Imagem de “DIAFANEIDADES” por Vivien Zanlorenzi

A arte diáfana de Vivien Zanlorenzi

revista toró
toroeditorial
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4 min readJan 18, 2021

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Imagem de “DIAFANEIDADES” por Vivien Zanlorenzi

Vivien Zanlorenzi: Neste projeto me dediquei completamente às transparências, tamanha a translucidez adquirida durante este período tão obscuro. Tal nitidez da vida que não tinha percebido ainda. Porém ela está em um desenrolar nada simétrico. Não podemos virar a sua página, como fazemos geralmente. Por esse motivo, o livro se desdobra em sanfona. Para mim, este período está se arrastando continuamente e sendo suturado por filetes vermelhos em formato de cruz. Manchas mosqueadas estão surgindo em nossa caminhada, tão nítidas e tão intensas como minhas manchas de café sobre o papel.

Imagem de “DIAFANEIDADES” por Vivien Zanlorenzi

Meu processo de criação não é nada tranquilo. Passo noites em claro criando e imaginando como devo proceder, de que maneira, qual material usar, como transpor para o suporte minhas ideias e sentimentos. Quando me sinto preparada, começo a criação. É um trabalho que, pode ter certeza, é árduo, mas muito prazeroso. Faço por etapas, sempre agi assim, sou extremamente meticulosa. Preparo o material a ser utilizado, no caso deste projeto, em especial, usei café e pó de café. Primeiro, coloquei o pó de café usado, e ainda molhado, em cima do suporte escolhido (Canson), esperei que secasse completamente, mexendo constantemente para que as manchas iniciais ficassem como eu desejava. Isso perdurou por aproximadamente 4 dias. Logo em seguida da secagem, o pó foi descartado e comecei a fazer as manchas mais sutis com o café passado. Novamente esperei secar. Com o resultado inicial das manchas em tons de marrom, comecei a trabalhar com as manchas aquareladas com tinta acrílica. Esse processo de aquarela perdurou por aproximadamente 2 semanas: pintando, esperando secar, e acrescentando camadas, quando necessário. Depois de completamente seco, e finalizada a parte da composição no suporte, veio a parte da montagem do livro. Optei por costurar as páginas de maneira que ficassem ligadas por uma costura forte, e que fizesse parte da leitura da obra, resultando em um trabalho dos que mais gosto e senti muito prazer em fazer.

Imagem de “DIAFANEIDADES” por Vivien Zanlorenzi

Para mim, pessoalmente, minhas obras são como um filho, passam por todas as etapas de uma concepção: o namoro, a construção do ser e, por fim, o parto, o momento mais esperado. Sinto e vivo intensamente cada fase da incubação.

A ideia é escapar desses dias tão intensos, escapar das incertezas da nossa realidade atual, esse é o papel da arte. Ela está em minha vida para possibilitar trazer à tona, mesmo que temporariamente, um alívio do caos. Uma outra realidade possível. Um espaço em que, mesmo fictício, possa existir alívio.

Imagens de “DIAFANEIDADES” por Vivien Zanlorenzi

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