Juntamos as escovas!

Lara Gondim Toledo
TodaPalavra
Published in
2 min readMay 9, 2018
Photo by Nathan McBride on Unsplash

“Que bacana, Lara! Isso quer dizer que você casou?”

Não necessariamente. Quer dizer que duas pessoas que se gostam resolveram morar em um mesmo quadrado.

Recebi um sem-fim de (in)diretas questionando essa decisão.

Mas nem no civil? Não precisa ser uma festança; faz só uma coisinha simples, para os mais chegados! É importante ter a bênção de Deus! Toda mulher sonha em entrar de branco na igreja. Mas do que você tem medo? É de compromisso? De se amarrar a alguém? Você, como sempre, toda moderninha, querendo chocar a sociedade!

Foi mal aê, sociedade. Não quis causar transtorno. Acontece que, por uma “simples” questão orçamentária, não tô podendo bancar nem um churrasquinho. Isso não significa que eu não queira ou não vá comemorar a união. Só que, na minha lista de prioridades, um sofá aconchegante para o Netflix está (bem) acima de uma pilha de bem-casados. Nada contra os casórios tradicionais, ok? Participei de celebrações lindas, chorei com noivas adentrando igrejas lotadas, fiquei boquiaberta com vestidos brancos que pareciam obras de arte, me estapeei na muvuca do buquê. Acontece que, no momento, não me imagino assim. Pode ser que isso mude. Pode ser que não.

Acredito que o amor transcende rituais. Embora complexo, podemos (paradoxalmente) encontrá-lo nas coisas mais simples, nos pequenos eventos cotidianos. Naquele sorriso, por exemplo. Aquele que você abre toda vez que eu chego e que me faz sentir a pessoa mais importante do universo. No seu jeito manso de acalmar meu mundo e dizer que “vai ficar tudo bem”. Quando você ri das coisas bobas que eu digo. Quando contesta as coisas insensatas que eu penso. Quando vibra com as coisas loucas que eu sonho.

O amor vai além da troca de alianças ou da comunhão de bens. É a união de almas que evoluiriam sozinhas, mas que entenderam que seria ainda mais incrível se fossem juntas. Não é esperar sempre o melhor de você, mas reconhecer e respeitar as suas sombras. É, justamente, aprender a enxergar a beleza na imperfeição.

O amor é uma produção mútua de energias virtuosas. É como se, de repente, nos elevássemos a um estado sublime de entrega, nos deixando um tantinho mais próximos do que consideramos divino. Não sei como chamam este fenômeno. Eu chamo de Deus.

É isso. Amar é encontrar Deus no outro. E esta é a coisa mais sagrada que existe.

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