Os Warriors erraram ao acreditar nas suas próprias mentiras

The GOAT
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3 min readJun 27, 2016
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18 de janeiro de 2016, Cleveland. O Golden State Warriors, campeão da NBA e a caminho da maior campanha da história da temporada regular, visita o Cleveland Cavaliers, rival derrotado na decisão meses antes. “Esse vestiário tem cheiro de champagne”, disse Stephen Curry, do topo de um dos melhores anos individuais e coletivos da história da NBA, em referência à vitória em 2015.

Em algum momento de sua trajetória, o Golden State Warriors mudou. Em algum ponto, entre o começo devastador da temporada e a derrota nas finais para o Cleveland Cavaliers, os Warriors confundiram autoconfiança e provocação com arrogância. Golden State parece ter desaprendido a vencer. E não se engane: isso teve um papel fundamental no resultado da série contra os Cavs.

Provocar os Cavaliers não é como pisar em cima do Milwaukee Bucks durante a temporada regular. Chamar LeBron James de chorão não é como rir das reclamações sobre bloqueios ilegais. Falar que o basquete é um “jogo de homens” é diferente de ver o seu armador ser freado por uma marcação física e intensa.

Basquetebol é um esporte que mexe com a cabeça de seus atletas. Em um nível tão alto, é comum que os jogadores usem de uma linguagem provocativa, agressiva e muitas vezes babaca mesmo para controlarem as partidas além da bola. Entrar na cabeça de seus adversários. Michael Jordan, sua Alteza, sempre foi um mestre na arte do trash talk.

Michael Jordan era um babaca. Diminuía seus adversários. Humilhava alas e pivôs técnica, física e mentalmente, com a facilidade com que um manipulador utiliza suas marionetes. A arrogância de Jordan era parte importante da estratégia usada por ele para retirar a alma e a esperança do coração de seus adversários.

Mas Michael Jordan era o melhor jogador do mundo. Sempre foi. Dominava a liga dos dois lados da quadra, com um time de fato imbatível. O problema dos Warriors foi acreditar mais no que diziam do que no seu próprio jogo. Curry não é o melhor jogador do mundo. LeBron James é. Fica mais difícil de sustentar as suas próprias babaquices quando você não é Michael Jordan.

Vencendo a série por 3 a 1, Golden State se lançou aos microfones para tentar desestabilizar LeBron James e os Cavaliers. “Ele está com os sentimentos feridos. Esse é um jogo para homens”, disse Klay Thompson, provavelmente certo de que a série acabara. Perguntado sobre isso, LeBron riu e disse que responderia em quadra, no jogo 5. Nos três jogos seguintes, três vitórias, o título e médias de 36,3 pontos, 9,7 assistências e 11,7 rebotes.

Quando James foi provocado por Curry durante a temporada regular, ele reagiu diferente. Queria responder publicamente ao que Steph disse, não teve a chance e acabou atropelado dentro de quadra. Dessa vez, LeBron soube não cair na pilha. Tal qual Dirk Nowitzki em 2011, contra uma versão mais irresponsável e jovem de James, optou pela saída mais digna. E os Warriors aprenderam que auto-confiança e arrogância são separados por uma linha muito tênue, e que tudo pode vir abaixo se essa diferença não for bem clara quando se fala do melhor jogador do mundo.

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