ensaios: Agilidade Antifrágil

Antonio Conserva Jr
Tree Hub

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Como conceitos da antifragilidade pode nos ensinar muito sobre Agilidade?

A antifragilidade não se resume à resiliência ou à robustez. O resiliente resiste a impactos e permanece o mesmo; o antifrágil fica melhor. Essa propriedade está por trás de tudo o que vem mudando com o tempo: a evolução, a cultura, as ideias, as revoluções, os sistemas políticos, a inovação tecnológica, o sucesso cultural e econômico, a sobrevivência das empresas, as boas receitas… O antifrágil aprecia a aleatoriedade e a incerteza, o que também significa — acima de tudo — apreciar os erros.

O conceito da antifragilidade e o seu entendimento se apresenta de uma forma simples em um primeiro momento, está em como nos tornamos mais forte conforme somos submetidos a situações de stress, aleatoriedade e volatilidade, porém o desafio está em como criamos um ambiente propício a nos tornarmos antifrágeis. Em resumo quando passamos por momentos desafiadores e chegamos ao outro lado fortalecidos, experientes, com novos aprendizados estamos nos tornando antifrágeis, e quando somos impedidos de seguir, evoluir ou regredimos quando estamos expostos a volatilidade ou stress estamos nos tornando frágeis.

Normalmente quando temos bons resultados na resolução de problemas (podemos aqui pensar na gestão de projetos ágeis) costumamos assimilar a forma como resolvemos a situação e passamos a utilizar a mesma meneira sempre que problemas similares voltam a acontecer, neste momento adicionamos mais um item à nossa caixa de ferramenta.

Durante alguns momentos na nossa jornada adquirimos mais ferramentas que em outros, os momentos em que nossa caixa mais cresce são aqueles em que somos mais desafiados, volatilidade, stress. Esses momentos exigem o uso de novas formas de resolução de problema e a cada ciclo nos tornamos mais experientes, confiantes, antifrágeis.

Ok, mas como isso se relaciona com a agilidade? Vamos continuar com o exemplo da caixa de ferramentas. Podemos relacionar de duas formas, primeiro, identificando a fragilidade nos frameworks ágeis, e segundo, gerando um ambiente para nos tornarmos antifrágeis. Vamos imaginar como executamos ou resolvemos a maioria dos desafios na agilidade, Scrum, Kanban, Métricas como CFD e dinâmicas de team building, feedback 360. Sempre do mesmo jeito, rodando todos as cerimônias do scrum da mesma forma, e utilizando sempre os mesmos quadros Kanban? É muito provável que sim, dependendo da forma como utilizamos nossa caixa de ferramenta, oferecendo as mesmas ferramentas sempre, estamos tentando normalizar um sistema bastante complexo e só iremos mudar caso o problema não se resolva e seja necessário ações emergenciais. Utilizando os conceitos da antifragilidade, estamos inibindo a volatilidade e tornando alguns métodos ágeis um hábito que por sua vez nos fragiliza.

Assim como passar um mês na cama… causa atrofia muscular, os sistemas complexos se enfraquecem e até mesmo morrem quando são privados de agentes estressores.

De acordo com Taleb, para nos tornarmos antifrágeis precisamos nos acostumar com ambientes complexos, voláteis, stressantes, aleatórios e aprender com eles, aumentando nossa caixa de ferramentas a todo tempo. Mas como? Gerando ambientes de aprendizagem contínua (Melhoria Contínua), autonomia e uma cultura realmente ágil (Mindset ágil na resolução dos desafios), inserindo complexidade, volatilidade e stress, sugerindo novas dinâmicas, utilizando frameworks complementares (Scrum/Kanban/Lean Inception), buscando novas formas de dar e receber feedback para errar rápido e aprender mais.

Para tornarmos nossos processos ágeis antifrágeis precisamos proporcionar um ambiente de melhoria contínua empírica (todos assumindo riscos e evoluindo como time), inserindo doses de complexidade, volatilidade e desafios que nos façam buscar novas ferramentas. Não é fácil o caminho para a antifragilidade e nem todos vão apreciar essa jornada, mas como o próprio Taleb nos mostra, talvez não haja tantas opções.

Basicamente, se a antifragilidade é uma propriedade de todos aqueles sistemas naturais (e complexos) que sobreviveram, privar esses sistemas de volatilidade, aleatoriedade e agentes estressores os prejudicará. Eles enfraquecerão, morrerão ou serão destruídos.

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