Sobre o CIStema

Liu Gerbasi
Nboy
Published in
2 min readAug 20, 2020

Enquanto trans não-binário a minha existência por si só é uma resistência. Tenho meus privilégios — sou branco, sou padrão em alguns quesitos, sou de classe média, cresci estudando e tive a oportunidade de, com certo tempo, fazer com que minha família me aceitasse — mas também sei que a ideia de não performar nenhum gênero em específico incomoda muito a sociedade, principalmente a parcela da sociedade que acha que meu corpo é assunto público por não se encaixar em padrão cisnortamivo e que podem opinar sobre o que eu decido para ele. Dito isso, vamos entender algumas bases aqui.

A transgeneridade não é uma coisa que eu decidi. Eu sou trans por ter entendido, ao longo de uma vida esmagada pela heterocisnormatividade que, o gênero que me foi dado ao nascer, não condiz com o que eu sinto ser. Não acho que a cisgeneridade ta errada, apenas não rolou em mim. E ta tudo bem. Quando nascemos rola todo o evento de “é uma menina” ou “é um menino”, e é aí que começa a pressão do CIStema para que o indivíduo performe feminilidade ou masculinidade, cumprindo seu papel dentro da sociedade heterocisnormativa. É complicado se libertar de um padrão imposto desde o nascimento. Então eu quero propor que aqui seja um lugar aberto para discussões sobre o tema. Pode ser desafiador, sim, claro. Mas garanto que ficar em silêncio é infinitamente mais complicado.

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