Alugar carro na Itália vale a pena?
As alegrias e tristezas de alugar um carro durante a viagem
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Que a Itália é um ótimo país para ser visitado de trem, todo mundo já sabe. Mas como toda regra tem sua exceção, alugar um carro pode ser uma boa alternativa se você quer conhecer cidadezinhas na Toscana ou no Sul do Tirol, por exemplo, onde o trem não chega. Se liga na nossas dicas para não cair em cilada na hora de alugar um carro!
Quando devo alugar?
A resposta vai depender principalmente do seu estilo de viagem. Se você tem poucos dias pela Itália e a intenção é conhecer as capitais e cidades mais famosas (mais comumente o trecho Roma — Florença — Veneza), você não deve alugar carro de jeito nenhum. Esse é um exemplo de roteiro extremamente bem servido por trens e com ótimo preço. Mesmo viajando acompanhado de 4 pessoas o trem vai valer a pena: enquanto uma diária de estacionamento em Veneza pode custar em torno de 30 euros, eu já encontrei passagens de Roma a Veneza por apenas 9 euros usando os cupons de desconto da Italo Treno! Some isso com o valor da diária do aluguel do carro e do gasto de combustível…
Agora, se sua intenção é viajar com mais calma e conhecer cidadezinhas onde o acesso de trem não é fácil, você pode ser um bom candidato a alugar um carro. Mas antes de sair alugando é preciso fazer o check de consciência para saber se você está realmente preparado!
O que eu preciso saber antes de alugar um carro?
A primeira coisa que você precisa ter em mente é que alugar carro é uma dor de cabeça. Infelizmente, algo que deveria ser fonte de prazer durante sua viagem pode servir exatamente para o oposto. É claro que estou exagerando um pouco, mas pense se está preparado para encarar as seguintes situações:
- Perder tempo para retirar o carro, tendo que negar (ou as vezes aceitar?) seguros e adicionais infinitas vezes e ainda assim sair da locadora com a sensação de estar sendo enganado;
- Se preocupar com pequenos acidentes de transito e estacionamento (acredite, os europeus não estão nem aí!);
- Estudar as Zonas de Trafego Limitado (regiões onde somente os moradores podem trafegar). E sim, se você entrar numa delas você vai tomar multa;
- Eu já falei sobre as multas? Bom, você vai estar em um lugar desconhecido então você nunca sabe se está fazendo o certo… da forma certa;
- Se preocupar com roubos (sim, eles existem por lá também), caso você tenha deixado as malas no carro, algo extremamente não recomendável;
- Se preocupar com onde estacionar: os borgos medievais vivem cheios de turistas, e provavelmente achar vagas nos estacionamentos mais próximos da entrada é uma tarefa um pouco difícil;
- Perder tempo novamente para devolver o carro e responder por riscos e arranhões que você nem tinha percebido que aconteceram.
A melhor estratégia: um híbrido entre carro e trem
Uma boa estratégia, e que nós acabamos adotando foi dividir a viagem em duas partes: A.C. (antes do carro) e D.C. (depois do carro).
- A.C. (antes do carro): você vai deixar esse período para conhecer todas as cidades possíveis de se conhecer *sem perrengue* de trem. Abuse dos trens rápidos e conheça locais onde é um inferno dirigir, como Roma e Florença. Faça bate-voltas, mesmo que isso pareça que está "atrasando" a viagem, no final do dia vai tornar sua viagem muito mais confortável.
- D.C. (depois do carro): agora que você já conheceu todas as cidades grandes e locais bem servidos por trem, já é a hora de pegar o carro. Mas atenção: é preciso escolher onde pegar o carro com sabedoria.
Para ter uma idéia de como isso funciona na prática, nosso roteiro ficou assim:
- De trem por Roma, Florença, Pisa, La Spezia e Veneza (já estávamos com o carro em mãos, mas mesmo assim compensou deixar o carro estacionado em Bolonha e fazer o bate-volta de trem).
- De carro pelas cidadezinhas na Toscana (Volterra, Montepulciano, Pienza, San Quirico D'Orcia, Montalcino, Cortona e Arezzo), Bolonha e Sul do Tirol (Bolzano e lagos da região).
- ATENÇÃO: pegar carro duas vezes na mesma viagem pode parecer uma boa idéia, mas se você parar para pensar NÃO É! O primeiro motivo é que cada locação vai te fazer um caução gigante em seu cartão de crédito (algumas operadoras dizem ser de 2000 euros!) que demora um tempinho para ser devolvido, assim quando você for fazer a segunda locação pode ter problemas com o cartão. O segundo motivo é que você vai ter que passar por toda a chateação da locadora por mais duas vezes. E mais motivos vão aparecendo se você parar pra pensar, pra gente não valeria a pena mesmo!
Onde pegar e devolver o carro?
