Pré-temporada da NBA começa com protestos dos Raptors e David West

The GOAT
thegoatbr
Published in
3 min readOct 3, 2016
i

A atual situação de violência policial contra minorias — principalmente negros — nos Estados Unidos é uma situação de perder ou perder para atletas. Se falam algo, sofrem críticas por serem atletas que ganham bem e, segundo os críticos, por isso, não sofreriam com o preconceito (sofrem sim). Se ficam quietos, são criticados por serem figuras públicas que não se manifestam. Mesmo assim, atletas têm tomado posições, e o Toronto Raptors e David West, do Golden State Warriors, foram os últimos a mostrarem que não ficarão quietos diante da violência.

Tudo pareceu começar com Carmelo Anthony, do New York Knicks. O ala visitou uma das maiores cadeias de Nova York, organizou encontros entre polícia e população, falou nos ESPYs — com LeBron James, Dwyane Wade e Chris Paul, subiu no morro no Rio de Janeiro — jogou basquete com as crianças do Cultura na Cesta — se sentindo em casa. Logo, Colin Kaepernick, do San Francisco 49ers, NFL, não levantou para o hino americano em uma partida. Daí, a coisa só aumentou.

[caption id=”attachment_5087" align=”aligncenter” width=”437"]

Direto do livro de regras da NBA

Direto do livro de regras da NBA[/caption]

Com uma regra específica na NBA que obriga jogadores a levantarem para o hino a coisa tomou um lado diferente na liga de basquetebol. Em 1996, a NBA aplicou a regra, quando Mahmoud Abdul-Rauf, então com o Denver Nuggets, se recusou a levantar para um hino que considerava “um símbolo de opressão e tirania” (o armador foi suspenso indefinidamente, sem pagamento. Suspensão, no final, durou um dia). O plano teria que ser outro para os protestos atuais.

Os Raptors e David West, na primeira partida de pré-temporada das duas equipes, parecem terem dado o tom. Os jogadores do time canadense ficaram de braços entrelaçados durante os hinos dos EUA e Canadá, enquanto West parou um pouco atrás de seus companheiros de Warriors.

Enquanto Steph Curry e Draymond Green se esquivam, West toma uma posição mais radical. Curry disse respeitar e apoiar Kaepernick mas não pretende protestar. Green afirmou que não precisa, já que muitos estão protestando. West, no entanto, não se escondeu. E deu uma declaração tão contundente quanto correta.

“E educação? E mortalidade infantil? E sobre como morremos jovens e nossos bebês morrem mais cedo?”, West disse ao The Undefeated. “[Homens negros] têm a menor expectativa de vida. Cara… o sistema de saúde? Existem tantos problemas. Não posso começas a falar de questões cívicas. Não posso falar de civilidade e ser um cidadão quando nem me consideram um ser humano. Como falar sobre progresso e como humanos se relacionam quando nem reconhecem sua humanidade?”

Ao contrário da NFL, treinadores e a própria NBA parecem apoiar os protestos. Gregg Popovich disse respeitar os atletas, citando a situação diária que minorias passam ao serem paradas constantemente pela polícia apenas por serem minorias.

Em uma partida no mesmo dia, nenhum jogador do Dalas Mavericks ou New Orleans Pelicans protestaram.

--

--