Super Bowl LV: Defesa para Mahomes e Tom Brady faz história (mais uma vez)

Buccaneers se mostram superiores coletivamente e conquistam segundo Super Bowl em sua história

Jonatan Mombach
Toco e Tackle
7 min readFeb 9, 2021

--

O Tampa Bay Buccaneers conquistou, no último domingo, o segundo Super Bowl de sua história, ao vencer o Kansas City Chiefs por 32 a 9. A equipe também se tornou a primeira franquia a ser campeã jogando em seu próprio estádio. Mas quem entrou mesmo para a história (mais uma vez) foi Tom Brady, que quebrou várias marcas da liga e conquistou seu sétimo anel, mais do que qualquer outro jogador ou time na NFL.

O mais impressionante em tudo isso, foi a forma como os Bucs venceram o jogo, ninguém poderia imaginar que os Chiefs, atuais campeões, seriam dominados do jeito que foram. Tampa Bay doutrinou na defesa, impondo o jogo mais difícil da vida de Patrick Mahomes, que tentou fazer de tudo, mas não obteve sucesso. Do outro lado, o ataque foi cirúrgico, apareceu nos momentos mais importantes da partida, com boas campanhas e colocando pontos no placar. Uma verdadeira lição de futebol americano.

Mas deixando de lado a conversa fiada, vamos falar dos pontos que mais chamaram atenção no duelo, e o que fica de aprendizado, para os Chiefs, para os Buccaneers e para todos os torcedores.

Imagem quase inédita de Tom Brady comemorando uma vitória em Super Bowl

Tom Brady incomparável

Mesmo quem não simpatiza muito com o marido da Gisele, precisa admitir que ele é um case de sucesso poucas vezes visto na história dos esportes. Quanto aos números do quarterback no jogo, foram 209 jardas passadas, três touchdowns, nenhuma interceptação e um rating de 125,9. Um jogo limpo (sem turnovers) e consistente, como manda a cartilha. Esse foi o sétimo título de Brady e o quinto prêmio de MVP em seu décimo Super Bowl disputado, todas marcas absurdas. Agora ele tem mais troféus do que as 32 franquias da NFL. Tom Brady você é ridículo!

Mas não é só isso. Ele já tem 43 anos, e conquistou — talvez o mais fácil — título de sua carreira em um time novo, com um treinador novo e um sistema de jogo diferente do que ele jogou nos últimos 20 anos. O que Brady fez jogando em New England já o colocava em um seleto panteão, mas essa conquista o eleva a um novo patamar. A mudança que ele provocou na mentalidade de uma equipe que não disputava os playoffs a 12 anos, transformando em um time vencedor, é algo fantástico. E pra finalizar, a trajetória até o título, Brady boy venceu Drew Brees, seu oponente direto na briga por recordes gerais da liga, Aaron Rodgers, o MVP da temporada, e por último, Mahomes, o novo rosto da liga e o quarterback mais talentoso da atualidade. Não existe enredo melhor do que esse.

A volta por cima de Gronk e Fournette

O ataque de Tampa Bay já tinha muitos talentos antes da chegada de Brady, mas depois de sua mudança para a Flórida, várias outras estrelas se juntaram ao time. O primeiro deles, o companheiro inseparável de Brady, Rob Gronkowski. Gronk voltou da aposentadoria, e apesar de não ter feito a melhor temporada de sua carreira, foi muito importante para o time. Talvez o Super Bowl tenha sido seu melhor jogo no ano, recebendo para 67 jardas e 2 TDs. Gronk é um monstro na pós-temporada, e mostrou ser fatal, mais uma vez.

Quem também chegou nesta temporada e teve papel fundamental na conquista, foi o running back Leonard Fournette. Apesar de dividir as carregadas com Ronald Jones, Fournette correu por 89 jardas em 16 tentativas e recebeu quatro passes para 46 jardas (segunda melhor marca do time). Seu touchdown de 27 jardas no terceiro quarto estendeu a vantagem dos Bucs para 28–9 e colocou Kansas City nas cordas. Antonio Brown, que se manteve longe de polêmicas, foi outro que deu a volta por cima e conquistou o primeiro Super Bowl de sua carreira. O wide receiver deixou o estrelismo de lado e assumiu um papel mais secundário no ataque bucaneiro.

A espetacular defesa de Tampa Bay

Brady pode ter sido eleito o MVP da partida, mas a defesa merecia ter levado esse prêmio coletivamente. Em uma atuação impecável, a unidade conseguiu pressionar Mahomes e anular seus principais alvos durante quase todo o jogo. Mahomes esteve sob pressão em 32% dos snaps — pode parecer bem mais do que isso, já que ele não teve um segundo de paz — foram pouquíssimas jogadas em que ele teve tempo e tranquilidade para tentar encontrar um recebedor desmarcado e completar um passe. E para tornar isso ainda mais espantoso, os Bucs pressionaram o quarterback com 4 jogadores ou menos em 34% dos dropbacks, conseguindo êxito em boa parte dessas jogadas.

