Preview Wild Card 2021: O que ficar de olho em cada confronto
Depois das 17 semanas mais incomuns da história da NFL, com muitas surpresas, decepções, lesões, estádios vazios, casos de COVID-19 e mais lesões, chegamos aos playoffs. Além de todas as mudanças impostas pela pandemia, essa também será a primeira vez que teremos 14 times na pós-temporada, e SEIS confrontos na rodada de Wild Card.
Neste texto, trago os principais motivos para assistir a cada jogo (como se o simples fato de ser um jogo de playoffs, não fosse o suficiente) e quais questões podem ser fundamentais para decidir quem dá mais um passo em direção ao Super Bowl e quem tem seu sonho encerrado por aqui.
Quem quiser saber mais sobre cada duelo do wild card, pode ouvir o podcast dessa semana, onde aprofundamos mais o assunto ou assistir aos vídeos de preview no youtube. Tentarei não ser repetitivo, prometo. Sem mais rodeios, falemos do que realmente interessa.
#2 Buffalo Bills (13–3) X #7 Indianapolis Colts (11–5)
Razões para assistir ao jogo: Há rumores na imprensa americana de que essa será a última temporada de Philip Rivers na NFL — ainda que ele diga que quer voltar por mais um ano — e consequentemente, esse pode ser seu último jogo (ou um dos últimos, caso os Colts avancem). Gostando ou não do maior paizão da NFL, Rivers é um quarterback que deixará saudades depois que se aposentar, então é melhor aproveitar a oportunidade. Além do mais, ele costuma nos proporcionar jogos com muita emoção, e o confronto contra os Bills, deve ser mais um desses casos.
Pelo lado dos Bills, além de ver um dos duos de QB-WR mais explosivos da liga — Diggs foi um complemento perfeito para Josh Allen — esse será o primeiro jogo dos Bills em casa nos playoffs desde 1996. Por conta da pandemia, o New Era Field não estará lotado, mas os 6.700 torcedores da Bills Mafia presentes, devem ser o suficiente para incendiar o time dentro de campo, e nem mesmo as temperaturas negativas devem esfriar uma das torcidas mais fanáticas da NFL.
Pontos-chaves: Josh Allen deu o passo a mais em sua carreira, as 4544 jardas e 37 TDs lançados, poderiam colocá-lo na briga pelo prêmio de MVP, se não fossem as temporadas espetaculares de Mahomes e Rodgers. Stefon Diggs, que liderou a liga em jardas recebidas (1535) e recepções (127), será uma grande ameaça para uma secundária que sofreu com bolas em profundidade. O ponto de interrogação no ataque dos Bills, é o jogo corrido, que não engrenou durante a temporada com Devin Singletary e Zack Moss, e poderá fazer falta se Josh Allen não estiver em seus melhores dias.
Se Indianapolis correr bem com a bola, como fez na reta final da temporada, com Jonathan Taylor correndo para 740 jardas e 7 touchdowns nas últimas 6 semanas, e o time manter campanhas longas, cansando a defesa de Buffalo e mantendo Josh Allen fora do campo, esse jogo pode tomar rumos favoráveis para os Colts. Se Rivers não cometer turnovers e a defesa de Indy tiver uma performance dominante como na temporada regular pressionando o pocket, quando conseguiu 40 sacks e 14 fumbles forçados, os Colts podem surpreender.
#3 Seattle Seahawks (12–4) X #6 Los Angeles Rams (10–6)
Razões para assistir ao jogo: Desde que Sean McVay assumiu a sideline de Los Angeles e tornou o time uma presença constante em playoffs, Rams e Seahawks tem sido uma das principais rivalidades da liga. Os dois times já protagonizaram grandes duelos nas últimas temporadas, e esse deverá ser outro jogo quente. Sem falar que, de um lado temos o jogador mais dominante de defesa e do outro um dos melhores quarterbacks da atualidade, capaz de escapar das situações mais impensáveis de pressão e lançar passes ridículos para touchdowns ou grandes ganhos de jardas.
Pontos-chaves: Russell Wilson começou a temporada, mais uma vez, sonhando com MVP, mas sua queda de rendimento na segunda metade da temporada, praticamente aniquilaram suas chances. Porém, ter um quarterback de elite é sempre uma vantagem nos playoffs, então #letRusscook. DK Metcalf e Tyler Lockett são uma das melhores duplas de recebedores da liga, terminando a temporada com 1303 e 1054 jardas aéreas, respectivamente, além de marcarem 20 touchdowns combinados. A defesa melhorou na reta final, permitindo uma média de 290 jardas totais nas 6 últimas semanas, bem melhor que as 434 dos 10 primeiros jogos.
Pelos Rams, Jared Goff ainda é dúvida, após lesionar o polegar na semana 16. McVay faz mistério sobre quem será o titular no jogo mais importante da temporada, mas se a resposta for John Wolford, LA terá dificuldades. O jogo corrido melhorou, a opção de utilizar um comitê de running backs, surtiu bons resultados e três jogadores passaram das 400 jardas terrestres. A defesa, foi a grande surpresa e ponto forte do time, forçando fumbles, conseguindo interceptações e fazendo o QB adversário comer grama. Aaron Donald e Leonard Floyd bateram a marca de 10 sacks, conseguindo 13.5 e 10.5, respectivamente. Pressionar Wilson a todo instante e correr bem com a bola, esse é o caminho.
