Diversidade e Inclusão: você está fazendo o seu papel?

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A TODXS Consultoria preparou um check list para ajudar nessa reflexão.

Por Pris Rosso

As temáticas de Diversidade e Inclusão estão entrando cada vez mais nas pautas de discussão das grandes companhias, com a criação de departamentos voltados para a promoção desses temas dentro das empresas ou, em um momento mais inicial, com a realização de debates e treinamentos visando à conscientização das pessoas colaboradoras.

Também por isso é cada vez mais comum encontrar pela internet publicações relacionadas e que visam ensinar boas práticas ou discutir aspectos específicos — desigualdade do mercado de trabalho; preconceito e discriminação; as vantagens de ter um ambiente diverso, entre outras.

No entanto, não podemos esquecer de que as empresas, e o mundo em geral, são feitos de pessoas e somente quando cada um fizer a sua parte é que teremos um ambiente mais inclusivo e diverso. Por isso, gostaríamos de te provocar uma reflexão: será que você está colaborando para tornar o mundo um lugar mais diverso e inclusivo?

Sabemos que é uma pergunta complexa, por isso preparamos o check list abaixo para te ajudar nessa reflexão:

Muitas vezes nós não percebemos que estamos reproduzindo preconceitos que aprendemos ao longo da nossa vida, como imaginar que mulheres sejam menos competentes por serem mulheres; que pessoas com deficiência são menos capazes; que pessoas negras ou indígenas são menos instruídas; dentre outras questões.

Esses são aspectos ligados ao machismo, capacitismo e racismo que estão embutidos no senso comum da nossa sociedade e que não auxiliam na construção de um mundo mais diverso e inclusivo.

Já passou da hora de excluir palavras pejorativas como “traveco” do seu vocabulário, caso você ainda não o tenha feito. Esse tipo de palavra inferioriza as pessoas e não contribui para diminuir o preconceito na sociedade. Além disso, é sempre importante utilizar os pronomes com os quais a pessoa se identifica e o nome com o qual ela se apresentou. Se estiver em dúvida, pergunte qual os pronomes que a pessoa prefere. Por fim, evite perguntar o nome de registro de uma pessoa transgênera, pois isso é constrangedor para essas pessoas.

Infelizmente, como as pessoas transgêneras enfrentam muito preconceito social, acabam tendo maiores dificuldades no mercado de trabalho. Por isso, se estiver em posição que possibilite, considere contratar essas pessoas, ajudando-as a terem oportunidades iguais.

Quem nunca ouviu aquela célebre frase “eu não sou uma pessoa preconceituosa, tenho até pessoas próximas LGBTI+/negras/com deficiência”? O problema é que somos pessoas preconceituosas porque a sociedade está imersa nessas questões e nós vivemos nela. Então, será que você trata esse amigo(a/e) da mesma maneira como trata os demais? Será que você o convida para os seus eventos sociais? Você convidaria aquele colega gay ou bissexual para compor o seu time? Ou aquela colega lésbica ou bissexual com expressão de gênero masculinizada? Ou aquele colega assexual que não tem relacionamentos?

Também não é bacana fazer perguntas ofensivas como “quem é o homem/a mulher da relação?” ou “quando você irá sair dessa fase?”, porque elas são inadequadas e constrangedoras. A orientação sexual de uma pessoa (ser gay, lésbica ou bissexual, dentre outras) não é a mesma coisa que a identidade de gênero, portanto, ser gay, bissexual ou ter outra orientação não faz um homem menos homem. Da mesma forma, ser lésbica, bissexual ou ter outra orientação não interfere no entendimento de uma mulher como mulher.

A forma como os homens cis são criados na sociedade acaba criando hábitos negativos, dentre eles, interromper as colegas/amigas quando elas estão apresentando um raciocínio. De tão comum, esta prática recebeu até um nome em inglês: manterrupting. Outra situação que recebeu um nome em língua inglesa é a apropriação da ideia de uma mulher por um homem: bropriating. Será que estamos dando os créditos as mulheres pelas suas ideias ou só as validamos quando são ditas por homens?

Quem nunca ouviu aquela piadinha sobre uma pessoa do trabalho ou um comentário negativo sobre uma pessoa do seu círculo de amizades e ficou quieto? Ao contrário do que pode parecer, estes comentários não tem nada de inocentes e ajudam a manter os padrões preconceituosos e discriminatórios que existem na nossa sociedade. Além disso, eles também podem chatear as pessoas que são o alvo.

Ainda há muitas feridas da época da escravidão que não foram sanadas. As pessoas negras compõem boa parte da parcela mais pobre da nossa população, além de receberem salários menores em relação às pessoas brancas e frequentemente terem dificuldade de acessar a educação formal, ocupando postos de trabalho menos qualificados. Essas questões, somadas ao racismo estrutural que vigora no Brasil, fazem com que as pessoas negras sejam frequentemente associadas ao estereótipo de criminoso que temos na nossa cabeça. Além disso, nem sempre temos consciência de que possuímos essa visão introjetada, pois é uma questão cultural que perpassa por todas as pessoas. A falta de representatividade na mídia de pessoas negras ocupando posições sociais diferentes também reforça essa visão.

O viés geracional é bastante presente no mercado de trabalho brasileiro. Quando uma pessoa com mais de 50 anos perde o seu emprego é difícil que ela consiga uma recolocação, uma vez que está “velha” para os padrões do mercado. De maneira semelhante, pessoas inexperientes, que acabaram de se formar, que ainda estão estudando ou sem formação, encontram dificuldade de se inserir no mercado se não for pela via do estágio. Será que estamos considerando as capacidades reais das pessoas ou estamos pré-julgando com base em vieses?

Talvez você seja aquela pessoa que diz “vou estacionar aqui porque vou ali rapidinho”. Neste caso, hora de repensar esta atitude. As vagas para pessoas com deficiência ou para gestantes e pessoas idosas foram criadas porque essas pessoas podem ter dificuldade de locomoção e precisam estacionar o mais próximo possível do seu destino. O tempo que passamos nessa vaga pode significar que uma pessoa tenha que se locomover com dificuldade um longo caminho ou até que ela se acidente. Será que não podemos estacionar um pouco mais distante?

Livrar-se dos preconceitos e dos vieses que temos é um trabalho diário e que provavelmente nunca acabe. Mas os resultados vem, às vezes no sorriso que recebemos ou no dia de alguém que melhoramos. O importante é não desistir e ir mudando os hábitos, pouco a pouco.

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