Quando não é pra ser, não há nada que faça o universo mudar de ideia

Carolina Firmino
Todas as estações
2 min readSep 13, 2018

Preciso esperar que o tempo resolva.

Perdi as contas de quantas vezes justifiquei assim as coisas que deixaram de acontecer na minha vida. Principalmente os relacionamentos em que eu acreditei, e as pessoas que sempre foram e voltaram. Acumulava tentativas e resistia a todos os sinais de que não daria certo, porque sempre achei que isso era ser forte. Ou que isso era gostar de alguém. Mas depois de tantas frustrações e da teimosia em não enxergar o óbvio, precisei dar um voto de confiança ao universo.

Nota sobre as coisas que faíscam dentro de nós: não ter medo

O tempo ajuda em muitas situações, mas, quando não é pra ser, não há nada que faça o universo mudar de ideia. Depois dos tombos, eu finalmente entendi o significado disso: enquanto a gente briga pelo que (ou quem) deseja cegamente que aconteça, não enxerga tudo de bom que está acontecendo. Insiste na solidão daquilo que espera sentir junto e se machuca ao imaginar histórias de amor improváveis.

Eu imaginei uma dessas histórias.

Era fim de tarde de uma quinta-feira e a gente combinou de se encontrar em um bar onde toca o rock antigo que ele gosta. Dividimos nossa cerveja preferida, falamos sobre filmes, viagens e relembramos conversas engraçadas. Até que vieram os abraços, o carinho nas mãos, os beijos sem pressa e a felicidade de finalmente sentir a pele dele na minha. Olhava o cara que sorria pra mim e não havia outro lugar em que eu quisesse estar, senão ali, com a boca colada naquele sorriso.

Seria incrível se tivesse acontecido, mas não rolou. Queria tanto essa história, que foi difícil aceitar que ela talvez não seja minha. Caramba, como a gente demora… É que não é de um dia pro outro que se deixa de pensar em alguém. Pior que isso, pode ser que o seu alguém escolha um caminho diferente bem antes, e aí não adianta mesmo se apertar em uma vida aonde não tem espaço.

Aqui já posso dizer que o tempo foi determinante. Com ele e a idade que aumenta, comecei a ver o voto de confiança no universo como uma estrada onde as placas só me indicam um sentido: para frente. Nesse novo trajeto, eu tento superar aquela dorzinha que perturba, sabe? Que se aproveita da confusão de sentimentos e faz imaginar o que poderia ter sido. Antes de pensar assim, eu acusei o universo de ser um cara sem humor que assiste a todos os meus fracassos amorosos só pra rir de alguma coisa. Agora, já acho que ele se tornou um amigo de visão privilegiada, pronto pra mostrar quais histórias realmente foram feitas pra mim.

Mas isso só se jogando na vida pra saber. E se permitindo enxergar os sorrisos que ficam depois que alguém vai embora da gente.

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Carolina Firmino
Todas as estações

Jornalista, capricorniana, adora ler e falar sobre a vida. Combina tudo com cerveja.