Essa foi uma grande dúvida em nossa viagem, pois existe uma linha muito tênue entre uma boa agência e a localização mais estratégica para o seu roteiro. Durante minhas tentativas eu sempre caía nos seguintes dilemas:
- Agência boa em uma cidade fora de mão para o roteiro
- Agência ruim em uma cidade estrategicamente bem localizada para o roteiro
No final das contas, a melhor opção (e vou explicar por que no tópico seguinte), é pegar o carro em uma agência de aeroporto. E não precisa ser aeroporto grande não: Pisa, Bolonha, Bolzano — todas elas tem aeroportos e agências de carro.
Pegar o carro no aeroporto significa que você certamente encontrará uma disponibilidade maior que em uma agência no centro da cidade. Além disso, as taxas de one-way (pegar em um lugar e devolver em outro), costumam ser menores ou até mesmo gratuitas para quem pega e devolve o carro em aeroportos.
Assim, nem preciso dizer que a devolução mais adequada do carro é também em aeroporto. Você aproveita a praticidade de chegar no terminal sem precisar de transfer e com muito conforto.
O nosso erro: alugar em cidade pequena
Infelizmente, entre os dois dilemas acima, acabamos caindo na cilada do segundo. Escolhemos alugar um carro em La Spezia, uma cidade pequena, com logística perfeita para o nosso roteiro (chegaríamos na cidade de trem e logo após conhecer as Cinque Terre, pegaríamos o carro), mas com uma agência de carros péssima.
Quando chegamos na Hertz de La Spezia, as 9h com nossa reserva em mãos, fomos rudemente avisados que não haviam carros disponíveis e que deveríamos esperar. Quanto tempo? Não era possível prever e a funcionária também não se importou. Ela simplesmente recomendou que fossemos tomar um café na esquina e voltou a fazer o que ela estava fazendo.
Esperamos em torno de 30 minutos, enquanto buscávamos um alternativa. Eu já estava vendo todos os planos do dia ir por água abaixo quando lembrei que havia feito uma reserva sem cartão de crédito na Avis. Nossa salvação!
Liguei para a agência que ficava a poucos quilômetros dali e disseram que lá ainda havia um carro. Só não disseram qual carro: uma "singela" Ducatto, enorme e totalmente inadequada para o tipo de passeio que pretendíamos fazer. Por sorte, pediram para que passássemos em Pisa para trocar a van por um carro da categoria que havíamos escolhido, sem custos. Perrenguinho, mas conseguimos resolver a situação, ufa!
O mais curioso de tudo isso foi… Nos mandaram para um aeroporto! Viram como a vida é mais fácil para quem resolve alugar carro em um aeroporto?
O que ninguém conta
É que a reserva feita pela internet na verdade não vale muito: as locadoras não garantem o estoque de carros. De grosso modo, a impressão que dá é que elas vão alugando conforme a demanda, e torcem pra que as pessoas devolvam os carros nos horários combinados — o que é totalmente impossível de prever.
Por conta disso, nós que gostamos de viajar com tudo já pré-pago, não recomendamos o pré-pagamento de uma reserva de carro: são muitos problemas que você não pode prever e realizar o pré-pagamento não vai ajudar a resolver nenhum deles, pelo contrário. Por sorte, a Hertz devolveu o dinheiro numa boa.
Mais algumas dicas…
Antes de acabar este post repleto de dicas e conselhos, ainda temos mais duas dicas importantes:
Disco horário
Vários locais dispõem de estacionamento gratuito por um tempo pré-determinado, mais comumente 2 horas. Durante uma boa parte da viagem nos perguntamos: como eles sabem? Não víamos nenhum tipo de "zona azul" nos outros carros estacionados ou algo parecido. Foi aí que resolvi pesquisar e descobri que eles usam algo chamado "disco horário" para indicar o horário de chegada. Interessantíssimo!
Fomos atrás de comprar um e nunca achamos para vender… Até que quase no dia de devolver o carro eu olhei melhor para o canto do parabrisa e reparei que o tal do "disco orario" esteve ali… o tempo todo.
Pedágio
O pedágio na Itália funciona de forma um pouco diferente que no Brasil: ele não existe nas rodovias! Você só será cobrado ao entrar em uma cidade, mostrando o ticket que você pegou na saída da cidade anterior. Uma forma inteligente de cobrar somente pelo trecho percorrido. Assim, você não precisa se preocupar com a instalação de "Sem-Parar" no carro pois é algo desnecessário na Itália.
No final das contas…
Alugar um carro foi um "mal necessário" para o estilo de viagem que queríamos fazer. Por sorte deu tudo certo, não tomamos multa (ainda, amém) e temos muitas histórias para contar, além de ter conseguido ir a lugares que jamais seriam possíveis sem carro. A sensação de liberdade que o carro proporciona é ótima, mas o motorista não consegue curtir a paisagem como os passageiros pois precisa prestar atenção no caminho. Nosso conselho final é: alugue se necessário, mas consciente!
E você, já passou por alguma "aventura" durante o aluguel de carro durante uma viagem? Conta pra gente!
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