Playoffs sem Conferências melhoraria a qualidade da pós-temporada da NBA?

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4 min readOct 17, 2017

É a nova cruzada da imprensa ~NBA Moderna~ americana. Antes de mais nada, explico, a imprensa ~NBA Moderna~ americana é a imprensa que insiste em coisas como “liga não deveria ter lances-livres”, “arremesso de meia distância é ruim”, “jogo de pivô não presta”, “triângulo é ultrapassado” e, talvez a mais conhecida, “o basquete sem posição é algo moderno, que acontece agora que eu cubro a NBA e não um conceito antigo”. Por algum motivo, a imprensa ~NBA Moderna~resolveu que os playoffs da liga seriam melhor caso jogássemos toda a tradição pela janela e os 16 primeiros times classificassem para a fase final, independente de Conferências.

A NBA começou o teste com a WNBA. E deu certo. Mas, não podemos fingir que o universo é o mesmo. E aqui, nem falo de qualidade de jogo — WNBA está melhor no momento, mas isso é assunto para outro post — e sim número de times, tradição, costumes, distâncias.

Agora, o embrião da ideia chega na liga masculina. O All-Star Game de 2018 não será como o clássico Leste contra Oeste. Em uma tentativa equivocada de recuperar a qualidade do Jogo das Estrelas, a NBA resolveu eliminar as Conferências. Dois capitães serão eleitos e escolherão os times a partir de noems pré-selecionados. Não resolve o problema maior, a cultura atual dos atletas. A familiaridade com adversários, desde a infância em torneios AAU até a rotação maior de nomes, faz com que vire mais um jogo de amigos do que adversários.

O primeiro obstáculo dos playoffs sem Conferências é a distância. Imaginem, uma situação na qual o Portland Trail Blazers enfrenta o Orlando Magic na primeira fase e o Miami Heat na segunda. A distância percorrida é absurda. Mesmo com voos fretados, o cansaço chega, e prejudica a qualidade do jogo.

Uma maneira de remediar o cansaço é aumentar o intervalo entre partidas. Nessa mesma situação hipotética, Portland e Orlando jogariam duas partidas no Oregon, viajariam para Flórida e descansariam, digamos, três ou quatro dias antes do Jogo 3. E ainda tem a possibilidade de retornar. Playoffs ficaram longos demais.

Nem toda tradição é boa, verdade. E, quando ela não é, temos a obrigação de mudá-la. Mas a tradição do Leste v. Oeste gera uma rivalidade, mesmo que artificial. De um jeito ou de outro, é legal ver o melhor de uma Conferência encarar o melhor da outra. E o desequilibri atual entre Leste e Oeste não é uma boa desculpa para acabar com isso. Como o Leste já foi mais forte, eventualmente as coisas ficarão mais equilibradas.

Essa mudança também não resolveria a monotonia da primeira fase dos playoffs, onde o desequilibrio entre equipes é maior do que nas fases seguintes. O jornalista Andrew Johnson, do @CountingBaskets fez uma porjeção de uma possível classificação das equipes nesta temporada. Vamos pegar os 16 primeiros:

Pela projeção de Johnson, a coisa já não muda muito no número de equipes qualificadas. São nove do Oeste, um a mais apenas. Os confrontos da primeira fase seriam:

Golden State Warriors v Portland Trail Blazers

Houston Rockets v Milwaukee Bucks

Boston Celtics v Miami Heat

San Antonio Spurs v Denver Nuggets

Cleveland Cavaliers v Utah Jazz

Washington Wizards v Charlotte Hornets

LA Clippers v Toronto Raptors

Oklahoma City Thunder v Minnesota Timberwolves

Não consigo olhar para esses confrontos e imaginar uma primeira fase mais equilibrada.

Uma solução radical seria diminuir o número de classificados. Hoje, mais da metade da NBA se classifica para a pós-temporada. Por que não 12 times passarem para a próxima fase? Seis de cada Conferência.

Os dois primeiros classificados seriam cabeças de chave, tendo a primeira fase para descansar, parecido com o que a NFL faz. Assim, eliminaríamos as séries mais desequilibradas. O 3º colocafo enfrentaria o 6º e o 4º jogaria contra o 5º. Duas séries, para cada Conferência, teoricamente mais “pegadas”.

Para deixar a coisa mais emocionante ainda, voltar ao melhor de 5 na fase inicial. O time pior tem mais chances de surpreender mas, caso o desequilíbrio seja grande, a série acaba mais rápido. Depois disso, tudo volta ao normal.

Claro que NBA teria que sacrificar dinheiro. E isso, ela não fará. As propagandas nos uniformes são prova disso.

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