*O Matreco*
— “Bate la uma”, diziam os seus colegas de trabalho, na qual um deles segurava um copo de cerveja, refrescando as suas gargantas na hora de almoço, em pleno dia de trabalho.
— “Prova um gole então, vai-te deixar esperto”, insistia mais uma vez um dos seus colegas enquanto os restantes davam gargalhadas, zoando com a cara dele.
— “Serás certinho até quando, aqui se quiseres sobressair tens que ter boladas”. Como sempre, tentavam aliciar o seu colega, o suposto “Matreco”, para que se torna-se um deles.
O Símião era um jovem humilde, que vinha do norte do País, a procura de formação e trabalho. Perdeu os seus pais ainda cedo sendo criado pela sua avó. Foi ela que lhe deu direcção a vida e o ensinou alguns princípios que o tornaram um homem sábio e honesto.
Formou-se em Recursos humanos e com muita dedicação após bater tantas portas, conseguiu entra uma Recrutadora que prestava serviços a diversas empresas. Infelizmente não tem sido fácil para ele, pois os seus colegas zoavam constantemente com ele pelo facto de ser “Matreco”.
Era o único que não ainda andava de “chapa”, pois não queria se meter em esquemas de desvios como os seus colegas. Também tinha alguns conhecidos que o chamavam nomes, pois, quando concorriam numa das vagas, ele não deixava passar para as fases subsequentes, pois não reuniam requisitos suficientes, ou qualificações requisitadas.
— “Esse vai continuar, pobre. Nessa vida tens que ser esperto….”, por vezes ouvia quando caminhava no corredor da empresa onde trabalhava, enquanto os seus colegas fofocavam.
Num desses meses, o proprietário, da empresa teve de fazer uma viagem. No decurso da viagem os seus colegas decretaram que o País estava aberto, pois, podiam praticar os seus esquemas a vontade.
Somente na primeira semana, facturaram mais que seis meses de salário acumulado, e um deles já havia comprado mais uma viatura. O Símião se mantinha firme e justo, sem desviar um centavo, mesmo sabendo que teria de voltar para casa de “chapa”.
Eis que no dia seguinte aparece um senhor com uma proposta bastante tentadora, interagindo com o Simiao, queria que o mesmo facilitasse que os seus 3 filhos entrassem directo numa empresa de renome que estava a contratar. Em troca ele receberia, um valor equivalente ao seu salário acumulado a um ano, e alguns meses.
O Símião pensou bastante, lembrou-se de tudo que havia passado, dos pais que perdeu, do quanto cresceu sem condições, e das dificuldades que ainda passava. Lembro-se do que os amigos haviam-lhe dito, do quão a vida é injusta e que aquela pode ser a oportunidade que tanto esperava.
Pegou no dinheiro, contou e disse:
— “é bastante dinheiro. Muito obrigado, mas terei que recusar”. Acrescentou ainda
— “Mesmo tendo esse dinheiro em mão, sinto que não me pertence, não dessa forma. E se algum dia eu ganhar bastante dinheiro, será de forma honesta.”
De seguida o Simiao, devolveu todo o dinheiro e levou os currículos para que fossem avaliados de forma justa.
Por outro lado os seus colegas aceitaram a proposta do senhor, o que os deixou com bastante dinheiro, tendo o chamado mais uma vez de “Matreco”.
O disseram que ele perdeu a maior chance da sua vida e que também o homem na qual ele se recusou a ajudar, eram um dos amigos do dono da empresa, e que ele poderia ser despedido por não ter o ajudado.
Após chegar de viagem, o proprietário da empresa, convoca o Simiao para a sua sala.
— “Estas ferrado,”. Diziam os seus colegas.
Com portas fechadas, o seu chefe o diz:
— “O motivo que lhe traz aqui é bastante delicado. Porque não facilitaste a candidatura dos filhos de uma amigo meu enquanto estive fora?”.
— “Acho que essa não seria certo, Sr., isso não vai com as políticas da nossa organização, lamento senhor.”. Dizia o Símião, temendo o pior, mas firme do que havia feito.
-“Nesse caso” quero que arrume as suas coisas, não pertenceras mais ao cargo em que foste incumbido”, disse o seu chefe olhando nos seus olhos.
-“A partir de hoje essa é que será a sua sala, pois irei abrir uma outra empresa e preciso de pessoas como Tu, de confiança a tomar conta das mesmas”.
Enquanto que os seus colegas comentavam sobre a suposta demissão do “Matreco”, o Símião acabava de ser promovido com o cargo mais alto da empresa.
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