Visita a cervejaria La Trappe na Holanda
Uma trapista de fácil acesso para incluir no seu roteiro cervejeiro
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Visitar cervejarias trapistas era um dos grandes objetivos da minha viagem. Porém, em poucos cliques de pesquisa eu descobri que não seria uma tarefa muito fácil, já que eu estava sozinho e sem carro: normalmente as cervejarias trapistas estão em zonas rurais e afastadas, dificultando o acesso de transporte público.
Enquanto o turismo cervejeiro inspirava minha viagem, eu não gostaria de sacrificar outras atrações nas cidades que eu nunca estive antes em prol de conhecer cervejarias tão distantes. Assim, cheguei a conclusão que de todas as cervejarias trapistas entre a Bélgica e Holanda, eu teria tempo para visitar uma ou no máximo duas. Foi difícil aceitar no começo, mas fazer maraturismo estava fora de cogitação. Eu precisava conciliar turismo e cerveja, ponto.
A La Trappe foi a escolhida por ser uma das cervejarias trapistas com mais fácil acesso e que poderia ser visitada como pit-stop na minha ida a Bruxelas. Ela possui uma estrutura de turismo bem organizada, oferecendo visitas guiadas, uma loja com produtos da marca e um beergarden. Parecia uma ótima escolha, e realmente foi — veja a seguir.
História
Se você é cervejeiro e chegou até aqui, é possível que você já saiba o que é uma cerveja trapista. Mas se o assunto for novidade para você, entenda que trapista não é um estilo de cerveja, mas sim uma cerveja que é feito sob alguns requisitos: basicamente é necessário que seja feita dentro das paredes de um mosteiro de ordem trapista, sob orientação de monges e que seus lucros sirvam apenas para sua subsistência e doações.
No mundo só existem 11 cervejarias consideradas trapistas pela International Trappist Association, já o mosteiro da La Trappe é conhecido como De Koningshoeven e foi fundado no ano de 1884.
A visita
Assim que meu curso na Universidade de Utrecht terminou, eu tinha um único objetivo: com minhas malas arrumadas, era hora de almoçar e partir rumo a Tilburg, cidade onde se localiza a La Trappe.
O local é muito bem estruturado e bonito, com várias placas indicativas e muitas árvores. A atmosfera é bem descontraída e familiar, com pessoas de todas as idades se divertindo e aproveitando o dia, sem muita pressa. A cervejaria é um destino de happy hour e almoço para turistas e holandeses, e por esse motivo costuma estar cheia.
Infelizmente, eu cheguei após o horário do tour guiado (mas eu já sabia!) e fui diretamente para o beergarden. A decoração do lugar é incrível, com mesas de madeira e vista para um lindo jardim, que com certeza nos inspira para degustar as cervejas tão especiais que estão pro vir! Apesar da vontade de provar todas, me segurei pois ainda tinha que continuar minha viagem e essas cervejas são bem alcoólicas. Provei duas cervejas enquanto comia um delicioso hambúrguer feito com pão e queijos trapistas. As escolhidas foram:
- a Blond, com uma linda coloração dourada hipnotizante, um pouco frutada e bem refrescante;
- a Isid’or, de coloração âmbar e um sabor mais complexo. Um pouco frutado no começo, que logo em seguida é suprimido por notas de caramelo. É díficil expressar o como essa cerveja é boa! Entrou imediatamente na lista das minhas cervejas favoritas, pena ser tão cara no Brasil.
Após provar essas cervejas maravilhosas, aproveitei para fazer algumas compras na loja. Achei que eles possuem uma boa variedade de produtos à preços justos, ainda mais se comparado aos preços do Brasil. Como exemplo, comprei as famosas taças/cálices da La Trappe por apenas 3 euros, tanto no tamanho normal como no tamanho mini. Em sites como Mercado Livre, já vi pessoas vendendo as mesmas por quase R$100,00! É possível encontrar também imãs, capas para celular, cervejas e produtos alimentícios (pães, queijos e bolachas trapistas).
Como eu demorei um pouco no beergarden e na loja, o caminho para a abadia já estava impedido e achei melhor não pular o cercado para ir até lá, embora tenha visto algumas pessoas fazendo isso. Foi uma pena, pois acabei não vendo a abadia de perto, mesmo que somente por fora.
Visitar a La Trappe foi super especial para mim e espero ter a oportunidade de voltar lá com mais tempo um dia! Mesmo sem fazer a visita guiada, vale muito a pena conhecer a cervejaria, afinal é possível provar uma variedade de cervejas on tap, sendo que algumas só podem ser encontrada por aqui, além do ambiente e comida serem maravilhosos.
Como chegar
A primeira coisa que você precisa fazer é pegar um trem até Tilburg. Para chegar até essa cidade é bem simples, já que existem vários trens que ligam diretamente à cidade ou em apenas uma conexão. A viagem desde Utrecht demorou cerca de 1h30 e custou 36 euros, com destino final sendo Bruxelas.
Ao chegar na Estação Central de Tilburg fui imediatamente guardar minhas malas no locker da estação. Essa dica é muito importante se você pretende fazer um pit-stop, afinal andar com malas estragaria toda a experiência.
Em seguida, é necessário pegar um ônibus ou um taxi para chegar até a cervejaria. Espere gastar em torno de 10 euros com o taxi e 3 euros com o ônibus. Existem vários taxis à espera logo na saída da estação e, ao lado direito, fica o terminal de ônibus. O ônibus 141 passa a cada 30 minutos e deixa literalmente na porta da cervejaria, facilitando bastante a vida. Apesar do local ser um pouco afastado da cidade, o percurso é muito rápido. É praticamente impossível errar o ponto, pois de longe é possível avistar a abadia e a placa da La Trappe — de qualquer forma, é só observar no monitor do ônibus a estação de nome Koningshoeven.
Para voltar para a Estação Central é igualmente simples à chegada: existe um ponto de ônibus do outro lado da estrada, onde ônibus de mesmo número passa e leva diretamente à estação de trem. De lá, foi possível pegar um trem que me levou até Bruxelas: pit-stop feito com sucesso, perto das 21h eu já estava em Bruxelas.
Planeje sua visita
- Chegue cedo! Eles fecham até antes do horário indicado no site;
- Verifique os horários para visita e tour na fábrica aqui;
- Se você estiver na Holanda, não é preciso comprar o ticket de trem com antecedência pois os preços são estáveis para viagens internas.
💡 Curiosidade: Como nem tudo é perfeito, fiquei um pouco decepcionado ao saber que na verdade a produção da La Trappe é atualmente licenciada para a InBev. Antes da visita, eu imaginava que os monges ainda faziam as cervejas por conta própria e de forma mais artesanal, mas não é bem assim. Segundo este artigo, isso foi até motivo para que a La Trappe perdesse o direito de usar o logotipo “Authentic Trappist Product” em seus rótulos durante os anos de 1999 a 2005. Como resultado, para conquistar de volta este certificado, foi necessário afirmar um acordo no qual monges deveriam supervisionar a produção em jornadas de trabalho com horas específicas. Isso acabou quebrando um pouco da “mágica” em torno da cerveja (enquanto outras trapistas ainda mantém a “mágica” viva), mas de forma alguma estragou a experiência.