#4 Washington Football Team (7–9) X #5 Tampa Bay Buccaneers (11–5)
Razões para assistir ao jogo: Tom Brady. Esse é o nome. Gostando ou não do “Giselo”, ele está nos playoffs novamente. Será que Brady conseguirá manter o bom retrospecto nos playoffs de New England, agora jogando por Tampa? Essa também marca a primeira aparição dos Bucs em pós-temporada desde 2007, para se ter ideia, Brady venceu três Super Bowls e disputou os playoffs 11 vezes, neste período.
Washington é o time da superação. Ron Rivera, em sua primeira temporada no comando da equipe, além dos problemas enfrentados em campo, lutou contra um câncer nas células escamosas (e venceu). E Alex Smith? Muitos imaginavam que o quarterback nunca mais pisaria em um gramado da NFL. Ele não só voltou a jogar, como jogou bem, venceu jogos — o time teve campanha de 5–1 com Smith como titular — e levou o time da capital de volta aos playoffs depois de cinco anos. Além das polêmicas com o nome de cunho racista e o as acusações de assédio sexual feitas por funcionárias contra executivos da franquia, tudo isso ficou fora das quatro linhas, pelo menos dentro delas, Washington tem razões para comemorar.
Pontos-chaves: Washington só chegou aos playoffs porque joga na NFC East, que superou os patamares de bizarrice nessa temporada — isso vale um texto à parte — e por causa de sua defesa. WFT foi uma máquina de blitz, foram 240 na temporada, além de 46 sacks. Chase Young, é o favorito a calouro defensivo do ano, mas o prêmio que ele quer levar para casa é uma fotografia de Tom Brady jogado no chão, com os seus 120 Kg sobre ele. E isso será crucial para as esperanças de Washington, Brady sob pressão nessa temporada, foi um grande problema para Tampa Bay. O ataque não tem muito brilho, Antonio Gibson terá que fazer uma grande partida correndo com a bola, enquanto que McLaurin e Logan Thomas precisam aparecer, para o time ter chances reais de vitória.
Os Buccaneers tem um dos ataques mais versáteis e completos da liga, mesmo sem Mike Evans, que é dúvida para o jogo com uma lesão no joelho. Brady tem diversos alvos de qualidade, que podem fazer a diferença, mas quem precisa fazer um bom jogo, é a linha ofensiva. Se Brady tiver proteção e tempo no pocket para lançar, já é meio caminho andado para a vitória. A defesa, foi a melhor contra o jogo corrido na temporada regular, permitindo uma média de 80 jardas por jogo, e a oitava em pontos cedidos, com 22,2 por partida. Mantendo esse desempenho, os Buccaneers são favoritos, com uma certa margem.
Assista ao vídeo de preview dos jogos de sábado no canal do T&T no youtube
#4 Tennessee Titans (11–5) X #5 Baltimore Ravens (11–5)
Razões para assistir ao jogo: Se você gosta de corrida, diria para assistir uma maratona ou um Grand Prix da Fórmula 1… ou Titans x Ravens. Esse jogo vai ser uma correria louca, ao melhor estilo NFL nas décadas de 20 e 30. A partida de domingo, marca o encontro entre os dois melhores ataques terrestres da liga, os Ravens, possuem a melhor média com 191 jardas por jogo e os Titans, a segunda, com 168.
De um lado, Lamar Jackson, o primeiro quarterback na história da liga a alcançar 1000 jardas corridas em duas temporadas. Do outro, Derrick Henry, oitavo running back a ultrapassar a marca das 2000 jardas terrestres em uma temporada, além de liderar a liga em jardas corridas, tentativas de corridas e touchdowns terrestres em 2020. Além de tudo isso, o jogo servirá como uma revanche do divisional round da temporada passada, quando os Titans atropelaram os favoritos Ravens por 28 a 12.
Pontos-chaves: Ryan Tannehill se redescobriu em Tennessee, ou melhor, descobriu-se que ele é um ótimo quarterback em Tennessee. Talvez o sistema de jogo potencialize suas atuações, mas isso não tira os méritos dele. Em 2020, foram 3819 jardas passadas, 33 touchdowns (melhor marca da carreira) e apenas 7 interceptações. AJ Brown terá um matchup interessante no duelo de domingo e pode importunar a boa secundária de Baltimore. Mas o que pode fazer a diferença — para o bem ou para o mal — é a defesa dos Titans, que piorou muito em relação ao ano passado, quando parou Lamar e companhia nos playoffs. A unidade é apenas a 28ª em números gerais e a 29ª contra o passe.
