Foto: Christian Louboutin

A Diversidade está na moda!

Gabriella Voigt
Trend-In
Published in
4 min readOct 30, 2017

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“Para falar sobre padrões de beleza precisamos entender a origem da modelo’’, diz Astrid Façanha, coordenadora do bacharelado de moda no SENAC, contando um pouco sobre Marie Vernet, a esposa de Charles Worth o primeiro grande couturier da história na França. Marie foi a musa inspiradora das criações de Charles, “Ela serviu de manequim para ele (…) e depois teve essa ideia de treinar moças humildes para se tornarem modelos. Ensinava os trejeitos das mulheres ricas da época para que as clientes de seu marido pudessem se identificar, Marie Vernet, inclusive, rebatizava essas meninas com apelidos que lembravam o nome das freguesas da casa”, continuou.

Sebastian Green

Segundo IBGE 2014, 53,6% da população do Brasil é negra ou parda, e em uma pesquisa realizada no SPFW, apenas 14,6 % do casting era composto por negros. Esses dados mostram o quanto a moda carece de mostrar a inclusão da sociedade como um todo e adquirir um novo modelo, ‘sem padrões’. Desde então, cada vez mais surgem iniciativas, tanto de marcas grandes e internacionais, quanto de pequenas marcas dentro desse novo contexto de moda.

“Eu acredito que a moda é um retrato de seu tempo” disse o rapper Emicida ao comentar sua participação na LAB e contar sobre a importância da inclusão de negros e pessoas de todas as cores de pele em eventos como o SPFW.

Agência Fotosite

A LAB traz para as passarelas a discussão sobre a diversidade dentro do circuito fashion, a ascensão de movimentos sociais feministas, contra o racismo, a favor da inclusão LGBT e tantas outras causas relacionadas a direitos humanos fez com que a moda começasse a abrir os seus olhos.

Além da inclusão existe uma necessidade de atender esse “novo público” que que precisa de um posicionamento do mercado da moda a respeito deles. O que de certa forma é uma questão social mais abrangente.

Reprodução/NBC

Então é preciso que os consumidores entendam a diferença entre as necessidades de compra e o poder de alimentar essa nova proposta de moda. Há muitos bons exemplos de como aproveitar isso e produzir algo que realmente imprima essa necessidade e o contexto por trás da criação. Basta ‘dar um google’ e descobrir as coisas boas que já existem e que ainda estão sendo trabalhadas.

Um outro tema de constante debate é a inclusão da moda plus-size, que também tem se mostrado uma necessidade no circuito da moda e que tem muitas boas propostas. “Como pode a moda, que é tão inovadora em tantos aspectos, ainda ser tão conservadora quando se fala de diversidade? (…)o bom estilista de hoje não precisa somente ficar “viajando em ideias conceituais”, mas sim criar roupas que vistam bem qualquer tipo de corpo. As pessoas ainda têm esse pensamento infeliz de que só a magra é elegante e bonita. É mentira! Isso só acontece porque a moda trabalha só para ela. Se as roupas fossem feitas para as mulheres gordas, elas também ficariam lindas. O que precisa acontecer é uma mudança de raciocínio. A gente precisa enxergar a beleza no diferente.” Comentou a blogueira Juliana Romano a respeito da questão.

Ju Romano (Gustavo Lacerda/ELLE)

Esperando que a moda possa progredir para um cenário menos injusto, Hari Nef lançou a uma plateia no #BofVoices que o futuro dele está nas mãos de todos:

“A moda é uma indústria poderosa porque tem a capacidade de mostrar ao público o que é respeitável, o que é bonito, o que é sexy, o que é limpo, o que é inspirador. Com uma situação política tão retrógrada, a gente pode mandar uma mensagem diferente. Pode até parecer ingênuo ou idealista, mas basta ligar para uma agência de modelos e dizer ‘eu quero tais e tais pessoas no meu casting’. Existem profissionais que já estão preparados para isso. Nem toda representação na mídia é boa, mas se todo mundo se engajar verdadeiramente nas causas que pretende representarem suas campanhas, desfiles e editoriais, é possível mandar mensagens extremamente poderosas e empoderadoras para uma clientela que está sedenta por saber se ‘ser quem se é’ é algo ‘ok’.” concluiu Hari. Dessa forma, esperamos que a inclusão avance para que possamos ver uma moda cada vez mais “real”.

Harrison/Getty Images
Gabriella Voigt.

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