Introduzindo acessibilidade para aplicações web — capítulo 1

João Henrique de Oliveira Júnior
TOTVS Developers
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4 min readJan 7, 2021

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É importante codificar com acessibilidade em mente?

Photo by Paul Green on Unsplash

A primeira coisa que quero que fique em sua mente é a seguinte frase:

Todas as pessoas deveriam ter o direito de acessar os softwares que você desenvolve

Se eu quisesse terminar aqui essa introdução, a importância da acessibilidade já seria o suficiente. Mas o assunto é sério e gostaria de expandir um pouco mais.

O problema

Não estou aqui com a finalidade de fazer denúncias sobre empresas que pensam que acessibilidade não é importante. Mas nós temos que concordar que algo soa errado. A revista Galileu declarou em seu texto escrito dia 23 de maio de 2020 às 09:09 horas, que apenas 0.74% dos sites brasileiros são acessíveis.

É um pouco estranho ler isso, não é? 45 milhões de pessoas não podem acessar a web direito. Menos de 1% do nosso conteúdo é acessível, isso mostra que talvez essa discussão não seja parte da maioria das empresas brasileiras.

Mas a real pergunta que importa não é essa. Seria na verdade: “Quanto você se importa com acessibilidade quando você está desenvolvendo?

Veja, nós somos capazes de sermos bons programadores e ainda assim sermos profissionais incompletos. Se você está lendo esse texto, provavelmente você ocupa um cargo de desenvolvedor front-end ou talvez de web designer. Acessibilidade deve fazer parte de seus planos. Se você está trabalhando sem pensar nessa parte você está sendo incompleto.

A boa notícia é que estamos sempre em constante evolução. Acredito que se você entender a importância disso, irá começar a estudar e se tornar melhor no assunto. E não há problemas em você não ser ainda dominante disso (como também não sou), o problema é nunca nos esforçarmos para mudar essa realidade.

É comum ver pessoas brigando por circunstâncias que as afetam. Se você tem alguém cego em sua família, provavelmente se interessa em fazer a diferença para que a vida dessa pessoa se torne melhor como a de qualquer outro ser humano que não possui essa deficiência. Mas precisamos mesmo esperar algo acontecer conosco para querer ter empatia?

As desculpas

“Grande parte dos meus usuários não são pessoas com deficiência” — Bem, se eles não podem acessar seu produto, nunca serão de fato, não é?

“Não temos tempo para implementar essas features no momento” — Quando iniciamos nossos projetos pensando também em acessibilidade, o custo é muito mais barato.

“Meu chefe não liga para isso” — E você?

Pessoas com deficiência no Brasil, como você pode ler no texto da escola LouisBraille, representam 23.9% da nossa população. Lembrando-o que não estou falando de pessoas cegas apenas, mas pessoas com deficiência intelectual, dislexia, surdez e outros.

Não seria maravilhoso se essas pessoas com deficiência pudessem ter as mesmas oportunidades que as pessoas sem deficiências têm? Mas não é verdade. O que podemos fazer?

Tecnologia tem poder para ajudar

Tem uma informação no site do IBGE que nosso país possui mais de 74% das pessoas com acesso a internet. Se você começar a prover serviços com qualidade para todos, talvez você ajude pessoas a se sentirem incluídas e capazes de fazer o que todos deveriam ser capazes de fazer.

É difícil desenvolver com acessibilidade?

Não, não é difícil desenvolver sistemas com acessibilidade. Você verá nos próximos capítulos que é realmente possível escrever código com acessibilidade sem gastar muito tempo a mais para isso.

No entanto, testar se seu código é de fato acessível é um pouco mais complexo. Nós tentaremos usar ferramentas para nos ajudar, mas um teste efetivo de verdade seria com alguém que possui a deficiência em foco nos guiando com feedbacks, como alguém que faz parte do processo de criação do software mesmo.

Sei que não é possível testar dessa forma 100% das vezes, mas estou falando do que poderíamos citar de “mundo ideal”.

Acredite em mim: ainda que você não teste com pessoas que possuem deficiência, você estará abrindo uma porta às pessoas que nunca tiveram a chance de acessar seu produto. Elas não costumam ter essa chance em outros produtos também, você viu as estatísticas. E essas pessoas certamente terão prazer em lhe dar feedbacks, se você tentar ajudá-las.

O que eu pretendo com isso?

Eu pretendo a escrever textos gratuitos sobre acessibilidade web para ajudá-lo a começar sua jornada pessoal.

Vou separar os textos em capítulos, mostrando de forma prática como escrever código para páginas web com acessibilidade em mente.

Considere esses textos como uma oferta à comunidade. Os textos serão realmente práticos e curtos, direto ao ponto no estilo de um “handbook”. Você vem comigo? Se sua resposta for sim, vejo você mais tarde.

Referências

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João Henrique de Oliveira Júnior
TOTVS Developers

Analista de sistemas na TOTVS. Bacharel e técnico em sistemas de informação. Ama a Deus, sua família, música e animais.