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Transição de carreira: UX Designer

Paula Moreira de Souza
ThinkBlipBrasil
Published in
8 min readFeb 3, 2022

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Como foi minha jornada dentro de Blip para o time de Design Cross

Hey, pessoa!

Se você chegou até esse texto significa que está ou esteve na mesma situação em que eu estive no último ano: se preparando para migração de carreira para UX Design. Por isso, vim trazer um pouco da minha perspectiva durante a minha transição para essa área e contar como tem sido a minha atuação dentro de um time de Design Cross.

Vim da carreira de Customer Success Manager e, se você também veio dessa área, espero que, de alguma forma, eu consiga te ajudar nessa transição e na sua experiência. O importante é não desistir e entender o seu tempo. E, se quiser saber mais, pode me chamar no LinkedIn para trocarmos figurinhas 😊

Vou contar um pouco desse processo utilizando as etapas do Design. Quem sabe você não se inspira e tem ainda mais motivação para dar esse passo? Vamos nessa?

[Imersão] Entendimento inicial do problema

Logo que comecei a estudar Publicidade e Propaganda, entrei na área de atendimento ao cliente. Atendia clientes dos mais variados tamanhos, segmentos e níveis de contato. E, trabalhando em produto, sempre os ouvia falar de alguma coisa que poderia ser melhorada e corrigida. Esse pedidos sempre me incomodavam, pois o que eu poderia efetivamente fazer era encaminhar essas sugestões para o time de produto e “esperar” que algo fosse feito (ou não).

Na medida que fui me entendendo como profissional (💡 nota importante: isso não levou alguns dias, e sim muitos meses), percebi que minha principal dor era que eu gostaria de trabalhar na causa raiz do problema. Eu queria fazer parte da solução. Além disso, via frequentemente uma movimentação do mercado para a área de produto e a quantidade de oportunidades, de materiais de estudo, envolvimento da comunidade e crescente desenvolvimento de produtos digitais. Estava na hora de explorar mais sobre esse campo.

[Descoberta] Como pesquisei o mercado

A fase da descoberta é aquele momento em que você precisa reunir insumos que vão ser fundamentais para você tomar a melhor decisão para o seu problema. Primeiro, comecei a conversar com profissionais da área de produto. Eu anotava tudo!

E em um desses papos recebi duas indicações de livros: O design do dia a dia, do Donald Norman, e Não me faça pensar, do Steve Krug. Comprei rapidamente e, na semana seguinte, já estavam em leitura profunda os dois. Foi uma explosão de coisas na minha cabeça e foi a melhor coisa que me aconteceu.

Foto dos livros "O Design do Dia a Dia" do Donald Norman e "Não me faça pensar", do Steve Krug.
Minhas primeiras leituras para minha transição de carreira.

Eu me senti viva, com vontade de devorar tudo o que poderia sobre o assunto. Cada página que tinha uma nova referência, eu anotava, colocava na minha lista de leitura e fazia uma conexão com algo que já tinha no meu background de Customer Success Manager. Eu fiquei pensando: como ninguém nunca me contou sobre o comportamento do usuário? Quanta coisa eu perdi. Mas não era hora de ficar chorando pelo leite derramado. Tinha que seguir em frente.

Essas duas leituras me deram uma perspectiva muito forte de que tem um mercado gigante em que posso estudar, aprender e até usar o background da minha carreira como Customer Success Manager para desenvolver junto com ele.

Usabilidade tem a ver com pessoas e com como elas entendem e utilizam as coisas, e não com tecnologia. Steve Krug — Não me faça pensar.

[Definição] Como fiz a definição do meu problema

Para mim, essas duas leituras foram os principais marcos da minha carreira. Porém, eu precisava fazer uma escolha: sei que quero ir para desenvolvimento de produto, mas para qual área? Fiz uma lista de gosto de fazer x não gosto de fazer, conversei com mais pessoas, recorri incontáveis vezes ao Google e finalmente decidi: minha transição é para UX Design.

