The Flash 5° temporada | Crítica
Um fracasso na velocidade da luz
Chegamos ao fim do ano das séries da CW e eu gostaria de falar da excelente 3° temporada de Riverdale, porém preferi falar de The Flash primeiro, pois descarrego é terapêutico.
A série vinha de um estado de reconstrução, já que, depois da 3° temporada, que foi um desastre, a série precisava retomar suas origens: a primeira temporada. Afinal, depois dela, os roteirista acharam que a serie iria melhorar com um monte de discursos motivacionais, dramas que deixavam escritores de novela com inveja e um tom alá Batman Vs Superman. No segundo ano da série, nós até aceitávamos, pois o tom mais sombrio era necessário para aquela historia, porém na terceira temporada, isso foi um tiro pela culatra. Essa reconstrução da série começou com primor na excelente quarta temporada, porém tudo foi jogado fora na quinta.
Pontos Positivos:
Justiça seja feita, por mais que eu ache que essa foi a pior temporada da série, ela ainda tem pontos positivos a se destacar.
Um deles foi sua season finale (último episódio) que diferente do das outras temporada, ele é bom. Quase tudo nesse episódio funciona (retirando os efeitos especiais, que já são um problema antigo da série, tendo em vista seu baixo orçamento), ele é um primor técnico, a fotografia funciona, entregando planos lindos para os padrões da série. A direção desse episódio é uma das poucas acertadas da temporada inteira, com movimentos de câmera inteligentes e escolhas narrativas, que são executadas de maneira inesperadas, cenas de ação bem feitas (destaque para a cena final que brinca com os poderes dos personagens, em cena de uma maneira que a série nunca fez) e, principalmente, sem aquele monte de cortes que muitos filmes usam durante a ação, prejudicando a fluidez da cena e a compreensão geográfica da mesma.
Até o bom elenco da série que estava sem inspiração durante toda a temporada, aqui, entrega interpretações excepcionais, com destaque a Tom Cavanagh que, como sempre, está excelente.
Falando em Tom Cavanagh, ele é um dos poucos pontos positivos da temporada, sempre está bem e, aqui, com Sherloque Wells, novamente brilha. Por mais que não visse tanto sentido para o seu personagem no início da temporada, a partir da segunda metade, o personagem se mostra excelente, desde como alívio cômico, até como detetive, que por sinal, esse segundo item é importante para a temporada. O que eu mais gosto nas atuações dele é o fato de que a cada temporada, com exceção da quarta, ele faz uma nova personagem e ele nunca se apoia na outra para construir seu personagem, ele sempre constrói seu personagem do zero, o que dá um ar de originalidade pra cada papel. Por sinal, há uma um acontecimento que mostra mais ainda o talento do ator, entretanto não posso falar, pois entra no campo de spoilers.
Vale também citar um cuidado do técnico que a série teve. Pelo menos, em alguns episódios, como, por exemplo, tudo envolvendo o boneco de pano, desde a movimentação do personagem, sua maquiagem, figurino e a própria atuação do Troy James, que assim como Cavanagh brilha com o seu personagem, pena que ele só aparece em 2 episódios. Queremos mais boneco de pano!
O Cicada também é ameaçador na primeira metade da temporada, porém depois, tudo cai por água a baixo.
Pontos Negativos:
Eu acho que o principal problema aqui, é o potencial desperdiçado. A temporada tinha chance de ser a melhor da série. A trama era fácil de se trabalhar, nada complexo, tudo muito simples, só que o roteiro parece não saber significado de menos é mais. Em alguns momentos, principalmente com os diálogos, parece que o roteiro foi escrito por uma criança de 5 anos. É um texto sem o mínimo de sutileza, fazendo coisas que poderia ser mostradas com apenas uma cena, serem verbalizada em diálogos, os chamados diálogos expositivos. Há uma “regra” dentro das obras áudio visuais: mostre, não fale. A partir do momento que você fala o que pode ser mostrado, o roteiro está assumindo que o seu publico é burro e não consegue entender uma cena, sem que ela seja descrita para ele. Essa técnica não é um problema quando bem utilizada, assistam Sombras da Vida e vejam como um diálogo expositivo pode ser bem tralhado, entretanto não é bem utilizado e a maioria dos diálogos é exposição barata.
