Excesso de bagagem
Quantas escolhas são realmente suas?
Eu venho fazendo essa pergunta no banho, dirigindo até a faculdade ou voltando do trabalho sem prestar a mínima atenção no caminho. Mas essa não é uma pergunta que faço em voz alta, como se desafiasse alguém a responder. Ela é feita de fora pra dentro, nos dias que só passam e no silêncio das dúvidas que moram em mim.
Mas não sou o tipo de pessoa que se permite ter dúvidas. Meio duro, né? Sempre gostei de certezas e palavras ditas. Sou capricorniana com ascendente em Touro, faço de tudo pra ter os pés nos chão e os pensamentos no lugar. Só que nem sempre eles acompanham minhas expectativas. Às vezes eu viajo no tempo, tentando encontrar algumas respostas de passado e futuro. Só que volto com um barulho infernal na cabeça, como se fosse uma punição por pensar demais.
E isso pesa.
Pesa um tanto de coisa: algumas inseguranças que escondo, vontades que precisaram ficar pra trás, amores que eu quis pra mim, pessoas que não me enxergaram e as histórias que eu não vou esquecer (as vividas e as imaginadas). Peso e penso, penso, penso… Nesses dias demorados de passar, eu tento mudar a direção das dúvidas: ir de dentro pra fora, tentar enxergar como possíveis os planos que só faço. Mas também não me permito, tenho tanto medo de voar. Medo de olhar os pés e ver que estão instáveis. Medo da pergunta mais silenciosa que faço a mim mesma.
Quantas escolhas são realmente minhas?
