Artista da Vez #31 — Herisson

Lucas Bittencourt
Touts
Published in
8 min readJun 18, 2019

O Artista da Vez de hoje é sem dúvidas uma das mais gratas surpresas que tivemos nesses últimos meses de Touts. Representando Duque de Caxias em nossa comunidade, temos talvez o artista mais engajado, que já veio visitar nosso escritório diversas vezes e sempre nos procurou pra aprender mais e entender melhor a plataforma. Por trás de suas colagens e inspirações mais diversas, acabamos conhecendo um verdadeiro artista-empreendedor, que corre atrás de seus sonhos e faz acontecer não importanto as barreiras.

Senhoras e senhores, com vocês: Herisson Costa

Como geralmente você se apresenta nas plataformas online que participa?

Apaixonado por obras clássicas tanto quanto por colagens, sempre tento deixar minhas peças com um ar de “Novo Clássico”.

E como você se apresenta nas feiras pro pessoal que ainda não conhece seu trabalho?

Na verdade eu praticamente nem preciso me apresentar, o estilo colagem está ficando bem conhecido, as pessoas já vão se chegando dizendo “Nossa colagens, que legal” daí eu só preciso aproveitar o gancho, rsrs… “Isso colagens, como você pode ver eu gosto muito de surrealismo. Quase todas as minhas peças tem estrelas, galáxias… Mas como você também pode ver eu gosto muito mais de artes renascentistas, olha só essa Monalisa com Arminho”… Umas das melhores coisas da colagem é que ela mexe muito com as referências que as pessoas já conhecem ou sentem, sejam de cinema, arte, cultura pop… É como se ela própria se apresentasse, daí depois disso tudo, eu só preciso dizer enquanto entrego meu cartão “a propósito, meu nome é Herisson e se me seguir no instagram ganha 10% de desconto”, hehehe.

Como a arte começou na sua vida e como foi ganhando cada vez mais proporção até hoje?

Pega bem dizer que eu era aquele aluno da escola que desenhava nas carteiras? Hahaha! Fora que sempre gostei de fazer montagens toscas com os amigos usando Paint num tempo que eu nem tinha computador ainda, acho que de zoeira em zoeira a coisa foi evoluindo.

Qual foi a primeira arte que você vendeu? E qual foi o sentimento?

Coffee Break das Artes. Nossa, foi incrível! Até aquele momento, era a décima arte “oficial” que eu tinha feito, ainda não tinha vendido nenhuma em 40 dias e assim que lancei ela vendi no dia seguinte, fora que até então (e até hoje) tinha sido a colagem mais complexa que eu já tinha feito, já que ela envolve quatro artes clássicas de autores e épocas diferentes. O que também me emocionou, foi ela ter sido comprada em tamanho gigante, o que foi tipo uma entrada épica nesse mundo das artes rsrs

Estampa “Coffee Break das Artes

Em que momento você percebeu que poderia ser de fato um artista?

Foi quando eu percebi que as pessoas não estavam comprando artes minhas, porque eu era “um cara legal” ou porque queriam ajudar um artista que estava começando, foi quando eu percebi que desconhecidos estavam comprando minhas colagens por realmente achar uma arte digna de ser exposta na sala de casa. Lá no começo, a maioria das minhas peças eram vendidas em tamanhos de 90cm. Era algo que as pessoas realmente estavam comprando pra compôr um ambiente delas, e isso foi uma coisa que me fez pensar de verdade.

Conta pra gente uma aventura que você já passou em alguma feira ou tentando vender suas artes?

Hahaha! Na primeira expô que fiz, me foi passado que o lugar receberia por volta de 50 mil pessoas nos dias que eu ia ficar. Eu não fazia idéia de como funcionava a venda de artes e posters, então baseado nesses números eu investi todos os R$ 900,00 que eu tinha juntado ao longo dos meses vendendo artes… Mandei fazer dezenas de poster, cartões, placas e tudo que uma expô de respeito merece. O negócio ia ficar doido, ia bombar! Eu ia faturar bilhões, hahahaha! Daí a gente corta pra cena onde eu só vendi R$ 200,00 e tive um prejú de R$ 700,00. Fora o matéria que ficou estocada em casa por um bom tempo. Cara, onde eu tava com a cabeça?

“Olhar Artístico”, um dos best sellers do Herisson.

Quais as maiores dificuldades você acha que uma pessoa tentando fazer sua vida a partir de arte encara?

Acho que a falta de oportunidade para novos artistas é um veneno que vai matando os sonhos de muitas pessoas aos poucos… Nossa isso ficou meio sombrio, mas foi bem honesto da minha parte. Achar lugares ou pessoas dispostas a valorizar seu trabalho ao ponto de querer divulgar, é muuuuuiiittooo difícil. Por outro lado essa falta de oportunidade também se deve ao fato de as pessoas (potenciais clientes) terem uma idéia errada que arte é só para ser apreciada ou simplesmente elogiada, tem pessoas que acham errado você cobrar por um trabalho. Essa é uma resposta muito complexa que envolve muitos fatores, que eu poderia fazer uma redação, mas pra resumir, vou ficar só com a falta de oportunidade de mostrar e divulgar artes e artistas novos.