O roteiro também falha quando entrega as mesmas coisas que foram um problema nas temporadas passadas (segunda e terceira), ou seja tudo que citei na introdução do texto. Um tom sério e soturno sem que faça o mínimo sentido, melodramas baratos que deixaria os criadores de A Terra Prometida com inveja e um monte de discursos motivacionais baratos. Há sim ótimas doses de humor, existem episódios muito engraçados, ou que mesmo não sendo engraçados são pura diversão, sendo exceção a esses pontos acima, porém esses episódios são poucos, ou são King Shark vs Gorilla Grodd. Não me entendam mal, ele não é um episódio ruim, mas ele é basicamente um filler no episódio 15 da temporada, ou seja a reta final.
Os arcos dos personagens são muito fracos, sendo genéricos e extremamente diluídos em um roteiro que não sabe criar bons personagens. Os únicos que escapam disso são: O já citado Sheloque Wells e Ralph Dibny (que é uma herança da temporada anterior). Por sinal, só eu que achei que agora que o ator virou do elenco principal ele apareceu menos que na quarta temporada? Isso, afinal, é um outro potencial desperdiçado, pois além do ator ser ótimo, o personagem tem química com todos grupo e ainda é um ótimo alívio cômico. Mas o tempo de tela dele é diminuído pra dar espaço a personagens que ninguém liga como Nora West-Allen.
Na verdade, eu errei ao dizer que o maior problema é o potencial desperdiçado, pois as personagens são bem piores. Destaque para dois, a personagem mais chata do universo, Nora Allen e o vilão Cicada.
A Nora é mal escrita desde o início, eu nunca comprei o melodrama dela com a Íris, só que esse é o menor dos problemas, afinal ela ainda agia como a adulta de 30 anos que ela é (eu ainda acho muito estranho ela ser mais velha que os pais). Mas a partir do momento em que aquele draminha mixuruca dela com o Barry começa, a personagem se perde de vez. Ela começa a se comportar como uma criança birrenta de 5 anos, até a atuação da Jessica Kenedy Parker, que estava competente, até então, cai de qualidade. Já o Cicada é o vilão mais desperdiçado da série, estava sendo construída toda a história da sobrinha dele, Grace, como motivação para ele fazer o que faz. O que até parecia que serviria de embate moral entre o Barry e o vilão, duas figuras paternas. Só que além da péssima interpretação de Chris Klein, todo o potencial da sua personagem é jogado no lixo, a partir do momento, em que todas as ações dele são iguais, tornando repetitivo. Além de que a trama apresentado no episódio 9 nunca é desenvolvida, pelo menos a personagem teve sua redenção no ep 17, mas até lá, o estrago já estava feito.
As atuações flutuam de fracas a ruins, com exceção das já elogiadas e de Carlos Valdez (também as do último episódio), os atores entregam atuações sem o mínimo de inspiração. Eu não posso nem culpá-los, afinal, parte desse problemas vem da fraca direção, que não sabe conduzir bem seu elenco, e do roteiro, já amplamente criticado. Há alguns pequenos momentos em que os atores brilham, como na discussão entre Barry e Íris no episódio 18, que mesmo com péssimos diálogos, os dois atores brilham. Vale citar que dos atores afetados Candice Patton (Íris West) é a mais consistente de todos. Já Daniele Panabaker (Catilin Snow) é boa, mas mal utilizada. Grant Gustin, entrega uma interpretação fraquíssima, diferente dos outros anos, aqui, ele está totalmente sem vontade, sempre com cara de cansado.
A direção é fraca e entrega momentos sem surpresa nenhuma e movimentos de câmera genéricos. Nota-se que os diretores não conseguem imprimir sua autoria na obra, apenas requentando técnicas que já foram usadas, de maneira melhor, em outras temporadas. A única coisa que salva a direção são as cenas de ação, elas são divertidas, bem dirigidas e filmadas. Além de compreensíveis, já que não tem cortes a cada 2 segundos e câmera tremida, coisa que diretores como, Michael Bay, (franquia Transformers, a Rocha, Armageddon, etc) fazem.
Resumo da Obra:
The Flash entrega um quinta temporada, com uma boa season finale. Uma interpretação genial de Tom Cavanagh, uma boa de Hartley Saweyr (Ralph Dibny)e Carlos Valdez. Uma consistente, mas ainda fraca, de Candice Patton. A série também entrega ótimas cenas de ação e alguns episódios genuinamente divertidos. Porém, a maior parte das atuações são fracas, ruins, ou horríveis. O roteiro é mal escrito, ele tenta tornar tudo grandioso demais, o que acaba fazendo com que tenhamos tramas diluídas e personagens mal escritos. Sem falar da total falta de sutileza do roteiro que nos entrega diálogos expositivos. Some a isso um péssima direção e nós temos essa temporada.