Mudanças

Thiago Duarte
Thiago Duarte
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3 min readOct 13, 2015

Aqui estou eu, quase exatamente 4 meses depois de me mudar para o Rio de Janeiro. É uma cidade difícil de se viver. Não pela criminalidade, pelo trânsito ou pelo alto custo de vida, mas pela clara diferença que se vê das pessoas aqui nascidas.

Nunca tive nada contra cariocas, e nem tenho até então. Mas uma das coisas mais desafiadoras dessa nova fase da minha vida tem sido não estar sozinho. Diferente de todos os lugares que passei em Belo Horizonte, aonde eu fazia amizades rapidamente e sempre tinha companhia para fazer minhas coisas, fazer amizades no Rio tem sido algo desafiador.

Não sei se tem algo a ver com outras mudanças da minha vida, como não estar em uma faculdade, e talvez as pessoas que eu acabe conhecendo não estão dispostas a novos relacionamentos (de amizade), porque já estão confortáveis com uma vida inteira de amizades criadas. É engraçado, pois todos que chegavam de fora do ambiente que eu estava, eu via um esforço enorme de todos para acolherem essas pessoas.

Não sei se é o fato de eu ter um jeito muito rasgado para as coisas, e aqui não ter ninguém acostumado com ele para me defender e falar que por mais que eu tivesse esses defeitos, eu falia a pena ser ouvido.

Uma outra coisa que me chateia com essas mudanças, é que além de não fazer novas amizades, as antigas só tendem a se enfraquecer. Não sei mais o que meus amigos fazem, para aonde estão indo, ou qualquer coisa do tipo (salvo os melhores dos melhores amigos).

Quando temos amigos que vemos sempre, pensamos que amigo é a pessoa que não importa aonde você esteja, vai puxar um papo pelo Facebook, para saber como você está ou contar as últimas novidades da vida, mas no fim acho que não é. Acho que amigos são aqueles que fazem isso sim, mas que ficam felizes com suas conquistas e que se esforçam para te ver quando der, mas não precisa ser sempre. Afinal, temos vários amigos, e apenas sete dias na semana.

Acabo de me mudar para meu novo apartamento, e se foi o último suspiro de contato que eu tinha com a humanidade quando saia do trabalho, que era o pessoal do Hostel, que riamos e jogavámos sinuca quase todos os dias. Mas tem sido bom tirar esse momento inicial para refletir.

Aliás, o fato de eu ter contato com pessoas somente no trabalho é algo que tem me deixado um pouco confuso sobre os papéis de cada um na minha vida, as vezes confundo amizade com coleguismo de trabalho, e falo coisas que não deveria. Mas estou tentando melhorar isso, da minha maneira e no meu tempo.

Minha namorada tem me ajudado a passar por tais mudanças, mas ela me conhece e sabe o quanto preciso de me comunicar com as pessoas, de contar tudo que acontece na minha vida, porque eu estou sempre excitado com o que está acontecendo. E tudo está acontecendo tão rápido. Fico num mix de sentimentos, feliz pelas conquistas, mas triste por não ter como compartilhar como eu queria.

Quando vim para o Rio, não pensei muito em como seria para conseguir novos amigos, na realidade nunca tinha passado pela minha cabeça a importância deles na minha vida. Hoje percebo o quanto o pessoal de Belo Horizonte faz falta.

Mas estou perseguindo um sonho de trabalhar em um dos lugares mais incríveis que já conheci, e tenho certeza que com o tempo tudo irá se ajustar, pode não ser logo depois de escrever esse texto, ou pode não ser ainda esse ano. Mas eu vim para fazer a diferença e só saio daqui quando virar esse Rio de Janeiro de cabeça para baixo.

Originally published at blog.thiago.in on September 7, 2014.

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