco, os Warriors encontrarão um ritmo mais cedo ou mais tarde. Mas, ao contrário do que muitos diziam, o calcanhar de Aquiles da equipe favorita ao título pode gerar problemas sérios no futuro.
Zaza Pachulia, o substituto, é um bom jogador, mas não é tão bom quanto Bogut. Os Spurs, com toda experiência de seus jogadores, explorou as deficiências do novo pivô da equipe californiana. Tony Parker e Pau Gasol — como é estranho falar de Gasol como um Spur — colocaram Pachulia em constantes pick and rolls. Estou falando de um atrás do outro. Sempre com bons resultados.
Pachulia falhou em cortar espaços de Parker e em retornar para Gasol. O pivô esqueceu de se comunicar com companheiros, evitando que trocas corretas acontecessem, gerando cestas fáceis. E, quando foi hora de fazer o box out, esqueceu.
Quando os Warriors usaram o Quinteto da Morte™ (agora com ainda mais morte), levaram vantagem sobre os Spurs. Mas Draymond Green não tem capacidade física para jogar muitos minutos como pivô. Baixo, ele gasta energia demais para acompanhar o jogador que deve marcar. Ainda mais quando alterna entre Gasol e LaMarcus Aldridge. O time titular, sem o smallball, tem a obrigação de sustentar o resultado. Graças ao desempenho ruim dos titulares, o Quinteto da Morte™ Xtreme foi usado para recuperar os Warriors na partida, não para abrir uma vantagem.
(nota: o Quinteto da Morte é a o time formado por Stephen Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Kevin Durant e Draymond Green)
Os primeiros dias da temporada 2016–17 mostraram que os Warriors perderam qualidade no pivô e no banco de reservas. Descansar os titulares no quarto final foi um luxo que o time pôde se dar na temporada passada. Caso não consiga encontrar um ritmo, isso pode não acontecer esse ano. E, com a fragilidade de Steph Curry, a temporada da franquia depende muito disso.
