O estudo do site, um duplo diamante

Daniele Ascipriano
Transição Nossa Cidade
7 min readNov 5, 2020

Autoras: Daniele ASCipriano, Lúcia Helena Batista, Renata da Silva Santos

A Associação Nossa Cidade está em um momento de transição e, para tal, reuniu colaboradores, associados e líderes entusiastas em torno da tecnologia social Dragon Dreaming. Através do design de projetos aplicada a pessoas, grupos, projetos e organizações, o Dragon Dreaming ativa a realização de sonhos que apoiam a vida em nossas comunidades e no planeta.

Durante esse processo foi identificada a necessidade de integração dos grupos atuantes através do fortalecimento dos canais de comunicação. O projeto do novo site surgiu como uma ferramenta fundamental para a melhor interação entre os grupos de forma colaborativa. Nesse contexto foram levantados como objetivos do Novo Site:

  1. Introduzir novos membros ao movimento Nossa Cidade;
  2. Orientar associados sobre como participar / se envolver;
  3. Orientar as pessoas a doar para a associação ou um projeto;
  4. Facilitar que associados “se encontrem” e cooperem entre si;
  5. Prover conteúdo ou direcionamento básico para movimentos de cidades (conteúdo interno, restrito).

Após um levantamento do processo de construção do novo site, propusemos as seguintes etapas para o desenvolvimento do mesmo: Estudar o site novo, Colaborar com a equipe responsável pela criação do site e Inaugurar o novo site com festa e encontro. Após os primeiros encontros, viu-se necessária a inclusão de mais uma atividade como segunda etapa após o estudo do site novo, denominada Rever processos e formatos do site.

O estudo do site

Para estudar o site da ANC, foi sugeriu a utilização da metodologia do Duplo Diamante, proposta no Design Sprint. Por essa metodologia, seria possível fazer uma varredura do site em desenvolvimento sem se prender a detalhes, porém, contemplando o todo e, principalmente, o usuário.

Fig.1 Processo Duplo Diamante, artigo Design Sprint na Prática — Vanessa Pedra.

Metodologia ágil: o Duplo Diamante!

Hoje em dia é impossível falar de experiência do usuário sem citar metodologia ágil, e isso tem um motivo. Trabalhar com uma estrutura traz mais organização e agilidade para traçar soluções para o usuário de maneira assertiva, e é exatamente isso que precisávamos para começar a construir o nosso projeto.

Optamos pelo Duplo Diamante, metodologia ágil do Design Thinking, para nos guiar e ele caiu como uma luva para a equipe do Nossa Cidade.

Como funciona a metodologia

O Double Diamond é composto por quatro fases distintas: descobrir, definir, elaborar e entregar.

  • Descobrir as dores do usuário;
  • Definir o problema;
  • Elaborar soluções possíveis para os problemas do usuário;
  • Entregar soluções viáveis que resolvam os problemas do usuário;

Para descobrir as dificuldades do usuário nada melhor do que chamá-lo para um bate papo. Para isso, optamos por questionário semiótico e dentro deste processo desenvolvemos algumas atividades como o card sorting, brainstorm de ideias e teste de usabilidade.

“A pesquisa é o pontapé inicial do duplo diamante, pois sem ela não conseguiríamos construir empatia e visualizar futuras oportunidades.”

Depois de conversar com o usuário e saber tudo sobre suas dores chegou a hora de definir os problemas. Nesta etapa as ideias começam a convergir e o time prioriza os insights e restringe as melhores ideias, e a partir de então identificamos os problemas que serão trabalhados. Utilizamos a Matriz CSD para nos ajudar a visualizar os pontos de atenção.

A próxima etapa é elaborar. O que fizemos até então representa o primeiro diamante que foi aberto para descobrir oportunidades e se fechou quando definiu as dificuldades de nossos usuários. Agora que estamos na metade do processo.Passamos, então, para decidir quais problemas tentaremos solucionar.

“O objetivo é abrir nossas mentes para o processo de ideação para que possamos ter o maior número possível de ideias e possamos melhorar a experiência do usuário.”

Por fim, chegou a fase no qual todos esperavam: a entrega. Nela prototipamos as soluções encontradas, testamos e coletamos feedbacks para entender se estamos no caminho certo.

Na entrega praticamos o pensamento convergente de novo, e focamos no que de fato conseguimos entregar e quais soluções irão sanar as necessidades do usuário.

O processo

No primeiro dia do estudo os participantes optaram por representar a voz do usuário na interação com o site. Identificaram as dores das pessoas que tem o contato com o site pela primeira vez, assim como, dos associados ao buscar ferramentas de atualização, colaboração e contato com outros membros. Foram levantados também aspectos ligados à percepção e cognição, a exemplo, visibilidade de fontes e informações, linguagem acessível, navegabilidade e comunicação visual.

Houve o estímulo para que os presentes estabelecessem um brainstorm de soluções a partir das dores identificadas. Ficaram então evidentes que os aspectos visuais levantados como pontos a melhorar estavam diretamente ligados à experiência dos usuários com o site. Houve um consenso sobre a necessidade de ter um site mais conciso e claro para o público externo, e uma plataforma mais colaborativa e de fácil atualização para os associados, colaboradores e líderes.