É estranho pensar em fazer uma transição de carreira aos 30 anos para uma área totalmente nova, para algo que não tinha certeza se iria me trazer retorno. Enquanto trabalhava como Customer Success Manager, estava tudo muito certo, estável e confortável, então realmente valia a pena fazer essa mudança brusca? Pra mim, sim, e eu vou te dar alguns motivos (se você também está na dúvida, leia com carinho):

  • O mercado e o mundo mudam, e você precisa mudar junto. A pandemia do Covid-19 veio para mudar (e já mudou!) algumas rotinas e atitudes que tínhamos como certas e imutáveis.
  • O conhecimento te leva longe. E esse processo também é uma jornada de autoconhecimento. Se reconhecer como um ser incompleto e que precisa de aprendizado é estimulante. Você começa a se permitir entender mais assuntos, descobrir outras realidades. Nesse mundão azul em que vivemos, tem muito conteúdo de qualidade para estudar e se atualizar. Não se prive de conhecimento;
  • Nunca vai ser tarde. Deixar de fazer e se arrepender depois por não ter feito é muito pior. “Ahh, mas vou concorrer com profissionais mais novos”, realmente, vai sim. Mas e sua vivência em outros trabalhos? E suas soft skills já conquistadas? E todos os perrengues que você já passou com clientes que os profissionais mais novos não passaram? Use seu background como sua fortaleza (ouvi muito isso de mentores durante minha transição para UX).
  • Se desafiar é bom demais e não precisa ser uma jornada solitária. Às vezes vão faltar forças, paciência e coragem. Por vezes, até vontade de desistir vai dar. Se você estiver com foco e com certeza da sua escolha, só vai. Cole em quem pode te ajudar e que pode te dar bons conselhos.

Certa de que queria me aventurar como UX Designer, chegou a hora da ideação. Precisava saber como iria fazer minha transição completa de carreira e começar a atuar neste novo cargo.

[Ideação] Como foram os meus estudos para UX Designer

Lembra das anotações de referência que fiz lá na etapa de descoberta? Pois é, elas vão voltar agora. Usei o Notion (perfeito!) para anotar todos os livros, artigos e cursos que li nas duas leituras iniciais. Comprava dois livros e, enquanto lia, anotava novas referências, colocava na lista e fazia um resumo sobre o que eu tinha aprendido com aquele livro. No ano de 2021, li 14 livros técnicos (quantidade não é qualidade, mas, nesse caso aqui, foi — só tinham assuntos sensacionais na minha lista). Fiz também vários cursos que me ajudaram a entender a prática e praticar de fato. Fiz mentorias com profissionais de dentro e fora de Blip. Agora, faltava só a oportunidade dentro de um time de Design.

Vários livros um sobre o outro de todas as leituras realizadas no ano.
Listinha pequena de leitura

Estando em Blip, pude conversar com a liderança da época sobre uma vaga que tinha acabado de ser aberta: UX Designer, no time de Design Cross (time que dá suporte às squads de produto). Eu sabia que ainda tinha muito o que aprender, mas que até ali tinha me preparado. Eu estava com “sangue nos olhos” para passar. Então, decidi dar esse passo e fazer o processo seletivo interno (sim, passei por todas as etapas: papo com RH, teste técnico e entrevista técnica).

Conversei com o RH, fiz a prova, fui chamada para a entrevista técnica. Sabia que, para aquele momento, havia feito o meu melhor com o que estava no meu nível de conhecimento. E, após alguns dias, recebi o tão esperado: “você passou, Paula”. Confesso que ainda não consigo descrever o meu sentimento naquela hora. Era uma mistura de felicidade e desespero em começar tudo do zero. E, a partir desse momento, eu começaria uma nova etapa da construção da minha carreira.

