Morfema, o que é isso?

Josi Gonzaga
Tiro de Letras
Published in
3 min readSep 30, 2020

O morfema é a menor unidade significativa da língua. Ou seja, toda palavra contém morfemas que tem o seu significado próprio. Por exemplo, a palavra supervalorização tem quatro morfemas: super + valor + iza + ção.

Inconstitucionalissimamente = in + constitu + cion + al + issim + a + mente.

Sua função: nomear ou relacionar os três elementos básicos do meio biossocial/antropocultural:

  1. Objetos;

2. Qualidades;

3. Ações.

ATENÇÃO! o meio biossocial ou antropocultural, segundo Inez Sautchuk (2018), corresponde ao ser humano e a sua cultura na vida em sociedade.

Esses três elementos básicos são representados, respectivamente, pelos substantivos, adjetivos e os verbos.

Quando o morfema tem a função de nomear esses três elementos são chamados de morfemas lexicais ou lexemas. São as palavras que contém uma carga semântica representativa, ou seja, informações sobre o significado que representa o mundo extralinguístico (mundo biossocial/antropocultural).

Os lexemas contêm um inventário aberto, isto é, um número variado de palavras – teoricamente infinito – que nomeiam os objetos, qualidades e ações.

Agora, quando o morfema tem a função de relacionar os três elementos básicos do meio biossocial/antropocultural, chama-se morfema gramatical ou gramema. São as palavras que abrangem exclusivamente a parte gramatical da língua. Não contém carga semântica e tem a função de relacionar ou estruturar os lexemas. Os gramemas constituem um inventário fechado, ou seja, um número finito de palavras. Tem-se dois tipos de gramemas:

  • Gramemas dependentes: quando o gramema faz parte da estrutura de um vocábulo. Por exemplo, os afixos.
  • Gramemas independentes: quando o gramema é um vocábulo, isoladamente. Por exemplo, os artigos, numerais, pronomes, preposições e conjunções.

Exemplificando:

No poema abaixo classificaremos cada palavra entre essas definições: gramemas (negrito) e lexemas (normal).

Estamos morrendo

desde que chegamos

e esquecemos de olhar a vista.

- viva intensamente

Rupi Kaur, o que o sol faz com as flores.

Para saber mais:

Você sabe a diferença entre vocábulo e palavra?

Primeiramente, você deve ter em mente que nem todo vocábulo é uma palavra, mas toda palavra é um vocábulo. A maioria dos linguistas concordam que ambos são conceitos próximos, no entanto a diferença é que a palavra tem significado próprio e existência isolada, enquanto alguns vocábulos variam essa carga semântica e é exatamente nesse ponto que os conceitos se equivalem.

Os vocábulos podem ter formas livres, dependentes e presos.

  • Formas livres: são os substantivos, adjetivos, verbos, alguns advérbios e numerais. Esses vocábulos constituem palavras por ter carga semântica.
  • Formas dependentes: artigos, conjunção, preposição, pronomes átonos. Estes não estabelecem comunicação sozinhos e por isso dependem das formas livres.
  • Formas presas: afixos, radical, desinências e vogal temática. Essas formas não existem isoladamente em enunciados e, portanto, aparecem fixas a um vocábulo. Veja a imagem abaixo:

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SAUTCHUK, Inez. Prática de morfossintaxe: como e por que aprender análise (morfo)sintática. 3ª. Ed. Barueri, SP: Manole, 2018.

PESTANA, Fernando. A gramática para concursos públicos. 4ª. Ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2019.

KAUR, Rupi. O que o sol faz com as flores. Tradução de Ana Guadalupe. 2ª. Ed. São Paulo: Planeta do Brasil, 2018.

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Josi Gonzaga
Tiro de Letras

um leve percurso entre o pensamento e sua concretização em linhas.