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Mudanças 2.0

Thiago Duarte
Thiago Duarte
Published in
4 min readSep 24, 2017

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English version soon.

Há pouco mais de três anos atrás eu publiquei um post falando da minha primeira mudança para fora de casa, quatro meses depois de abandonar minha faculdade para tentar a vida no Rio de Janeiro por causa de uma grande oportunidade que tive de começar como designer júnior na Huge.

Depois de ficar esse tempo lá, e crescer muito profissionalmente, infelizmente tenho que dizer que a situação não mudou muito e eu continuava com problemas para fazer amizades. Tenho muito a agradecer as poucas pessoas que fizeram a diferença na minha vida lá, não preciso citar nomes porque elas sabem quem são.

Um dos motivos de eu ter aceitado o desafio na Huge, além de claro poder trabalhar com os melhores profissionais de UX do país, era a oportunidade de fazer projetos fora do Brasil e eventualmente até me mudar para um dos outros escritórios.

No início desse ano fui alocado em um projeto para o Twitter remotamente, o que foi o início de toda a história que tenho para contar em seguida. No começo eu tive vários problemas de comunicação porque para mim falar inglês já era um desafio, e remotamente foi ainda mais. Quando eu não tinha o apoio de ver a imagem da pessoa e os gestos, era muito difícil entender o que a equipe precisava de mim, mas eu consegui fazer tudo que era necessário.

Em uma das semanas do projeto, houve a necessidade de passar uma semana em São Francisco, junto do resto da equipe. Foi minha primeira vez nos Estados Unidos, e minha primeira vez em um país que tem o inglês como língua nativa. Essa semana acabou virando três semanas e a química com o time foi muito boa. Depois dessa experiência eu voltei para o Brasil para dar o suporte até o fim do projeto.

Durante essas semanas terminando o projeto do Twitter, o pessoal de São Francisco me disse que existia a possibilidade de eu retornar para um novo projeto durante 3 meses, mas que para ficar mais de 3 semanas era necessário agilizar uma papelada para outra modalidade do visto. Fiquei empolgado mas nem tanto, porque tudo isso teria que acontecer em 2 semanas.

Na última sexta-feira antes do prazo acabar, eu recebo uma ligação do HR de São Francisco falando que a papelada estava pronta, e se eu poderia viajar no sábado (!). Pedi pelo menos o final de semana para me preparar, e embarquei para o novo projeto.

Durante esse tempo no projeto, eu fui me apaixonando pela cidade, melhorando meu inglês, e acabei recebendo uma oferta para me mudar para cá. Agilizamos a papelada e eu voltei para o Brasil em julho já sabendo que iria me mudar para São Francisco no dia 1º de agosto.

Passei um mês no Brasil, me despedindo da família e amigos. Foi sensacional! Encontrei pessoas que eu não via desde que saí e parecia que esses três anos foram apenas duas semanas de férias. Claro que o outro lado da moeda também existe, e a grande maioria das pessoas eram como estranhos para mim, mas isso é normal, as pessoas mudam e a vida segue, e não temos que ficar tristes por isso.

Então chegamos ao ponto da primeira versão desse texto (finalmente!). Assim que cheguei aqui, no primeiro final de semana, alguns conhecidos que fiz já me chamaram para um brunch. Na outra semana já sai com outro conhecido para umas cervejas.

A facilidade de conhecer novas pessoas em São Francisco, e a receptividade me fez me sentir em casa novamente. Será que depois de 3 anos no Rio, eu finalmente teria encontrado um lugar onde me sentiria feliz e bem recebido novamente?

Descobri que essa seria apenas uma das semelhanças de São Francisco e Belo Horizonte. O clima de cidade pequena com a conveniência da cidade grande, e o clima (agora em outro sentido) que Belo Horizonte tinha há uns 15 anos atrás, com sol e um vento frio. Como eu senti falta disso!

Acredito que isso seja relacionado a grande quantidade de pessoas de outras cidades e países que moram aqui. No fim somos todos estranhos para a Bay Area, o que faz com que eu não seja o único procurando recomeçar a vida.

Depois de todo esse tempo, finalmente estou no meu próprio apartamento (bem próximo do lugar onde encontrei meus amigos naquele primeiro final de semana) e a sensação é incrível. Esse é o primeiro apartamento que eu pego praticamente vazio (nos Estados Unidos é de costume a cozinha já estar pronta, com geladeira, fogão e armários ao menos.) e é engraçado perceber o quanto você nunca pensa que precisa comprar certas coisas. Acho que vou ficar durante alguns meses percebendo que esqueci mais alguma coisa.

A felicidade de estar no meu novo apartamento, cheio de caixas espalhadas, uma cama e uma cadeira é incomparável. Parece que eu finalmente estou criando algo para mim, uma parte da cidade que terá minha essência.

São Francisco parece ser o lugar onde eu vou poder voltar a ser feliz, onde terei uma relação saudável entre vida pessoal e profissional. Depois de alguns meses aqui, eu já me sinto mais em casa do que durante os três anos no Rio. Claro que nada disso seria possível sem ter tomado a decisão de ir enfrentar o desafio de me mudar para o Rio, aonde embora todos os problemas que passei, sou muito grato a Huge e todos que passaram pela minha vida lá.

Ainda é cedo para falar isso com convicção, mas espero que em uma eventual parte três desse texto, eu possa confirmar esse meu pensamento.

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