Baltimore, desta vez, não chega com status de favorito a ganhar o título, e isso pode ser benéfico para o time. Lamar Jackson ainda não venceu nos playoffs (0–2) e parece ter piorado como passador nessa temporada, o time teve o pior ataque aéreo da NFL. Sorte a dele, que os Ravens tem, também, o melhor jogo corrido da liga, com o calouro JK Dobbins despontando como uma futura estrela, Gus Edwards desempenhando um bom papel de coadjuvante, sem falar do próprio Lamar, quase imparável com as pernas. A defesa também melhorou, sendo a sexta melhor contra o passe e a oitava contra o jogo corrido. Vence quem chegar mais perto de parar o ataque terrestre adversário e cometer menos turnovers.
Assista também o vídeo de preview dos jogos de domingo no canal do T&T no youtube
#2 New Orleans Saints (12–4) X #7 Chicago Bears (8–8)
Razões para assistir ao jogo: Drew Brees é outro que está próximo da aposentadoria, ainda mais depois de quebrar 11 costelas, essa pode ser sua última chance de conquistar mais um Super Bowl. Um dos mais lendários quarterbacks da história da NFL, já não vive mais seu melhor momento, mas tem um time muito equilibrado ao seu redor, o que mantém seu sonho ainda possível. É sempre bom ver Drew Brees em ação. Do outro lado, um quarterback nem um pouco menos brilhante, Mitchell Trubisky. Calma, calma… é brincadeira, é só uma brincadeirinha. Mas agora falando sério, pode ser uma chance de redenção para Trubisky, por quê não?
Pontos-chaves: Kamara é questionável para o confronto, devido a um teste positivo para COVID-19 na semana passada, isso pode mudar um pouco os cenários. Com Kamara em campo, New Orleans é amplamente favorito, nem mesmo a zica do Superdome poderá ajudar os Bears. Contudo, mesmo sem ele em campo, os Saints dominaram os Panthers na semana 17. Do outro lado da bola, a defesa da equipe de Louisiana é um espetáculo à parte, quarta melhor contra a corrida e a quinta contra o jogo aéreo, além de ser a terceira que mais força turnovers. É difícil imaginar o frágil ataque dos Bears levando a melhor contra essa defesa.
Chicago fez o que pode para não se classificar para os playoffs, mas Mitch Trubisky, o jogo corrido e os tropeços dos adversários, classificaram a equipe. A defesa mesmo não sendo mais tão dominante como em 2018, ainda é o ponto forte dos Bears. Khalil Mack, mesmo tendo “apenas” 9 sacks em 2020, e Roquan Smith podem incomodar Drew Brees, que já está machucado. Olho no pass rush de Chicago. Para o ataque funcionar, Montgomery precisa ter um bom jogo, tirando um pouco da responsabilidade das costas de seu quarterback. O problema é que New Orleans só cede 93 jardas terrestres em média por jogo. Esse será o teste final para Trubisky, caso perca, bye bye wind city.
#3 Pittsburgh Steelers (12–4) X #6 Cleveland Browns (11–5)
Razões para assistir ao jogo: São tantas. Primeiramente, é uma rivalidade divisional, os Browns foram os únicos a vencerem os Steelers dentro da AFC North. Cleveland retorna aos playoffs depois de 18 anos, dando fim ao maior jejum da NFL, e parece que, enfim, o rebuild deu resultados positivos. Ainda tem Baker Mayfield, escolha número 1 do draft de 2018, que entre altos e baixos, demonstrou melhoras e guiou os Browns à pós-temporada.
Pelo lado de Pittsburgh, resta a dúvida, qual time veremos nos playoffs: o das 11 primeiras semanas, praticamente imbatível ou o dos últimos jogos, que não passa muita confiança? Também tem a espetacular defesa dos Steelers, uma das melhores da liga, capaz de decidir jogos ou pelo menos facilitar a vida do ataque. E por fim, Big Ben. Assim como Brees, Rothlisberger já está próximo do fim de sua carreira e essa pode ser sua última chance real de conquistar outro Super Bowl.
Pontos-chaves: O jogo corrido de Pittsburgh foi um problema durante toda a temporada, e agora, nos playoffs, pode pôr tudo a perder. Big Ben teve boa temporada, passando das 3800 jardas e 33 touchdowns, mas mostrou que já não é mais o mesmo de antigamente em alguns momentos de pane. A defesa pode fazer mais um “jogo da vida” e segurar as pontas para Pittsburgh. TJ Watt, candidatíssimo ao prêmio de defensor do ano, Stephon Tuitt e Minkah Fitzpatrick, entre outros, poucas vezes se viu tantos jogadores de alto calibre juntos em um time — e ainda tem Bud Dupree e Devin Bush lesionados.
Para Cleveland, a solução é simples, correr com a bola, passar rápido e pressionar o pocket. Se os Browns fizerem essas três coisas, ficarão próximos da vitória. Agora, os problemas. O treinador Kevin Stefanski não comandará a equipe, após testar positivo para COVID-19, isso pode impactar muito nas chamadas de jogo, e ser um agravante para o desempenho de Baker. Na defesa, Olivier Vernon também está fora, o pass rush fica um pouco mais enfraquecido com sua ausência. Ambas as equipes têm chances de avançar e de ir longe nos playoffs, mas uma delas fica por aqui. Um jogaço para fechar a rodada de wild card.
