Passo adiante

Juan Grings
Toco e Tackle
Published in
2 min readDec 22, 2020

Jamal Murray e Donovan Mitchell protagonizaram um dos maiores confrontos da história dos playoffs na primeira fase da temporada passada. A série de 7 jogos entre Nuggets e Jazz foi emocionante até o fim e boa parte dessa emoção se deveu a estes dois jovens atletas.

Murray (23 anos) e Mitchell (24) somados fizeram 475 pontos na série, uma média de 67,8 pontos (!!!) por partida. O número foi tão absurdo que bateram um recorde de 51 anos, quando nas finais de 1969 John Havlicek e Jerry West combinaram para 464 pontos.

No caso do armador de Utah, inclusive, a excelente pós-temporada serviu para confirmar que ele pode ser o futuro da franquia. Por isso, o Jazz não vacilou e já deu logo o contrato máximo (5 anos e US$ 163 milhões). Para constar: Jamal Murray assinou a mesma extensão um ano antes.

Além da excelente atuação nos playoffs e da posição, os jogadores têm algumas outras semelhanças. Jogam em times que ainda parecem abaixo dos dois de Los Angeles (mesmo que os Nuggets tenham eliminado os Clippers), em mercados menores, ou seja, dificilmente haverá uma aquisição de mudança de patamar na free agency ou via troca, e ainda caminham para se tornar superestrelas.

Murray tem a carreira marcada como um pontuador agressivo e que por vezes explode para anotar 40 pontos e vencer jogos sozinhos. A questão dele é (ou era) consistência. Sempre foi muito raro vê-lo fazer dois ou três jogos em alto nível — um dos pré-requisitos para ser uma superestrela. Porém, ele teve exatamente essa consistência nos playoffs, o que é um bom sinal. No mais, ele alterna o protagonismo com o ótimo Jokic, que ainda é o franchise player em Denver.

Mitchell, em Salt Lake City, parece ter mais protagonismo. Mas é importante lembrar: na desavença entre Gobert e ele no meio deste ano, quando se levantava a hipótese de que o Jazz deveria escolher entre um ou outro, houve muita gente que defendia a escolha pelo francês. Um pivô muito bom defensivamente, mas que tem questões ofensivas principalmente no espaçamento da quadra. Porém, hoje é praticamente impossível projetar um time contender que se ancora em um pivô ‘tradicional’ — estou tirando Jokic, Towns e Porzingis desse balaio.

São, portanto, dois exemplos de jogadores que, antes daquela série absurda de playoffs, eram muito promissores, mas ainda cercados de algumas dúvidas. Agora é o momento do passo à frente, de ter mais protagonismo, porque as pretensões das suas equipes passam diretamente por eles.

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