Representatividade lésbica na literatura: conheça autoras que escrevem sobre amor

TODXS
TODXS
Published in
5 min readSep 1, 2018

Depois do sucesso da nossa lista de filmes sobre mulheres que amam mulheres, que tal LER sobre amor entre mulheres? Existem diversas escritoras que colocam em seus livros e poesias essa temática e aumentam a representatividade dentro das livrarias. E tem bastante brasileira na lista! Vem conhecer algumas:

Natália Borges Polesso (1981)

Natália é do Rio Grande do Sul, formada em letras, escritora e tradutora. Já venceu dois prêmios por suas obras: um em 2013 por seu primeiro livro, Recortes para álbum de fotografia sem gente (Prêmio Açorianos) e o Prêmio Jabuti, considerado o mais importante prêmio literário do Brasil, pelo livro Amora.

Amora é uma obra de contos sobre relações amorosas entre mulheres sob diversas perspectivas: desde a descoberta da sexualidade, problemas de relacionamento, até a descoberta de mulheres lésbicas na família. com personagens novas e idosas, os contos são tocantes e fogem de clichês.

Em entrevista ao Globo, ela reiterou:

“Personagens lésbicas não são uma novidade na literatura brasileira, mas parece-me que é um assunto pouco explorado. Quero pensar que hoje existem mulheres escrevendo sobre isso e de todos os pontos de vista possíveis. E quero essas vozes em feiras e festas literárias. Quero dizer: estamos aqui escrevendo e (r)existindo”

Algumas obras: Recortes para álbum de fotografia sem gente (2013), Coração à corda (2015), Amora (2016)

Ryane Leão (1989)

Ryane Leão é outra brasileira da lista, nascida em Cuiabá e moradora de São Paulo. Ela ganhou destaque por publicar poemas em formato de lambe-lambe nas redes sociais, especialmente no Facebook e no Instagram. Seus poemas curtos falam sobre ser mulher e negra. Neste ano, Ryane publicou seu primeiro livro de poesias, o “Tudo nela brilha e queima”. Em entrevista ao Globo.com, ela falou sobre a falta de representatividade lésbica na literatura:

“Como mulher lésbica, fiz questão de fazer poemas em que você não vai saber se estou falando de um homem ou de uma mulher. Em tantos livros que eu li, tive que pensar em “ela” no lugar do “ele” para me identificar”

Algumas obras: Tudo Nela Brilha e Queima (2017). Mais poemas e textos no instagram @ondejazzmeucoracao

Vange Leonel (1963–2014)

Vange Leonel era paulistana, nascida em 1963 e conhecida na cena cultural e militante. Mais conhecida pela música (principalmente pela banda de pós-punk Nau), Vange era jornalista, blogueira, cronista, romancista e dramaturga. Em 1995, ela declarou ser lésbica e passou a militar pelos LGBTI+ e também pelo feminismo. Em 1999, publicou o seu primeiro livro, Lésbicas, e o Grrrls: Garotas Iradas. Os dois livros são coletâneas das crônicas que escrevia para a extinta revista Sui Generis entre 1997 e 2000. Ela também publicou textos na CartaCapital e Revista da Folha. Em entrevista para a Folha de S.Paulo em 1999, Vange declarou:

“É inevitável que eu escreva sobre lesbianismo, é um universo familiar a mim. É sobre lésbicas, mas não para lésbicas. O público heterossexual pode ir e se identificar. Meu impulso para falar nisso é livrar o tema de estereótipos”

Vange morreu de câncer em 2014, deixando um legado de músicas, escritos e peças de teatro.

Algumas obras: Lésbicas (1999), Grrrls: Garotas Iradas (2001), As Sereias da Rive Gauche (2002), Balada para as Meninas Perdidas (2003), Joana Evangelista (2006).

Vale a pena conferir também a música “Noite Preta”, sua canção mais famosa e abertura da novela Vamp:

Sarah Waters (1966)

Sarah Waters é do Reino Unido e nasceu em 1966. A maioria de suas obras é protagonizada por mulheres lésbicas, o que acabou marcando a autora. Seus romances se passa na Era Vitoriana (1837 a 1901) Seu primeiro livro publicado foi o Tipping the Velvet (Toque de Veludo) em 1998 e ganhou a crítica. O livro foi premiado pelo Lambda Literary (que premia obras que exploram temas LGBTI+) e escolhido para entrar na lista dos livros mais notáveis do jornal the New York Times em 1999.

Outros exemplos são Fingersmith (Na Ponta dos Dedos), Affinity (Afinidade). Diversas de suas histórias foram adaptadas como filmes ou mini séries da emissora inglesa BBC. Foi o caso de Tipping the Velvet, em 2002:

“Parece mais natural para mim escrever sobre personagens lésbicas do que personagens heterossexuais, já que sou uma” — entrevista ao The Daily Beast.

Algumas obras: The Night Watch (2006), The Little Stranger (2009), The Paying Guests (2014)

Audre Lorde (1934–1992)

Audre Lorde representa a diversidade na literatura: ter descendência caribenha e ser negra e lésbica. Seus poemas abordam a opressão que sofria, a luta por mais direitos, amor, sexualidade, gênero e raça. Durante sua vida, lutou por questões relacionadas aos direitos civis, principalmente contra o racismo e machismo.

Dentro da poesia, Lorde escreveu coletâneas como As primeiras cidades (1968) e Uses of the Erotic (1978). Um de seus ensaios políticos mais famosos, Não existe hierarquia de opressão, que pode ser lido na íntegra aqui, ela ressalta a relação entre o racismo e a lesbofobia:

Dentro da comunidade lésbica eu sou negra, e dentro da comunidade negra eu sou lésbica. Qualquer ataque contra pessoas negras é uma questão lésbica e gay, porque eu e milhares de outras mulheres negras somos parte da comunidade lésbica. Qualquer ataque contra lésbicas e gays é uma questão de negrxs, porque milhares de lésbicas e gays são negrxs. Não existe hierarquia de opressão.

Lorde morreu em decorrência de um câncer de mama em 1992.

Algumas obras: From a Land Where Other People Live (1973), Between Our Selves (1976), The Black Unicorn (1978)

Angélica Freitas (1973)

Nascida em Pelotas, Angélica é poeta e tradutora. Sua primeira coletânea de poemas foi publicada pela Cosac Naify em 2007. A partir dessa publicação, Angélica teve seus poemas traduzidos e publicados em países como Estados Unidos, Alemanha, Espanha e México. Em 2012, publicou seu segundo livro, que deu uma grande visibilidade a seu trabalho: um útero é do tamanho de um punho. com a obra, foi indicada ao Prêmio Portugal Telecom Poesia.

Em uma entrevista ao canal Estratégias Narrativas, Angélica fala sobre sua obra e seu processo criativo:

Que outras autoras lésbicas você conhece?

Dê outras dicas nos comentários e vamos reconhecer as mulheres maravilhosas na literatura.

--

--