Visibilidade trans: ocupando a política brasileira

Felipe Sakamoto
TODXS
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3 min readMar 30, 2019

Das 55 candidaturas nas eleições de 2018, somente três mulheres trans foram eleitas no país

Duda Salabert (candidata ao Senado em MG), e as deputadas estaduais de São Paulo, Erica Malunginho e Erika Hilton (da direita para esquerda)

Dia 31 de março é celebrado o Dia Internacional da Visibilidade Trans. Existem pessoas transexuais no mundo artístico, como as atrizes Laverne Cox (de Orange is the new black) e Renata Carvalho (da peça O evangelho segundo Jesus, Rainha do Céu); na ciências, temos a astrofísica Vivian Miranda, cuja é a única brasileira em um projeto da Nasa; e na literatura, um dos representantes trans é o escritor e poeta Anderson Herzer. Além disso, pessoas da sigla T também estão tentando ocupar espaço em cargos políticos.

De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), nas eleições gerais de 2018, 55 transexuais e travestis lançaram suas candidaturas. Em comparação a 2014, o número aumentou 10 vezes. Apesar do avanço, somente três candidatas foram eleitas — sendo duas em mandatos coletivos. Conheça quem são elas:

Erica Malunginho

Eleita com mais de 54 mil votos, é a primeira mulher transexual eleita deputada estadual em São Paulo. Natural de Pernambuco, Erica é criadora da Aparelha Luiza, um quilombo urbano responsável por incentivar debates, manifestações culturais e artísticas no centro da cidade de São Paulo. A partir desse projeto que se tornou uma personalidade importante na luta contra o racismo e a transfobia.

Malunginho é formada em Pedagogia e mestre em Estética e História da Arte pela Universidade de São Paulo. A deputada defendeu, durante a campanha, o incentivo ao turismo social em quilombos e territórios indígenas como forma de combate ao racismo e também a fomentação de uma economia sustentável. E, é claro, o combate ao preconceito LGBTI+ no estado de São Paulo.

Erika Hilton

Juntamente com Erica Malunginho, Erika Hilton foi eleita deputada estadual em São Paulo por meio do mandato coletivo da Bancada Ativista do PSOL — formada por 9 co-deputades representantes de lutas diferentes — com 140 mil votos, sendo a décima mais votada!

Hilton é negra e tranvestigênere (termo usado também pela militante Indianare Siqueira, que significa, nas palavras delas, “uma pessoa que pode transitar a todo momento como quiser, sem definições, mas, ao mesmo tempo, escolhendo a definição que mais lhe aproveita”). Foi expulsa de casa aos 14 anos de idade e teve que sobreviver para ser quem é. Atualmente, é estudante de Gerontologia na Universidade Federal de São Carlos, no interior paulista.

Ficou conhecida em 2015, quando realizou um abaixo assinado virtual para conseguir ter seu nome social no cartão de transporte público em Itu, no interior de São Paulo. Sendo integrante da Bancada Ativista, terá como papel propor e fiscalizar políticas para a população LGBTI+.

Robeyoncé Lima

Outra candidata trans eleita por meio de um mandato coletivo, mas, dessa vez, representando o estado de Pernambuco. Robeyoncé Lima faz parte do Juntas, mandato formado por 5 mulheres, eleito com mais de 39 mil votos.

A mais nova deputada estadual sempre lutou para ocupar lugares que são constantementes negados à população trans. Desde o preconceito no movimento estadual, quando cursou Direito na Universidade Federal de Pernambuco. Já formada, em 2017, foi a primeira advogada trans, no estado dela, a ter direito ao nome social na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).

Atualmente, ela faz parte da Comissão de Diversidade da OAB/PE e tem como propostas a inclusão nas escolas das discussões sobre respeito à diversidade de gênero e de sexualidade; fiscalizar e acompanhar os processos de hormonização e cirurgias em transexuais nos hospitais; entre outras propostas que envolvem a saúde e seguranças das pessoas LGBT+ em Pernambuco.

Não foram eleitxs, mas continuam na luta

Cristian Lins

Foi o primeiro homem transexual a ser candidato a deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Com 689 votos, não conseguiu ser eleito. O jornalista e fotógrafo de 44 anos foi candidato pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e defende as pautas LGBTI+.

Duda Salabert

A professora de 36 anos conseguiu um feito internacional. Foi a primeira travesti da América Latina a se candidatar a um cargo no Senado. Mesmo não sendo eleita, alcançou 351 mil votos, sendo a 12ª mais votada entre os mais de 2 mil candidatos no estado de Minas Gerais. Com o resultado positivo nas urnas, Salabert pretender lançar candidatura a prefeitura de Belo Horizonte em 2020.

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