Carta breve pro medo destruir

Natália Nespoli
Toda Palavra
Published in
1 min readMay 3, 2020

Vitória, 03 de maio de 2020.

Nanda (Stange),

Quanto tempo dura nossa amizade! Com você vivo e aprendo muitas coisas.

Penso que assim como tem feito na sua clínica, ao recomendar Manoel de Barros para desemaranhar nós, você faz comigo. Por sua causa conheci muita coisa importante, inclusive Grande Sertão, remédio certeiro para a travessia de um momento muito delicado da minha história. Livros como este precisam de hora certa.

Os jagunços de Guimarães Rosa nos ensinam mesmo muito sobre coragem. Concordo com Riobaldo quando diz que a vida não é entendível, que ninguém pode medir suas perdas e colheitas e que ela é para o sarro de medo se destruir. Para ele, com o que assinto, toda ação principia por uma palavra que vai rompendo rumo e talvez seja por isso que essas cartas têm sido tão importantes.

“A vida é ingrata no macio de si; mas tantraz a esperança mesmo no meio do fel do desespero.”, diria Tatarana.

Esperança, minha amiga, esperança…

Um beijo,

Natália

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