Produtos digitais na carreira: uma mudança que veio para ficar

O movimento “produtos digitais” cresce potencialmente a cada dia em vários segmentos e com certeza tem transformado nossa maneira de fazer negócios e de viver. Os produtos digitais estão no nosso cotidiano, seja na automatização de um processo no trabalho, uma forma de consumir entretenimento, fazer um novo curso online, agendar uma consulta médica e até mesmo fazer sua feira de orgânicos. As experiências são inúmeras e estão em todo tipo de business.

Antigamente, a tecnologia era utilizada como meio de suportar uma operação, armazenar dados, automatizar alguns processos empresariais e implementação de infraestrutura de hardware para uso de equipamentos. O business principal era o fim e a tecnologia era muitas vezes somente um meio de conseguir o fim. Por exemplo, empresas varejistas que só precisavam de um sistema para emitir nota fiscal, controlar estoque e conferir o caixa, hoje criam e consomem tecnologia para melhorar a experiência do consumidor na loja. Os bancos digitais são outra mega sacada dessa transformação. Quer abrir uma conta, sem fila e sem burocracia? Baixe um app e tenha uma conta de forma rápida e simples. Aí eu te pergunto, o banco digital é uma empresa de tecnologia ou finanças? As duas coisas.

Diante desse contexto, sabendo que as empresas têm transformado o seu business com a tecnologia como parte do propósito das suas soluções, a quantidade de oportunidade e profissionais necessários para fazer acontecer teve um salto grande mas também caótico. Analistas de negócios, desenvolvedores e designers agora precisavam estar envolvidos no business da empresa e não só na tecnologia. Agora mais que nunca, a responsabilidade do profissional de produto está ligada diretamente com o sucesso e receita da empresa.

Mas porque caótico? Será que os profissionais de tecnologia estavam preparados? Posso dizer que alguns sim, aqueles que já estavam próximos da área fim da empresa, ou seja do seu business, tiveram mais facilidade em vivenciar as novas responsabilidades, mas os que estavam mais concentrados nas tarefas operacionais, tiveram uma trajetória com maior ruptura. O que acontece é que havia muito conhecimento tácito e orgânico, mas sem profissionalização de gestão de produtos, o que fez muitos profissionais se atualizarem e mudarem a mentalidade de construção das coisas. Esse movimento gerou cada vez mais a necessidade de criação de mais cursos profissionalizantes, formações de gestão de produtos e procura por cursos de usabilidade, por exemplo. Hoje você encontra escolas com conteúdos incríveis, canais e podcasts de forma gratuita e compartilhadas em vários meios digitais.

Muitas empresas que já tinham o seu business como tecnologia também se adaptaram. Começaram a produzir software e hardware com uma mentalidade mais próxima da arte de gestão de produtos. Soluções SaaS (Software as a Service), software por assinatura, “componentização”, aumento de integrações e foco na experiência do usuário são temas que cresceram significativamente. A experiência de uso da tecnologia se tornou essencial e já não era mais possível construir os softwares só pela ótica do que um analista de negócio (e não usuário do software) “achava” que seria bom para o produto. A escolha das funcionalidades, a jornada de uso dentro de uma interface, a cor e a disposição dos botões se tornaram essenciais porque transformam diretamente a experiência que por conseguinte potencializa os negócios, gera receita e engajamento no uso da solução.

Podemos dizer que hoje qualquer business tem um aspecto de tecnologia embarcado, a transformação digital veio para ficar e evoluir a forma de usar produtos e experiências. A mentalidade do empreendedor e do profissional de tecnologia embarcou rumo às novas terras e deixou um porto que não existe mais. A digitalização do nosso ecossistema é inevitável e com isso as oportunidades só tendem a crescer tanto para empreender ou atuar prestando serviço em um empresa mais digital. Com certeza os desafios agora são a profissionalização dos papéis de produto, rápida adaptação do empreendedor e constante aprendizado das tendências e experiência do “business” que se está envolvido.

Agora compartilho uma reflexão sobre o futuro com vocês. Como nossas gerações estão sendo preparadas para nascer em um mundo já digitalizado? Como será o profissional ou empreendedor do futuro? Como serão os centros de ensino, os educadores e a educação empreendedora desse admirável mundo novo? Fica para um próximo texto!

Até lá,