O UX Content nas interfaces de voz

Marina Meireles
TradUX
Published in
5 min readDec 21, 2020

Este texto foi publicado originalmente em espanhol. A tradução foi autorizada pelo autor Rodrigo Zavala Molina. ¡Gracias, Rodrigo!

Primeiro foi a Siri, a arquiconhecida assistente de voz do iOS. Logo vieram Alexa e Google Assistente… E foi assim que, em menos de uma década, nos acostumamos a interagir com nossos dispositivos usando somente a nossa voz!

Atualmente, o design de interfaces de voz ou VUI (do inglês Voice User Interfaces) é mais que uma tendência: é uma necessidade que muitas empresas estão aplicando com sucesso aos seus produtos digitais.

Os avanços na tecnologia e sua consequente adoção por parte dos usuários impulsionaram o design conversacional como disciplina a tal ponto que hoje existem equipes especializadas na geração de experiências através das VUIs.

Essas, entre outras, são compostas por profissionais de arquitetura da informação, designers UX e UI, profissionais de desenvolvimento e analistas de sistemas operativos. Mas são necessários experts em UX Content?

Grande oportunidade para implementar interfaces de voz: nos últimos anos, no Chile, podemos ver que o uso de dispositivos móveis foi se aproximando ao do desktop a ponto de superá-lo.

O desafio de comunicar

Em linhas gerais, os objetivos principais do design conversacional estão relacionados a dois grandes âmbitos:

1. A experiência: permitir que as pessoas que usam um produto digital possam interagir com diferentes dispositivos, usando majoritariamente sua voz.

2. A tecnologia: treinar os serviços para que, em função do comportamento das pessoas, aprendam a se comunicar com elas.

Esses desafios implicam uma conjunção de esforços e saberes, mas são centrados em um rol primordial: o estrategista ou escritor de conteúdo focado no usuário (UX Content Strategist e UX Writer, respectivamente).

A relevância desses perfis recai no fato de que os assistentes de voz precisam comunicar coisas: dados, informações, instruções, resultados de buscas, mensagens, cumprimentos, despedidas etc.

E nesse caso, em que normalmente não há interfaces gráficas, a principal ferramenta para fazer isso é o design de uma conversa através de palavras.

De fato, de uma conversa entre Yuval Keshtcher, CEO e fundador do UX Writing Club, e Yves Van Kerkhove, UX Writer no Colruyt Group, podemos nos aprofundar em uma reflexão que coincide com o nome da entrevista: “Is voice Interface the Future of UX Writing?” (A interface de voz é o futuro do UX Writing?) (Spoiler: sim).

Muitos colegas e experts estão se aprofundando na importância dos conteúdos UX na hora de projetar experiências conversacionais nos nossos produtos digitais.

Tudo é interpretação

Tudo isso significa que nós, especialistas em UX Content, temos um duplo desafio:

🔶 Por um lado, devemos projetar experiências digitais em produtos em que o essencial será a conversa gerada entre um dispositivo móvel e uma pessoa que usará sua voz.

🔶 Por outro, devemos cuidar da criação de diálogos usando palavras que as pessoas que vão usar o produto não vão poder ver e/ou ler, mas que só aparecerão faladas no contexto da conversa.

E é precisamente neste último ponto em que aparece um dos grandes desafios para todo UX Content Strategist: como projetar um diálogo quando não sabemos exatamente qual é a intenção final de quem está usando o produto?

Isso quer dizer que, quando projetamos para uma VUI, não temos controle sobre as ações que essa pessoa quer fazer, porque seu modo de se comunicar com o dispositivo vai depender de fatores que um robô ainda não pode levar em conta, por exemplo:

  • O contexto em que a pessoa se encontra
  • Seu acervo cultural e/ou linguístico
  • A intenção de comunicação (ou o que quer fazer de fato)
  • Os tons da comunicação: ironia, sarcasmo, entonação

Tal como menciona Cathy Pearl, Design Manager do Google Assistant no Google, em uma palestra chamada “Designing Voice User Interfaces” (Projetando interfaces de voz), todo o conteúdo disseminado nessa conversa está no plano da interpretação.

Nesse sentido, o papel do UX Content é considerar essa variável e projetar diálogos que abarquem a maior quantidade de expectativas, oferecendo uma experiência memorável, divertida e útil ao mesmo tempo.

No design de conteúdo para interfaces de voz, as ações que derivam da pessoa que usa o produto entram no plano da interpretação do sistema. Esse é o desafio de todo UX Content Strategist/Writer!

Projetar conteúdo de voz

Do ponto de vista da comunicação e do conteúdo UX, o primeiro a ser definido é a voz, no caso de contar com as capacidades para desenvolver um assistente de voz.

Essa é uma excelente oportunidade para transmitir emoções e a personalidade da marca, porque, como sinaliza Alejandra Rivera no artigo “¿Qué es el diseño de interfaces de voz?” (O que é design de interfaces de voz), “a voz tem uma propriedade de jogo devido à natureza imprevisível das interações” (em tradução livre).

No caso de o produto utilizar um assistente como os mencionados no início deste texto, o chamado é para se concentrar nas características próprias do produto, para que o design dos diálogos seja capaz de captá-las integralmente.

Cathy Pearl, expert de VUI no Google, ensina que temos que focar em escrever conteúdo para produtos digitais que vão interagir por meio da voz

Finalmente, é a mesma Cathy Pearl quem recomenda estarmos atentos a cinco pontos essenciais na hora de projetar experiências conversacionais. UX Content Strategists e Writers do mundo, tomemos nota:

Original: Rodrigo Zavala Molina
Tradução: Marina Meireles
Revisão: Gisele Rosati e Danilo Guarniero

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Marina Meireles
TradUX
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UX enthusiast in Portuguese, English and Spanish.