A usabilidade integrada ao produto

Alex Santos
TOTVS Developers
Published in
3 min readFeb 5, 2024

Precisamos entender e aceitar que ao adquirirmos um produto, não estamos adquirindo o seu processo de concepção, ou as técnicas utilizadas, nos importamos primordialmente com a usabilidade que faremos sobre ele. É muito comum o preciosismo em projetar certas coisas com milhares de funcionalidades ou apreços a tecnologias, mas ao final, podemos nos perder entre o começo e o fim.

Parece um pouco abstrato o que eu digo, mas milhares de projetos falharam ou encareceram ao longo da concepção, simplesmente porque os criadores começaram a empregar vieses pessoais, achando que os consumidores precisariam daquelas funcionalidades, ou foram orgulhosos e não simplificaram, gerando altos custos com matéria-prima ou elevada qualificação profissional na contratação da equipe.

Imagina que você precisa criar um software de prateleira, algo como um CRUD para ser implantado em mercearias, um PDV, por exemplo. A demanda é bem detalhada em relação ao custo e prazo: preço baixo, implantação rápida. Os arquitetos por estarem acostumados a criarem softwares mais robustos com tecnologias conhecidas, decidem por utilizar linguagens que não suportam as hospedagens mais baratas, ou não são compatíveis com o ambiente que está proposto a ser implantado, logo, o fracasso é previsto.

Temos muitos casos que podem ser categorizados como um certo egoísmo intelectual que alguns profissionais tomam a frente. Simplificar ou enaltecer de mais algo, fora de uma demanda, é uma decisão que deve ser tomada com cuidado. Sim, muitos clientes não sabem o que realmente querem, mas outros, tem demandas bem específicas. Às vezes só “aquele botão” que você considera inaceitável colocar em uma tela, pode suavizar grande parte do processo de uma empresa, independentemente da insignificância que ele pode aparentar.

Às vezes, o que pode parecer simples para nós, pode representar algo muito grande para os usuários.
Voltamos o nosso pensamento para um caso de usabilidade: rampas de acesso a cadeirantes. Pode parecer que favorecem apenas as pessoas cadeirantes, mas também favorece os comerciantes que precisam passar com o carrinho na calçada, o acesso aos ciclistas e vários outros usos. Às vezes achamos que estamos favorecendo apenas uma gama de usuários, e muitas vezes achamos que instalar um elevador seria algo mais útil, mas precisamos entender que o recurso e o tempo não são infinitos. Precisamos entender que o nosso produto deve, sim, ter uma elegância em sua concepção, seguir boas práticas e deter de ótimas tecnologias, mas se ele não for útil para alguém, é algo concebido para o nosso ego, não para o cliente.

Independentemente do foco que o produto visa atender, sempre temos que ter em mente que estamos desenvolvendo algo que seja capaz de suprir a necessidade de alguém, seja ele voltado para a quantificação ou qualificação de algum uso, ou processo. Sim, sempre iremos querer deixar as nossas marcas na concepção, mas é de extrema importância avaliarmos o quanto isso pode interferir no uso de determinadas concepções, é injusto prejudicarmos a experiência dos usuários simplesmente por ego ou por apreços infundados.

--

--

Alex Santos
TOTVS Developers

Um amante de música e tecnologia, apaixonado por desenvolver soluções.