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ensaios: Quebrando Paredes com o Pensamento Sistêmico

Antonio Conserva Jr
Tree Hub
4 min readJun 18, 2019

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No último ano, muito influenciados pela evolução da cultura ágil e pelos convites a ajudar pessoas e organizações a caminharem nessa direção, começamos a observar que dedicar tempo, dinheiro e energia analisando partes de uma organização, de uma área ou time, por muitas vezes não gera os resultados esperados.

Isso porque as partes dificilmente serão entendidas quando focamos apenas nelas mesmas, por outro lado temos muito mais resultados quando tentamos entender essas partes através de suas relações. Ao observar as relações de uma parte estamos na verdade olhando o todo, ou melhor, estamos observando o sistema.

Podemos então entender uma organização como um sistema que por sua vez é constituída por um conjunto de partes que se influenciam mutuamente, Peter Senge autor do livro “A Quinta Disciplina” comenta que essas partes podem ser pessoas, conceitos, processos, áreas, etc, e atuam para um propósito comum.

E como fazer com que esse sistema sinta e viva esse propósito?

Se pensarmos em pessoas e em suas relações, como líderes, teremos alguns desafios pela frente. O primeiro ponto a se observar pensando na formação de um time/squad, é estabelecer confiança. Patrick Lencioni sugere além de confiança mais 4 estágios que devemos dar atenção até que deixemos de ser partes e comecemos a agir como time e gerar resultados.

Não precisamos nos preocupar nesse primeiro momento com o método que será utilizado como: Kanban, Scrum, Less, Safe, etc. Esse momento requer conhecimento técnico, mas principalmente as conhecidas Soft Skills, como inteligência emocional, CNV, empatia entre outras.

Nesse processo é crucial dar atenção ao que as pessoas (as partes) estão expressando, o que estão sentindo e buscando para então adaptar-se como líder e atender cada membro do time, no intuito de gerir o sistema como um todo. Tão importante quanto entender as pessoas é o líder estar consciente do seu próprio comportamento e sentimento. Sem esse auto conhecimento o líder acabará sendo mais influenciado do que influenciador perdendo a gestão do sistema.

Embora possa parecer simples e tentador entender o funcionamento de um time apenas observando as suas partes separadamente, é possível que não consigamos explicar como essas partes se arranjam. Precisamos entender como as pessoas se relacionam para que o sistema faça sentido. Em alguns momentos, olhar apenas para as partes de um sistema é uma forma de evitar a complexidade das relações entre as partes e trazer a problemática para um ambiente de controle.

O olhar sistêmico nos permite entender e reconhecer os pontos fracos do processo, é uma abordagem holística de análise que enfoca a maneira como as partes constituintes de um sistema se inter-relacionam e como os sistemas funcionam ao longo do tempo e dentro do contexto de sistemas maiores, em contraste ao pensamento reducionista, que estuda os sistemas dividindo-os em seus elementos separados.

O que percebemos é que quando uma dificuldade está em algum departamento, que em teoria não faz parte do “escopo” da nossa área ou time, tendemos a não nos importar com o problema ou solução e deixamos de ajudar e aprender com o desafio em questão.

Nesse momento, podemos perceber o quão alta é a agilidade de uma empresa/indivíduo. Talvez por default, tentamos fortemente implementar uma agilidade local, utilizando algum método ágil, como Kanban, por exemplo, o que melhora nosso fluxo de trabalho dentro do time, porém não traz a eficiência necessária para o negócio.

Gostamos de encarar a agilidade como mais do que um método ágil em si, e sim como uma forma de pensar (Mindset) que permeia a organização como um todo ajudando a quebrar paredes.

São essas paredes invisíveis (às vezes não) que separam a empresa em silos que não se comunicam e que principalmente, não permitem ter empatia, gerando propósitos particulares a cada parte.

O pensamento sistêmico diz respeito à compreensão de um sistema examinando as ligações e interações entre os elementos que o compõem. Se trabalharmos nessas interações iremos entregar valor no menor tempo (Time to Marketing) para nossos usuário e estaremos agilizando não apenas uma parte ou time mais sim agilizando o negócio como um todo.

Para aprofundar

  • Pensamento Sistêmico — Leitura do livro: “A Quinta Disciplina” do Peter Senge
  • Business Agility — (Podcast) Business Agility — Hipsters #147
  • Teoria da Liderança Situacional de Paul Hersey e Kenneth Blanchard
  • Mito da Caverna de Platão
  • Os 5 Desafios das Equipe — Patrick Lecioni
  • Teoria Geral dos Sistemas — Ludwig Von Bertalanffy

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