Nosso time no meio de 2014. Muita coisa mudou.

Seis Meses na Huge

Thiago Duarte
Thiago Duarte
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5 min readOct 13, 2015

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Peguei o ônibus a meia noite em Belo Horizonte para vir trabalhar no lugar dos meus sonhos, a Huge Inc. Como era de se esperar, o trânsito na entrada da cidade do Rio de Janeiro me fez chegar atrasado. Consegui chegar no meu apartamento e encontrar um dos diretores às 9h30, horário que começam as atividades oficialmente na Huge.

No primeiro dia como esperado, vim mais arrumado do que precisava. Eu já estava alocado em um projeto, mas não consegui começar no mesmo dia, então fui a uma reunião com o RH para conhecer um pouco mais sobre a empresa. As pessoas que trabalham na Huge são gênios da retórica, tudo que você ouve parece que era exatamente aquilo que você gostaria de ouvir.

Recebi um kit com alguns materiais de escritório, tudo com o branding da empresa, alguns bottons. Você começa a se sentir parte de algo muito maior. Meu sonho durante muito tempo foi trabalhar aqui e parecia que a empresa me incentivava a falar “Eu consegui”.

Mas voltando ao projeto que fui alocado, no outro dia já comecei a trabalhar. Quando me mostraram o que estava rolando, pensei: Nunca vou conseguir fazer algo tão bom. Fiquei imaginando quanto tempo demoraria até perceberem que eu não era tão genial quanto os outros. Peguei minhas coisas, e fui sentar ao lado do Senior que estava no projeto comigo (um costume da empresa). Demorei alguns dias para pegar no tranco, mas no fim das contas me surpreendi com o resultado do projeto, fiquei impressionado na capacidade que pode ser explorada com o direcionamento certo.

E acredito que para isso acontecer, são necessárias quatro coisas, que estão enraizadas na cultura da equipe do Rio de Janeiro, como também devem estar em qualquer Huge no mundo.

1. Criticar o trabalho

Essa é com certeza a melhor característica, na minha opinião. Você está fazendo um layout, ajustando alguns detalhes, e chama alguns designers ao seu lado para opinarem. Não espere uma massagem para seu ego: durante o processo 90% das vezes que um Huger vai falar sobre seu trabalho é para criticar.

Você tem que aprender a direcionar essa critica para seu trabalho da maneira mais sensata e profissional possível. Não quer dizer que seu colega não acredite em você, ou no seu potêncial. Naquele momento ele está analisando um trabalho que poderia ter sido feito por qualquer pessoa.

E é isso que faz tudo sair da melhor maneira possível. Ninguém tem medo de errar, ou de falar que está errado, mesmo que com uma equipe pequena de até 5 pessoas, todos os outros 40 designers vão te ajudar de alguma maneira a chegar na melhor solução possível.

Claro que depois de terminado e pronto para entregar, os colegas não vão economizar nos elogios (caso gostem, claro). E a satisfação de receber um elogio de quem criticou o seu projeto durante o processo é maior ainda.

2. Compartilhamento de ideias

Uma das coisas mais interessantes em se trabalhar na Huge é estar sempre informado sobre tudo que acontece no mundo do Design de Produto. Existe até uma rede social que usamos, chamada Honey, que um dia foi um produto interno da empresa.

As pessoas fazem questão de que tudo que é interessante, todos vejam. E o mais engraçado: elas não tem nenhum outro motivo para faze-lo do que se importar com o bem da equipe. Assim como as ideias nos projetos: Elas são compartilhadas no escritório e para os outros escritórios também.

Algumas vezes por ano, temos apresentações dos projetos que foram desenvolvidos nos últimos meses. É algo incrível, pois temos a oportunidade de mostrar para vários designers a nossa criação e receber feedbacks de funcionários do mundo inteiro.

3. A solução perfeita

A frase mais ouvida em suas primeiras semanas é: “Não existe bala de prata” (até alguém perceber que você já entendeu ). Na Huge a metodologia do design é colocada a prova, e assim como seu professor universitário sempre fala para você fazer 100 versões de uma marca para um projeto acadêmico, aqui você faz 20, 40, 60 versões de wireframes e 2 ou 3 versões de visual design.

No caso da concepção de um produto, é muito fácil entender a vantagem disso. Você deve tentar fazer de várias maneiras diferentes, mesmo que já tenha chegado a um resultado que considera ideal no início do processo, porque dessa maneira você pode olhar para as outras versões e falar: “Eu realmente estava certo”.

E mesmo quando você chegar a uma solução, os Hugers não consideram ela perfeita, consideram apenas a melhor opção naquele intervalo de tempo disponível. Pois como todo projeto de design ele pode sempre melhorar.

4. O clima da empresa

Poucas coisas na minha vida no Rio são tão interessantes quanto ir trabalhar, e por mais estranho que isso pareça, não quer dizer que eu tenha uma vida ruim, somente que eu trabalho em um lugar incrível. Até hoje no final de semana eu conto as horas para chegar segunda-feira de manhã e começar tudo de novo.

O clima dos colegas de trabalho é ótimo, eu sinto que posso ser totalmente aberto com meu chefe e meus superiores. De vez em quando eu até penso que posso chamar o CEO no chat da empresa, mas sei que ele tem deveres mais importantes a cumprir!

Em certos dias nos reunimos para tomar café da manhã, e claro, não dá para ser todo mundo junto, mas tentamos. Fazemos pausas para cafés e nos divertimos falando de tudo, assim voltamos com a cabeça mais limpa para trabalhar o resto do dia.

Em alguns fins de tarde bebemos uma cerveja (por conta da empresa) enquanto terminamos o trabalho do dia, e em algumas ocasiões até bebemos uma taça de vinho (temos assinatura mensal de vinhos).

Mas, mais importante do que tudo que a empresa consegue proporcionar de “agrados”, é o bom senso de todos de saber o momento de quebrar a tensão e de focar no trabalho (claro que ninguém é perfeito, e eu mesmo perco o momento algumas várias vezes).

Only in Rio

Depois desses seis meses, percebi que valeu muito a pena ter arriscado sair da minha zona de conforto em Belo Horizonte. Por mais que seja a cidade que mais amo, e provavelmente vou amar para sempre, com pessoas inesquecíveis que ajudaram a me formar quem sou hoje, era minha hora de partir.

Tenho uma nova vida no Rio, novos desafios que, se Deus quiser, cumpri-los-ei. Não sei como serão meus dias daqui pra frente, se vou conseguir fazer novos amigos, se conseguirei ir visitar as pessoas que amo em BH com mais frequência. Mas uma coisa eu tenho certeza: tenho pessoas incríveis para contar no lugar aonde todos são pagos para não dar a mínima.

*Todas as opiniões aqui expressadas são pessoais e não tem nenhuma ligação com a Huge Rio, Huge Inc ou o grupo IPG. Os possíveis erros de português também são de minha responsabilidade.

Originally published at blog.thiago.in on October 27, 2014.

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