[Build] Colocar a mão na massa! Como tem sido a construção desde que cheguei no Design Cross

Cerca de 20 dias depois de ter sido aprovada, vim para o time de Design Cross e tenho colegas incríveis que estão me ajudando no meu desenvolvimento. As pessoas são especialistas no que fazem. A régua aqui é alta.

Meu primeiro projeto foi a estruturação do onboarding (que é a preparação que fazemos para receber novos colaboradores) dos Product Designers, . Mas se você achou que era só fazer um doc no Google e tá tudo certo, achou errado. Então, como é a realidade?

É usar as etapas do processo de design. Seguir essa jornada me deu confiança e consistência em cada passo. Planejar o que você vai fazer em cada uma das etapas do processo de design, fazer a imersão para entender o problema a ser resolvido, definir um entregável, conversar com as pessoas, fazer entrevista com os blippers (carinhosamente como chamamos os novos colaboradores — usuários do onboarding), entender o que já tem pronto, ver o que precisa ser acrescentado, fazer testes, corrigir e começar tudo outra vez.

No time de Design Cross a qualidade é muito levada a sério. Não existe dar um passo sem fazer uma pesquisa ou colocar algo em prática que não foi avaliado anteriormente por um especialista de uma disciplina do Design. Sempre tem espaço para debates, sugestões e acolhimento do novo (se você quiser fazer parte disso, veja as nossas vagas abertas).

É isso que tenho aprendido a cada projeto que começo a realizar: a jornada aqui não é solitária, ela é compartilhada.

Com o passar do tempo, tenho me envolvido em tarefas maiores e que me desafiam cada vez mais: conversar com diferentes squads para entender diferentes problemas, conversar com outras lideranças, como produzir e melhoras planos e roteiros de pesquisa e entrevista, como fazer testes de usabilidade, conduzir workshops e reuniões e colocar o usuário no centro da experiência usando o produto.

[Melhorar] Entender os resultados para melhorar

Em todos os artigos confiáveis que você ler, haverá sempre uma etapa de “Improve”, que é basicamente “melhorar/aprimorar” algo. E aqui no time de Design Cross e na minha transição de carreira não é diferente. Na etapa anterior, falei que trabalho com pessoas incríveis. E elas realmente são. Após a entrega de cada tarefa, é necessário verificar se o “entregável” foi realmente entregue e o que precisa ser melhorado. E é nessas horas que o time de Design Cross também entra em ação, para dar todos os reforços necessários, opiniões, alterações, conselhos e mostrar outros caminhos.

Depois que você faz toda essa coleta de informações, você volta no seu projeto e faz todas as ponderações necessárias para melhorar a sua entrega e, principalmente, melhorar a experiência do usuário. E essa etapa de melhoria não é apenas pegar feedback, mas olhar também para os dados, gráficos e outros insumos que você pode colher durante todo esse caminho.

Em Blip, o time de Design Cross é fundamental para dar suporte às squads de produto e é possível ver o nosso trabalho em cada entrega que fazemos. Entendemos que as disciplinas que envolvem o design tem o seu valor e como esse valor retorna para o usuário e compõe o produto.

Em suma, essa tem sido minha trajetória até aqui. Não significa que não tenha encontrado pedras pelo caminho (encontrei muitas, mas isso é assunto para outro post). Ter feito uma migração de carreira para UX Design mudou minha perspectiva sobre muitas coisas relacionadas a trabalho e experiência profissional. E estar cercada por um time altamente competente faz com que minha curva de aprendizado seja ainda maior.

Parafraseando o incrível filme Soul, da Disney/Pixar, o mais importante é a jornada e as pessoas que você encontra ao longo dela. A minha carreira como UX Designer está só começando, e estou animada para viver o que vou encontrar pela frente.

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Paula Moreira de Souza
ThinkBlipBrasil

Graduada em Publicidade e Propaganda e pós-graduada em MBA de Gerenciamento de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas.