Caio: Primeiras Estórias

Daniel Prata
Tipo Filosofia
Published in
3 min readFeb 1, 2019

- Eu tenho uma espada de príncipe. Não, tenho duas: uma de deixar espetada no dragão, outra de guardar pra depois.

- Pai, sabe os “dinossaios”?
- Sei, o que tem eles?
- Os “dinossaios” moravam em todo lugar, depois veio um “telescópio” que caiu no chão e subiu um monte de ar e eles morreram.

- Quando o rei vai dormir, ele tira a coroa.
Ele tira a coroa e põe a toca de papai noel.

Lá em cima do céu, em cima em cima da nuvem, tem uma casa.
Sabe o que tem dentro da casa? Uma floresta. E dentro da floresta mora um lobo.

- Olha, cabeu.
- Não é cabeu, é coube.
- É cabeu. “Coube” é aquele carro que leva as crianças pra escola

Ainda bem que eu sou o Samurai Jack. Eu mato Abus malvados.
E ainda bem que você é o papai do Samurai Jack. Você mata papais de Abus.

- Por que a luz não tava acendendo e agora tá de novo?
- Não sei, filho. Acho que ela tá ficando meio quebrada.
- Eu “ti” uma ideia: o que aconteceu foi que DEU PAU!

- Papai, você é uma bruxa venenosa.

- “Tongo tongo é rei de uma tribo inteira…”
- Para de cantar, pai. Eu não gosto dessa música.
- Não?
- Não. O Ângelo também não gosta. Ele não toca porque senão eu fico com sono e com sede. E ele pega a meia da polícia e a polícia fica brava com ele e prende ele.
- Por que ele pega a meia da polícia?
- Porque ele é um safadão.

- Papai, você pega o computador, tá bom? Porque você é forte. Eu não tô forte, olha, to muchinho. Eu só consigo pegar meu pote de uva, com meu braço muchinho.

- Mamãe, você dormiu pelada?
- Dormi.
- O papai pode ver você pelada?
- Pode, ele é meu marido.
- Quando o Leo nascer ele vai ser meu marido.

- Fez um xixizão filho?
- Sim. Até tremi.

Não pode pôr água no meu pintolé. Senão ele enche de água e morre.

- Do que você brincou hoje?
- Eu era o príncipe e a Estela era a princesa.
- E a Malu, quem era?
- Aquela bonitinha.

- Caio, a gente precisa comer né? Pra poder voar, correr..
- É. Senão a gente murcha, fica velhinho e morre.

- Eu bati minha cabeça.
- É mesmo, filho? Onde?
- Bem na parede do chão.

- Oi, você é o Batman? Oi Batman.
- Não! Eu não sou o Batman. Sou o HOMEM-ARANHA vestido de Batman.

- Pai, aquele moço tá deitado no chão.
- É mesmo, filho. Sabia que tem gente que não tem casa que nem a gente tem? A gente tem casa, tem cama, que bom né? Não chove na gente.
- Então vamos construir uma casa pro moço.
- Como?
- Com tijolo, cimento e palha.

- Que bonita essa blusa, quem te deu?
- A minha avó Marcia. Você conhece minha vovó Marcia, aquela branquinha?

- Papai você não pode ficar na rede comigo, porque você é um bundão. Tenho que ficar sozinho.
- Você que é um bundão.
- Não! Sou um bundinho, olha aqui.

- Papai, minha mão tá grudenta.
- É mesmo? Precisamos achar um lugar pra lavar ela então.
- Na cachoeira.
- Quer lavar sua mão numa cachoeira?
- Sim. Na casa do tio Janjão tem uma enorme. Vamos pra lá?

- Caio, a pecinha caiu lá embaixo da cama. Você consegue pegar pra gente? (…) Muito bem, olha só, achou direitinho, obrigado.
- Viu? É que eu sou um bom escalador de embaixos da cama.

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