“Minha Primeira Vez…tendo certeza que o amor sempre ganha”

Por Vitor diCastro

2018 foi o ano em que mais LGBTs celebraram seu amor: foram quase 10 mil casamentos homoafetivos, quase o dobro do ano anterior. Embora esse aumento tenha se dado, em grande parte, por receio de que o novo governo pudesse reverter a decisão que permitiu a união entre pessoas do mesmo sexo, em 2013, foi também uma forma de mostrar que a gente existe, resiste e casa.

O Vinícius e eu fomos um desses 10 mil casais. Foi lindo, uma celebração do amor, cheia de gente que apoia o amor e acredita no amor. Um sonho canceriano realizado. ❤

Mas não quer dizer que foi livre de angústia. Não falo do nervosismo e ansiedade que todos casais passam, mas de algo tão singular a nós LGBTs que um hétero dificilmente entenderia ou jamais passaria. Já vínhamos há meses organizando tudo, já tínhamos data, local, figurino (porque a gente casa com estilo, né?).

Então chegou o momento mais desafiador para mim: convidar minha família. Eu venho de uma família muito conservadora, e por isso tive de pensar numa estratégia de como abordá-los. Família é família e eu os queria presente neste momento tão importante em minha vida. Decidi convidar primeiro os meus irmãos. Fui convidando um a um e esperando a resposta para ver o que eles iam achar, se iam topar ir e como ia ser a reação de cada um. Fiquei muito feliz quando eles aceitaram.

Agora vinha a parte difícil. Vocês sabem como é a relação de um filho LGBT+ com seus pais, né? Especialmente um filho gay e sua mãe. Os sentimentos são como água em uma represa, que qualquer abalo na estrutura libera uma enorme quantidade de emoções. Por isso, eu pedi ajuda aos meus irmãos para convidar a minha mãe. Eu falei com ela com todo o cuidado. Não disse que era exatamente um casamento. Não usei esta palavra. Íamos casar no civil um dia antes e no dia seguinte seria a cerimônia com uma festa, e era para isso que a estava convidando.

Feito o convite, tive de esperar uma semana para minha mãe decidir se ia ou não no meu casamento. Vocês imaginam a angústia que foi esses dias? Por ela ser muito religiosa, eu imagino que ela deve ter se perguntado: será que eu vou? Se eu for, eu vou estar apoiando ele a fazer isso? Será que eu quero mostrar esse apoio?

Quando respondeu, ela me mandou uma mensagem dizendo: eu vou na sua festa porque eu te amo. E só falou isso.

A festa foi incrível e estava extremamente feliz por poder compartir este momento com minha mãe e irmãos. Vivemos em tempos difíceis, mas não tenho nenhuma dúvida de que só o amor nos faz conseguir resistir e superar tudo isso. #LoveWins

Vítor diCastro é youtuber, criador do Deboche Astral.