A interdisciplinaridade do UX Design para superar desafios políticos

B. Araujo
Todas as Letras
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2 min readNov 12, 2021

Como eu, sendo cientista política, compreendo os conhecimentos de UX Design compatíveis para minha trajetória profissional?

Este texto vai parecer meio desabafo, meio manifesto de uma vontade e projeto coletivo de uma realidade diferente, inclusiva e diversa.

Quando iniciei a estudar UX, percebi que havia certa consonância com minha formação e possibilidade de estar retornando esse aprendizado para coletividade, sempre fui muito a favor da interdisciplinaridade, característica também presente em minha área. Inclusive, pode parecer nada óbvia essa correlação, mas neste texto me proponho a colocar de forma mais sucinta possível os pontos de semelhança.

Para alguns teóricos de minha área um dos vários objetivos da política é garantir a felicidade de todas as pessoas e para isso, no que diz respeito à política, além de leis e acordos de boa convivência, é necessário boas políticas públicas elaboradas para suprir as necessidades ou superar os desafios mapeados a partir da escuta ativa, pesquisa com metodologias confiáveis e apropriadas para auxiliar na análise destas informações de forma que permita a criação e execução desta política pelo Estado/Governo com seus burocratas implementadores: Profissionais da educação, saúde, segurança entre outros profissionais que compõem o Estado e lidam diretamente com a população em geral.

Claro que há outras variáveis que devem ser levadas em consideração como o bom desenho de uma política pública, todo o processo de pesquisa com o mais perfeito rigor científico, mas há problemas em sua execução dos mais variados: Dificuldade de acesso às informações, texto com pouca clareza, plataformas pouco amigáveis com o usuário — Isso porque deve-se levar em consideração que acesso à internet é ainda restrita há uma pequena parte da população brasileira — e, mecanismos que garantam a possibilidade de coibir desvios de condutas por parte dos implementadores, exemplo: Servidores que se negam a usar e desrespeitam o nome social da pessoa trans que busque usar o serviço de saúde.

Atualmente tenho me debruçado em campanhas políticas, meu foco sempre foram as candidaturas de pessoas de minorias políticas como mulheres negras, pessoas LGBT+, pessoas com deficiência (PCD) entre outras pessoas que estão também dentro desta categoria, pois precisamos de representação política desta parcela. Isso porque percebi que todo o processo de construção da imagem de candidatos, as histórias contadas, estratégias estabelecidas para gerar empatia/conexão com público alvo, contam com uma equipe diversa, mas não são todas as pessoas que contam com este suporte, principalmente esses perfis de candidaturas que são de populações que já se encontram com o mais variável nível de vulnerabilidade.

Dito isto, muito me chama atenção que há todo um método e forma “certa” de se fazer política, campanhas políticas, que são de um modelo cis-masculino branco e normativo que obrigam essas candidaturas “diferentes” sejam violentadas a reproduzirem esse modelo em suas campanhas, ou seja, parte das metodologias de Design é trabalhar com desafios e resolução/superação dos mesmos, talvez a maior contribuição para pessoas com objetivos semelhantes.

E você, pessoa que me lê, quais outras semelhanças com UX ou outras áreas para além da Ciência Política, você encontra com o que relato brevemente por aqui e vice-versa?

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B. Araujo
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O mais puro e glorioso desprezo combinado a tédio com voraz tendência a amar tudo aquilo que for torpe e indigno| Cientista Político e Podcaster quando pode.