Artista da Vez #26 — Pippi

Lucas Bittencourt
Touts
Published in
6 min readDec 10, 2018

Para fechar 2018 em grande estilo, é com honra que trazemos aos holofotes um dos maiores veteranos do Brasil no assunto. Já participou de sites no modelo “Print on Demand” ao redor do mundo, e quando o assunto é camiseta o cara é muito fera. Mas não o limite, ali tem talento de sobra pra estampar qualquer outro produto que der na telha com maestria. Direto da Praia do Rosa, em SC, trazemos uma entrevista exclusiva com o Artista da Vez de número 26 da Touts.

Senhoras e senhores, com vocês: Luis Fernando Aita Pippi

Pippi brincando com o que tem mais intimidade: camiseta (foto: Ricardo Lage)

Como você se apresentaria na sala da faculdade?

Quando era guri eu ficava meio assim que descobrissem o meu sobrenome, por que sempre tinha uma piadinha, mas acabei não dando muita bola e hoje sempre me apresento como Pippi.

E como você se apresentaria pra galera que pega onda com você?

E ai galera, Pippi pros mais e menos íntimos ;)

Pippi fazendo uma de suas paixões, se aventurar por aí.

Sua Graduação e Mestrado são em Design, né? E como surgiu sua relação com a arte? Foi influência da faculdade ou veio em algum momento anterior?

Sim, graduação em Design Gráfico e mestrado em Design e Tecnologia.
Minha relação com a arte vem desde que eu me conheço por gente, hehe. Na casa dos meus pais sempre fomos estimulados desde muito cedo às artes e música. Eu e meu irmão frequentávamos a escolinha de arte da Universidade Federal de Santa Maria. Alguns anos mais tarde minha mãe abriu uma galeria de arte e ali era o meu universo, onde eu ficava todos os dias e sempre tinha algum artista circulando ou ministrando algum curso. Então desde cedo eu já percebi pra que lado eu iria me tocar.

Como você faz para balancear esses dois lados, o artista e o designer profissional?

Acho que o meu lado artista me permite viajar mais na paçoquinha, me envolver mais com minhas idéias e projetos pessoais. Na verdade, pra mim é tudo tão natural que não consigo diferenciar as duas coisas, mas o lado profissional “por encomenda” sempre exige um alinhamento mais perfeccionista nas composições, quase um TOC, hahahha

O que você mais gosta de fazer no seu tempo livre?

Sempre que rola vou surfar. É no mar que recarrego minhas energias. Também curto fazer trilhas com minha esposa. Filmes e séries sempre no final do dia.

Estampa da saudosa Ploc!, marca própria do Pippi.

Conta pra gente um pouco do seu processo criativo no seu dia a dia? Onde você busca suas principais influências e referências?

O fato de morar na praia, a natureza tem influenciado muito nas minhas criações mais recentes. Eu costumo dizer que os criativos estão sempre com as antenas ligadas, mesmo quando estamos dormindo. Quem nunca acordou no meio da noite com aquela idéia genial pra uma estampa e acabou esquecendo? As ideias sempre vem do nada e às vezes nos lugares mais improváveis. Quanto mais exercitamos seja pesquisando ou apenas observando nosso meio, mais elas aparecem. Com o tempo se aprende a administrar. Um sketch rápido sempre ajuda, mas te dizer que costumo me enviar as idéias por email — as vezes sem sair da cama, hahahaha — e depois busco algumas referências. Muitas vezes o conceito vai ganhando forma na medida que vou desenhando. Tem desenhos que eu já até sei como vou finalizar. Assim, o processo vai ficando automático.

Mais estampas da Ploc!, que hoje você encontra na página do Pippi na Touts.

Você já trabalha com design de camisetas há um tempo, né? Inclusive para marcas grandes. Qual diferença de criar para um cliente e criar para o público? Como isso influencia seus trabalhos?

São 20 anos de estrada dentro da moda. Criei muito dentro do surf e skatewear onde as estampas mais comerciais é o que norteiam a coleção e isso me ajudou bastante a saber mesclar o comercial com conceitual. Mas não tem coisa melhor que você poder viajar livremente dentro da cultura pop e nas paródias. Acho muito mais democrático.

