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TÉCNICA SIMPLES PARA CRIAR UM FILME

Tiago Bezerra
Tiago Bezerra
Published in
4 min readJun 5, 2018

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Quer aprender a fazer um roteiro? Então vem comigo. Não vou contar o grande mistério ou uma fórmula secreta. Vou contar um conjunto de técnicas simples que podem ou não ajudar você. Tudo vai depender do seu empenho. Se tiver algum talento também ajuda, mas não é tudo. Empenho é 90% da coisa.

O primeiro passo de qualquer Processo Criativo é ter um objetivo claro. De preferência que não seja genérico, como “aumentar as vendas”. Isso todo mundo quer. Se não tiver um objetivo específico, pergunte, pesquise, sugira. A criatividade começa nesta etapa.

3 EXEMPLOS DE OBJETIVOS NÃO-GENÉRICOS:

1 — “Dizer que o produto é feito com tanto cuidado que é quase caseiro”.

2 — “Mostrar que o novo sistema de freio faz o carro parar quase que imediatamente”.

3 — “Incentivar o homem a comprar shampoo específico para cabelo masculino em vez de usar o que tiver em casa”.

E para deixar ainda mais claro…

OS MESMOS 3 EXEMPLOS DE OBJETIVOS, AGORA GENÉRICOS:

1 — “Dizer que o produto é feito com muito cuidado e qualidade”.

2 — “Mostrar que o carro está com um novo sistema de freios”.

3 — “Incentivar o homem a comprar shampoo”.

Percebe a diferença? Quando o objetivo é não-genérico, ou seja, específico, ele te dá elementos dramáticos, como “quase caseiro”, “para quase imediatamente”, “em vez de usar o que tiver em casa”. Com esses elementos dramáticos, você consegue criar uma personagem que conduzirá a trama. É aí que começa a história.

Primeiro passo dado, objetivo específico definido, vamos para o SEGUNDO PASSO que começa com a boa e velha Associação de Ideias. Ou, como prefiro chamar, Associação de Palavras.

A partir do elemento dramático dado pelo objetivo específico, faça uma lista de palavras e expressões que tenham a ver com o universo do elemento dramático. Por exemplo, “quase caseiro” se relaciona com: casa, avó, avô, mãe, pai, tia, tio, sogra, sogro, governanta, empregada doméstica, mordomo, porteiro, café da manhã, almoço de domingo, cachorro, gato, papagaio, jardim, varanda, janela, rede, preguiça, sofá, domingo, férias, viagem em família, pé pra cima, receber visita, pia suja, etc.

A lista é imensa. Dê pelo menos 30 minutos do seu Processo Criativo para essa lista.

Depois de sentir uma dorzinha no cérebro, uma agonia como se não fosse sair mais nada dele, beba uma café, uma água e pule pra próxima etapa.

No TERCEIRO PASSO, você vai classificar essas palavras e expressões em fácil e difícil (F/D). É simples. Na lista relacionada à “quase caseiro”, se a palavra ou expressão te faz lembrar com facilidade uma situação caseira, F. Se a palavra ou expressão não te faz lembrar assim de primeira alguma uma situação caseira, D.

Não é uma regra, mas provavelmente, as F serão situações mais comuns a outras pessoas. Por isso são mais valiosas na hora de criar um roteiro que caia no gosto do público. Isso porque as pessoas gostam de se identificar com a história dos filmes. Gostam de se ver nelas, de se sentir parte. Use isso a seu favor.

O QUARTO PASSO é escrever uma situação inusitada, curiosa, engraçada, cativante. Posso continuar, mas acho que você já pegou o espírito da coisa. Contudo, essa história precisa — obrigatoriamente — caber em uma frase. Consegue? Vamos aliviar um pouco então: tem que caber em duas linhas (Arial 12).

Então pegue as palavras e expressões com F e comece a escrever. 5, 10, 20, quantas histórias curtas (duas linhas) você conseguir. Depois, só quando cansar de escrever, selecione as melhores.

Mas antes, uma dica: a história não precisa ser mirabolante. Quanto mais simples, melhor. Desde que ela transmita uma verdade, um pensamento coletivo, uma ideia compartilhada. Você é publicitário. Vai saber quando escrever uma.

Depois disso, estruture suas histórias em cenas e diálogos, se houver. Aí é só apresentar com confiança. Porque com certeza, você terá uma meia dúzia de boas histórias na mão.

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