O camisa 18

The GOAT
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3 min readMar 8, 2016
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“Joguei 18 temporadas na NFL. 18 é um bom número. E hoje eu me aposento do futebol americano.”

Quando comecei a ver NFL, o camisa 18 já era celebrado. Naquele tempo, nos gramados de Indianapolis, o irmão mais notável das crias de Archie Manning, lançava suas bolas com uma qualidade ímpar. Colocado no mesmo pedestal dos grandes do esporte, o camisa 18 estava sempre numa grande batalha para atingir as gigantes expectativas que nele eram depositadas.

Se teve algo que eu aprendi com o camisa 18 foi que o mundo pode te abraçar em um dia e te dar um chute na bunda sem a menor cerimônia no outro. Dúvida, reconhecimento, elevação e desilusão, tudo em uma só temporada. As quebras de recordes da história da liga não eram nada quando colocados ao lado das velhas críticas de que, contra o inverno, sua acurácia ia para as cucuias. O estilo de jogo elegante e a pontaria digna do mais certeiro arqueiro de uma livro de fantasia medieval eram apenas pequenos exageros quando o seu time era dilacerado em uma partida de Playoffs.

Mas algo que o camisa 18 sempre fez foi levantar. Talvez movido por uma motivação digna de Rocky Balboa, ele simplesmente não parava de tentar. Sua última temporada em Denver é um reflexo perfeito disto. As lesões se juntaram com a avançada idade para abatê-lo. O nascimento de um novo quarterback, Brock Osweiler, parecia apenas confirmar que os dias do camisa 18 estavam contados.

O destino resolveu abraçar o velho 18 mais uma vez. Com a lesão do ascendente Osweiler, o velho conhecido voltou, novamente cercado de todas as dúvidas do universo. Agora era a hora de provar ao mundo que quem decide a hora de pedir as contas da carreira era ele mesmo. Reconhecendo suas limitações e agindo mais como um líder e um gerenciador, o camisa 18 foi perfeito.

Com o auxílio da defesa de Denver, o coração pulsante da franquia, o camisa 18 teve que bater o velho rival, Tom Brady. E depois, em um complicado Super Bowl, teve que bater no favorito Cam Newton. Lidar com as montanhas mais altas com as pernas tão cansadas não é fácil para ninguém. É uma questão de resiliência e fé. A recompensa? O sonhado segundo anel.

É impossível uma forma mais bonita de fechar a carreira do que esta. Pode não ter sido uma temporada digna dos bons anos do camisa 18, mas a sua beleza reside em outro prisma, o da força de vontade de não se abater e permanecer estirado no chão, a vontade de vencer e superar a adversidade. Não era necessário ser fã dos Broncos para abrir um sorriso pela conquista do velho 18.

18 anos na NFL, 539 passses para touchdown [1º], 71940 jardas passadas [1º], 55 passes para touchdown em uma temporada (2013) [1º], 5477 jardas passadas em uma temporada (2013) [1º], 200 vitórias na carreira incluindo playoffs [1º], 5 prêmios de MVP. E tem mais recordes quebrados por ele. Brilhante, não?

O jogo elegante, os recordes, a acurácia dos arremessos, a adaptabilidade, a forma perfeita, a liderança, o humor, os divertidos comerciais, a sensação de que a qualquer momento algo incrível poderia acontecer, a certeza de estar vendo um dos maiores da história em ação. Coisas que farão falta na próxima temporada. Guarde com carinho os feitos desta camisa 18 na sua memória. Nunca mais um jogador assim surgirá. Ele é único, como todos os grandes do esporte.

Obrigado, velho camisa 18. Te acompanhar foi divertido e nunca foi necessário torcer para a franquia que você estava servindo no momento. Ela era mero detalhe. Assistir aos grandes será sempre uma diversão, seja nos Colts, seja nos Broncos, seja aonde for. Aproveite a vida, agora livre deste número, Peyton Manning.

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