Agnus dei, a fotografia de Alícia Cohim
Quando, ao longe, avistar a fortaleza branca da carcaça do boi de um, dois, três meses atrás, lembra-te que: ao colocar seu crânio em mãos, estás segurando o zumbido das matas, o calor dos pastos, a secura do mato, o sabor da carniça, a lonjura do tempo e a maresia da seca. Seguras a história de antigas civilizações e de um vaidoso presente que, para além da poesia, antes de ser carcaça, era dinheiro. Mas há quem acredite num oratório em plena mata onde, em ritual, elevam-se as cavidades bem limpas pelos carcarás, os dentes soltos e os chifres quebrados que te lembram: um dia nasceu da terra este ser, das sujidades do chão, para, então, à terra retornar.
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