Quais são suas principais fontes de inspiração?

Rapaz… eu gosto muito de ficção científica e de ciência em geral, adoro a ideia de coisas e cores brilhosas que se fundem, aquelas clássicas imagens ilustrativas de documentários sobre o Big Bang ou filmes de viagens no espaço… Também fico impressionado em como os grandes mestres de 500 anos atrás conseguiam com tinta, fazer “fotografias” perfeitas de pessoas… Como é possível uma pessoa ter a habilidade que Caravaggio e Bouguereau tinham? Acho que isso tudo se funde na minha cabeça como as galáxias dos documentários e me fazem querer colocar esses elementos em tudo que eu faço… Ou de repente “às vezes o indivíduo está louco na droga”. Hahahaha — certeza que essa parte vai ser editada!

Pode nos contar um pouco mais sobre seu dia a dia hoje e como lida com seu processo criativo na rotina?

Meu processo criativo pode ser definido em 3 categorias…

Inspiração momentânea: Quase sempre surge nas horas erradas, haha. Me vem uma imagem na cabeça e eu tenho que rascunhar rapidão no bloco de notas do celular, nos meus stories eu sempre tô postando prints com o “antes e depois” desses desenhos sem forma que viram algo bonito.

Vontade de criar sem ter inspiração: Às vezes tô com uma enorme vontade de fazer algo novo, mas não sei por onde começar, daí eu fico horas pesquisando imagens que eu gosto, revistas vintage, fotos preto e branco, imagens retrô… Vou salvando um monte de elementos em uma pasta, abro todas elas e começo a imaginar como elas poderiam criar algo novo juntas de forma fluida.

Restauração: Tentar achar imagens de alta qualidade de artes renascentistas que já conheço e que acho que podem ser misturadas, por várias vezes o trabalho de restauração da imagem leva mais tempo que a colagem em si, com certeza esse processo merece uma categoria própria. Não é só achar uma imagem na internet, é pesquisar uma com boa resolução e ainda passar horas ou dias restaurando, antes mesmo de começar os recortes e colagens de fato. Às vezes também acontece de eu ter uma imagem bem específica na cabeça e eu não vou querer de outro jeito, então eu tenho que caçar ela e se achar uma imagem com pouca qualidade do jeito que eu quero, a maioria das vezes eu empaco e não arredo o pé até melhorar aquela imagem específica.

Herisson rabiscando uma de suas novas ideias.

Qual papel que plataformas como a Touts tiveram na sua carreira?

Com certeza aparecer para mais pessoas, poder tem um lugar que compilasse todas as obras e produtos de forma organizada. É poder chegar pra alguém e dizer “olha minha loja no meu link” … Os produtos já estão separados por categoria e o cliente não vai se dispersar como numa rede social por exemplo. Fora que também dá mais moral quando você vai falar com alguém fora da rede. É você poder dizer pras pessoas que suas artes estão na loja tal e galeria tal é como se você estivesse dizendo para um lojista por exemplo, que você tem valor como artista, querendo ou não estar numa plataforma famosa como a Touts, agrega valor ao trabalho.

“Dodo da Lua”

Que dica hoje você daria a você mesmo no passado?

Tenha paciência, as coisas não vão acontecer de um dia pro outro… Na verdade esse “acontecer” não existe, tudo vai evoluindo de pouco em pouco e sempre existirão novos objetivos.

Quais são os próximos passos e o que vem pela frente?

Rapaz, um milhão de ideias, um milhão de vontades, rsrs. Só sei que os próximos passos tem que ser enfiando o pé com força sem medo de errar e se errar, continuar pisando pra frente. Espero que isso tenha feito sentido igual fez na minha cabeça, hehehe

“A grande onda no Rio”

Pra fechar, um bate-bola jogo rápido:

Uma pessoa incrível — Freud

Um artista da Touts —Astronaut

Uma banda — Beatles

Um sonho — Conhecer todos os grandes museus do Brasil e da Europa.

Um livro — O Príncipe

Uma comida — Oxe, claro que é o Cuscuz.

Herisson por Herisson em uma frase — “Quando você morre seu corpo se torna grama, e o antílope come ela, e assim, estamos todos ligados no Grande Ciclo da Vida!” Frase de autoria minha, fui eu que inventei :p

Esse foi nosso papo com o incrível Herisson, um dos mais de 4.000 criadores da comunidade da Touts. Para conhecer mais sobre suas artes e outros produtos com as estampas dele, não deixe de visitar a página do Herisson na Touts.

Para ler entrevistas com outros artistas incríveis de nossa comunidade, dá uma conferida no nosso blog que tá recheado de histórias incríveis.

Abraço de urso,

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Lucas Bittencourt
Touts
Editor for

Co-fundador e atual responsável pelas áreas de Comunicação, Criatividade e Comunidade na Touts e, antes de tudo isso, orgulhosamente movido a pessoas incríveis.