Inclusive você já teve sua marca própria, né? Quer conta pra gente como foi essa aventura e quais foram os maiores desafios?

Na verdade tive duas marcas. A primeira foi a Flato (em meados de 2003), marca de street wear com uma pegada bem irônica. Naquela época o desafio era criar, comprar os tecidos, moldes, mandar cortar, silkar e depois fazer os corres nas feiras e lojas parceiras… era um baaaita desafio. Depois tive a loja Ploc! (2011). Esse foi o meu sonho desde adolescente, de ter um lugar legal com camisetas e foco total em design. Ali vendíamos várias marcas legais de todo o Brasil desde Camiseteria, El cabriton, Redbubble, Fuss, Verso, Threadless e a própria Ploc!, que tenho algumas estampas aqui na minha loja da Touts.

Marcando presença nas feiras com o “Ploc Móvel”

Como veterano, o que você acha que mudou desde que começou a trabalhar nessa indústria até hoje? O que ficou melhor e o que ficou pior?

Antigamente pra entrar nessa área você era meio autodidata. Era colar num chão de fábricas e aprender todos os processos e foi o que eu fiz. Hoje em dia, as redes e comunidades só vieram pra multiplicar. Bom, mas sem sombra de dúvidas o sistema POD (print on demand) veio pra mudar tudo. Facilitou muito a vida tanto pra quem está começando quanto pra quem está na estrada faz tempo. Claro que a serigrafia ainda é um processo que curto muito pelo seu caráter manual e pela sua durabilidade, mas poder criar sem se preocupar com o número de cores e produção… ahhhh isso é uma dádiva :)

Que papel acha que plataformas como a Touts tiveram na sua carreira como artista?

Meio que acabei respondendo acima, mas acho que facilitou a vida de diversos artistas maravilhosos a se aventurarem nessa área.

Quais as principais vantagens que você enxerga em disponibilizar sua arte em sites como o nosso?

A principal vantagem é a visibilidade. Poder vender minha arte pra qualquer país do mundo é algo inimaginável há uns 15 anos atrás e poder aplicá-la assim em vários outros produtos sem se atucanar com as entregas. Porém, assim como nossas artes estão expostas pelo planeta, elas também são alvo de pessoas más intencionadas. Outro dia fui dar um search na rede pela minha arte “Just Eat It” e descobri mais de dez lojas POD comercializando. O engraçado é que em algumas o PrtScn foi tão na cara dura que deixaram até o logo da Ploc! nelas, hehehe Lazy bastards :)

Arte “Chilling” exposta no Quiosque da Touts no Rio Sul, no Rio de Janeiro.

Quais dicas você daria pra si mesmo no passado, quando estava apenas começando?

Foca na cultura pop que vai dar game.

Quais são os próximos passos e o que vem pela frente?

Bom depois de designer, guarda-vidas e condutor ambiental? Procuro não fazer muitos planos. Agora deixo o destino me levar por novos caminhos. Mas um sonho é ainda ter minha loja ambulante.

Pra fechar, um bate-bola jogo rápido:

Uma pessoa incrível — A Cris, minha esposa

Uma artista da Touts — Rodrigobhz

Uma banda — Sempre Ramones

Um livro — Senhor dos Anéis

Uma comida — Tacos e burritos

Uma qualidade — Generosidade

Uma cidade — Los Angeles

Pippi por Pippi em uma frase — Um cara legal ;)

Essa foi nossa conversa com o incrível Luis Fernando Pippi, um dos mais de 3.000 criadores da comunidade da Touts. Para conhecer mais sobre suas artes e outros produtos com as estampas dele, não deixe de visitar a página do Pippi na Touts.

Para ler entrevistas com outros artistas incríveis de nossa comunidade, dá uma conferida no nosso blog que tá recheado de histórias incríveis.

Abraço de urso,

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Lucas Bittencourt
Touts
Editor for

Co-fundador e atual responsável pelas áreas de Comunicação, Criatividade e Comunidade na Touts e, antes de tudo isso, orgulhosamente movido a pessoas incríveis.