Ouse e faça

Andréa Zambrana
Training Center
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3 min readMay 2, 2018
NMAH Archives Center. Grace Murray Hopper Collection. 1947.

Nós, como pessoas desenvolvedoras, todo dia criamos soluções para problemas de diversos tipos, alguns super complexos, outros mais simples, mas normalmente esse é o nosso fluxo diário de trabalho.

Na maior parte das vezes, para desenvolver estas soluções, utilizamos uma (ou várias) linguagem de programação que nos fornecem um certo ferramental para que possamos escrever a nossa “lógica” e que o computador efetivamente solucione os problemas que desejamos.

Se pararmos para pensar, programar é algo muito gostoso e é relativamente fácil, pois a linguagem de programação que utilizamos, ou que gostamos mais, facilita bastante a escrita da lógica, especialmente porque as linguagens de programação de alto nível, nos fornecem uma sintaxe muito próxima do idioma que utilizamos no dia a dia. Obviamente, nós pessoas nascidas/criadas no Brasil, temos uma tarefa extra que é aprender o mínimo de inglês para entender melhor a sintaxe.

Programar, apesar de sempre ter sido gostoso, não era assim tão simples lá pelos anos 50, pois além de ter que saber lógica de programação e matemática, era necessário ter um conhecimento mais pesado da linguagem que as máquinas entendiam, e isso era bem mais “cansativo” e “trabalhoso”, pois era necessário escrever muito para fazer algo tão simples quanto um “Hello world”.

Essa belezura de que nós desfrutamos hoje ao programar se deve ao trabalho de uma pessoa incrível, a Doutora Contra-almirante Grace Murray Hopper (1906–1992), também conhecida como a “Maravilhosa Grace” (Amazing Grace), a mulher que tornou a linguagem do computador mais humana.

Esta mulher incrível era graduada em Matemática e Física, tinha também um PH.D. (Doutorado) em Matemática, além de ter uma patente militar de Contra-almirante da Marinha dos Estados Unidos (patente de nível igual ao General de brigada no Exército).

Além de ter criado o primeiro compilador desenvolvido para um computador eletrônico, o A-0 (Arithmetic Language version 0), criou também a linguagem de programação Flow-Matic, que serviu como base para a criação do COBOL nosso de cada dia.

Foram concedidos a ela 40 títulos honoris causa de diversas universidades ao redor do mundo, e inclusive foi homenageada com um navio, o USS Hopper, um destroyer ainda em atividade cujo lema é aude et effice” (ouse e faça).

Uma curiosidade sobre Grace é que na sua sala ela tinha uma bandeira pirata (a bandeira de Jolly Roger) e um relógio que andava para trás. Ambos eram lembretes de que, com frequência, os desafios podiam ser superados abordando-os de maneiras novas e às vezes contrariando o sistema.

Um detalhe é que quando ela não estava servindo ao seu país, ela dava aulas na universidade e era considerada uma professora muito popular, pois ela fazia uso de ilustrações e analogias inteligentes para ajudar seu público a fazer conexões.

Em muitas de suas palestras ela distribuía pedaços de arame com exatamente 30 cm de comprimento, explicando que esse comprimento representava um nanossegundo, que é distância máxima que a luz ou a eletricidade percorre em um bilionésimo de segundo (nanossegundo).

Ela dizia: “Quando um almirante lhe perguntar por que é preciso tanto tempo para enviar uma mensagem via satélite. Você ressalta para ele que entre onde estamos e o satélite há um grande número de nanossegundos.”

Quando se pesquisa sobre ela, encontra-se relatos que dizem que “ela era mesmo tempo brilhante, corajosa, irreverente e afetuosa”, o que faz sentido ao analisar uma das suas frases mais famosas:

“A frase mais perigosa é ‘Sempre fizemos assim’.

Esse jeito irreverente, brilhante e corajoso é o que inspira todos os dias pessoas de diversos países a serem melhores, a ousar e a fazer as coisas de forma diferente.

É graças a esta mulher incrível que hoje podemos trabalhar da forma em que o fazemos, focando apenas na solução do problema e não “na escrita dela”.

Fica aqui, uma frase que me inspira a cada dia:

“Se é uma boa ideia, vá em frente e faça porque é muito mais fácil pedir desculpas do que obter permissão.” Grace Hopper.

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Andréa Zambrana
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