Mahomes não conseguiu respirar sem ter alguém querendo lhe dar um abraço

Todd Bowles, coordenador defensivo de Tampa, deu um nó tático no ataque dos Chiefs, como talvez nunca se tenha visto antes. Enquanto a linha defensiva pressionava Mahomes de todas as formas, com Shaq Barrett de um lado, Pierre Paul do outro e Ndamukong Suh pelo meio, os linebackers Devin White e Lavonte David, dois dos melhores jogadores da posição na cobertura do passe, patrulhavam o meio de campo, evitando grandes avanços dos recebedores dos Chiefs, principalmente de Travis Kelce. A secundária aprendeu a lição depois do jogo da semana 12, quando Tyreek Hill teve mais de 250 jardas e 3 TDs, desta vez o jogador foi praticamente anulado. Os Buccaneers jogaram com os dois safeties recuados em 59 das 68 jogadas ofensivas dos Chiefs, evitando jogadas em profundidade. Cada jogador executou sua função com maestria, reduzindo o potente ataque de Kansas City a apenas 9 pontos e nenhum touchdown anotado.

Desfalques na linha ofensiva dos Chiefs

Kansas City jogou o Super Bowl com reservas em quatro das cinco posições da linha ofensiva. Isso com certeza impactou no ataque dos Chiefs. O guard Laurent Duvernay-Tardif, optou por não jogar a temporada por conta da pandemia de COVID-19, e outros três titulares, o left tackle Eric Fisher, o guard Kelechi Osemele e o right tackle Mitchell Schwartz, não jogaram devido a lesões.

Além de jogar com reservas, muitos deles estavam fora de sua posição original, não acostumados a desempenhar aquela função. O desastre estava por vir. Mesmo tendo o quarterback mais dinâmico da NFL e alguns dos melhores recebedores da liga, esse ataque não é o mesmo sem sua linha ofensiva. Os Chiefs foram massacrados nas trincheiras, perdendo a maioria dos duelos para a linha defensiva de Tampa Bay. A linha ofensiva continua sendo fundamental no esquema do futebol americano, sua função tática é de essencial importância para o êxito de todo o sistema ofensivo.

Excesso de faltas da defesa

Diferentemente dos outros jogos dessa pós-temporada, a defesa de Kansas City não teve boa atuação. Além de permitir 31 pontos, o time conseguiu sacar Tom Brady apenas uma vez, não causando grande pressão sobre o passador. Mas o que mais acabou pesando negativamente foram as penalidades excessivas da defesa, principalmente na reta final do segundo quarto, mantendo a campanha dos Buccaneers viva. Foram 8 faltas que combinaram para 95 jardas apenas no primeiro tempo.

Algumas dessas penalidades foram bem questionáveis, é bem verdade, mas a falta de concentração da defesa foi notável. Algumas das referências da defesa pareciam estar perturbados, Tom Brady realmente entrou na cabeça dos adversários, vide Tyrann Mathieu. Todas essas penalidades não importaram muito no final, não chegaram a influenciar o resultado do jogo, porque o ataque de alta octanagem dos Chiefs foi dissecado e não chegou nenhuma vez sequer na endzone.

Quem faz o “sinal da paz” por último, faz melhor

Em síntese, foi uma vitória coletiva de Tampa Bay, que triunfou no ataque e na defesa, mostrando ser um time mais completo. Os Chiefs, que em muitos momentos da temporada pareciam imbatíveis, mostraram que têm pontos fracos, que se explorados podem causar grandes danos. Bruce Arians, que conquistou seu primeiro Vince Lombardi como treinador, e o coordenador Todd Bowles, deram uma aula de como parar o melhor ataque da NFL, e pode ter certeza, que muitas outras equipes assistirão ao tape do jogo e tentarão fazer o mesmo durante a próxima temporada.

Algumas coisas precisam ser pontuadas após o jogo de domingo. Mahomes não tem culpa nenhuma nessa derrota, a OL estava totalmente defasada e ele não recebeu quase nenhum apoio dos companheiros e da comissão técnica — isso precisa ser dito. Esse jogo mostrou mais uma vez a importância da linha ofensiva, para muitos que acompanham a pouco tempo o esporte, aqueles grandões podem parecer não ter muito valor, mas se eles não tiverem um bom jogo, não há quarterback que resolva.

Pelo lado dos Bucs, a mudança na mentalidade da equipe com a chegada de Tom Brady é algo que ficará marcado para sempre. Qual jogador que não entrega o máximo de si, sabendo que está jogando com o maior quarterback de todos os tempos? Com uma boa comissão técnica, uma defesa repleta de talentos e um ataque dinâmico, os Buccaneers construíram uma cultura vencedora, um time que tem um único objetivo: superar a todos. E esse objetivo foi alcançado com sucesso.

Siga a gente no Twitter e no Instagram.
Assine nossa newsletter semanal gratuitamente.
Nosso podcast semanal está disponível no Spotify e nos demais agregadores.
Temos o canal no YouTube com vídeos exclusivos e claro, a gravação dos podcast.

Quer fazer parte do nosso time de redatores? Entre em contato conosco nas redes sociais ou mande um e-mail para tocoetacklepod@gmail.com!

--

--