Nessa etapa as colunas foram preenchidas individualmente. Esse processo foi realizado remotamente, durante uma sessão de 50 minutos. No final todos puderam expor suas percepções e justificar ou acrescentar mais detalhes aos aspectos abordados.

Fig. 2 — Tabela com as dores dos usuários identificadas pelos participantes.

O segundo dia do Design Sprint promoveu a análise das soluções levantadas pelos participantes. Estas foram submetidas a um processo semelhante ao do Card Sorting: as soluções foram separadas em tópicos e puderam ser analisadas pelo grupo para permanecer, ser retirada, ser unida com outra solução semelhante.

Fig. 3 — Demontrativo do Segundo Dia — Categorização das soluções levantadas na ideação.

Durante a ação que aconteceu coletivamente, onde cada participante movia ou copiava as soluções, identificando as informações e categorizando-as, surgiu a necessidade de criação de mais duas colunas: Esclarecer e Alternativas/Sugestões. O que deixou evidente a necessidade da aplicação da Matriz CSD, para explicitar os aspectos que podem embasar o desenvolvimento de funcionalidades e adequação do Design com foco na experiência do usuário.

Foi realizada de forma online na plataforma Miro, simulando a organização por post-it em três colunas: Certezas, Suposições e Dúvidas.

Fig. 4 — Matriz CSD.

O questionário do Perfil Semiótico

Diante dos atributos analisados nesta etapa do estudo do site, observamos aspectos tanto funcionais quanto estéticos. Ambos influenciam a experiência do usuário de forma a afetar qualitativamente a interação. Portanto optamos por realizar um questionário do Perfil Semiótico, com o intuito de investigar a percepção dos membros do Nossa Cidade para a comunicabilidade do site, nos níveis estáticos e semânticos; diretamente ligada ao contexto de uso.

O questionário do Perfil semiótico permitiu inferir sobre hábitos dos associados quanto a frequência e preferência por dispositivos durante o uso da internet. Assim como apurar sobre a percepção dos ícones estáticos das telas projetadas pelo Designer.

O questionário apontou um perfil de respondentes majoritariamente composto por novos membros (40%) e Associado Colaborador (33%); Envolvidos em Causas de Educação, Meio Ambiente, Cultura e Arte. A faixa etária principal está entre 25 a acima de 54 anos.

46,7% dos participantes no momento atual estão trabalhando em regime de home office, e escolaridade ensino superior (completo ou incompleto).

Quanto a frequência de uso da internet foi apontada como diária, sendo que 93,3% afirmaram ter acesso. Os locais apontados como de maior conexão foram a casa, o trabalho e as redes wi-fi, pelo computador pessoal / notebook ou celular.

Ainda houve o apontamento de principais hábitos de uso de aplicativos com a finalidade de Conversar com pessoas, entretenimento, troca de e-mails e leitura de notícias.

Fig. 5 — Pesquisa do Perfil Semiótico — Projeto do Novo Site.

Para aspectos do Design de interface foi apontado como desejável que o site seja atrativo, de linguagem simples e dinâmico.

Em termos de conteúdo, os cinco primeiros temas que os usuários expressaram ser desejáveis foram: Projetos Nossa Cidade; Textos informativos; Missão, Visão e Valores; Contato com Projeto/Cidade/Comunidade e Como Doar.

A três principais informações desejadas para o site apontadas na pesquisa foram: Ações, Quem Somos e Pessoas.

Conclusão

A partir da realização do estudo do site, consideramos a necessidade de readequar o atual site da ANC que está no ar, bem como o site que está em desenvolvimento para que atenda às necessidades dos usuários internos (associados) e usuários externos (não associados, sociedade, parceiros e outros públicos de interesse).

Para contribuir com o Estudo do Novo site responda esse questionário

https://forms.gle/tLdUvJUhG9XagZcm9

E esse é o link do site atual http://nossacidade.net/

Referências

DE PAULA, Heller. Matriz CSD — Certezas, Suposições e Dúvidas. 2017. <http://www.hellerhaus.com.br/matriz-csd/>

GUIMARAES, Wagner. Card Sorting como descobrir o modelo mental de organização de conteúdo. 2018.

<https://brasil.uxdesign.cc/card-sorting-como-descobrir-o-modelo-mental-de-organiza%C3%A7%C3%A3o-de-conte%C3%BAdo-18e9a50121aa>

KNAPP, Jake. Sprint: o método usado no Google para testar e aplicar novas ideias em apenas cinco dias. 1ª edição. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2017.

NIELSEN, Jakob, e LANDAUER Thomas K., “A Mathematical Model of the Finding of Usability Problems”, Conteúdo da Conferência ACM INTERCHI’93 (Amsterdã,24–29 de abril de 1993), pp.206–13.

VAN AMSTEL, Frederick M.C. Uma proposta semiótica para a avaliação de estruturas de navegação. Blog Usabilidoido, 2005. <http://www.usabilidoido.com.br/uma_proposta_semiotica_para_a_avaliacao_de_estruturas_de_navegacao.html>

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